Análise II - Esther B. Negri

Fonte: Wikiversidade

Análise de Filme II de Esther B. Negri para a disciplina de História do Brasil II

A) Idéia Inicial – História

1- O filme conta uma história. Sobre quem?

O filme retrata a história de João de Camargo, ex-escravo brasileiro conhecido por ter visões desde a juventude e ser fundador da Igreja do Bom Jesus do Bonfim das Águas Vermelhas, uma capela sincrética de religiões de matriz africana, catolicismo e espiritismo kardecista, João de Camargo torna-se grande referência como preto-velho.

2- Quais são as personagens principais?

João de Camargo é o personagem principal pois o filme retrata sua cinebiografia.

3- Qual delas mereceu a sua atenção?

João de Camargo é a figura que mais nos desperta curiosidade, sua cinebiografia trazendo informações a respeito da figura histórica.

4- Como termina o filme? O que você achou sobre ele e por quê?

O filme se encerra como iniciou, com João de Camargo sendo representado como uma imagem de preto-velho, que se popularizou após sua morte.

B) Tema de Fundo – Tese

1- Quais são os temas tratados no filme?

O filme retrata questões históricas sobre o fim da escravidão, envolvendo o racismo e a intolerância religiosa, assim como o sincretismo religioso no Brasil no fim do século XIX e começo do século XX.

2- Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?

Com o aparecimento da imagem de João de Camargo sendo firmada com uma vela ao lado, já se compreende o pano de fundo, a temática religiosa de matriz africana.

3- Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?

A questão do racismo é um ponto importante do início ao fim do filme, porque em um período próximo à abolição, o retrato da sociedade brasileira na época permeava fortemente nessas questões.

4- Os realizadores descreveram bem os protagonistas?

Sim, a trajetória de João de Camargo é bem construída e clara ao longo do filme.

C) Ritmo e Montagem – Edição

1- Qual a cena ou seqüência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Por quê?

As cenas que mais me chamaram atenção foram as de representação de Exu, a representação do orixá e a necessidade de ser oferendado, como seguem os fundamentos das religiões de matriz africana, foram marcantes ao longo do enredo do filme.

2- Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?

As cenas de incorporação da esposa de João de Camargo, não ficaram claras as representações arquetípicas que estavam sendo tratadas ali no momento que incorporou uma Pombagira quando estava na praia e uma possível Cigana ou Pombagira Cigana enquanto abria cartas com uma cartomante. Subentende-se que não eram seres “do bem” – “bem” aqui compreendido por uma ótica cristã – portanto, sua breve representação torna-se confusa, não muito clara, e pode recair em tendências de intolerância religiosa dessas entidades.

3- Qual a cena/seqüência que não foi bem compreendida por você? Por quê?

Mais uma vez, encaixe-se aqui as cenas de incorporação da esposa de João de Camargo, pelos mesmos motivos citados acima.

D) Mensagem

1- O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Por quê?

Sim, a proposta de trazer uma representação cinematográfica de uma figura relevante para a história das religiões de matriz africana no Brasil é extremamente pertinente.

2- A quem se dirige, em sua opinião, o filme?

A obra se dirige a quem deseja se aprofundar em informações a respeito de religiões de matriz africana e do sincretismo religioso no Brasil, como também para entender como se deu movimentos de ex-escravos para se estabelecerem na sociedade brasileira em recente abolição.

E) Relação com a disciplina de História do Brasil

1- Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?

O filme traz conteúdo extremamente relevante para o período histórico onde o sincretismo começou a se consolidar da forma como o temos hoje no Brasil – através da bricolagem entre religiões de matriz africana, catolicismo e o espiritismo kardecista. O sincretismo muitas vezes foi ferramenta de resistência das religiões de matriz africana em nosso país, e Cafundó traz uma demonstração de como esse fenômeno vai se incorporando na prática religiosa.

2- Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.

Já havia assistido Cafundó sob uma ótica religiosa anteriormente, atualmente, como interessada no estudo e aprofundamento dos estudos sobre religiões de matriz africana no Brasil, olhar histórica e culturalmente para essa obra é de suma importância para aprofundamento nessa temática.