Discussão:Especialização em Filopedagogia

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Primeiros Recursos[editar código-fonte]

A anti-didática Filosofia[editar código-fonte]

"O metódo desviante Por Jeanne Marie Gagnebin

Algumas teses impertinentes sobre o que não fazer num curso de filosofia

Como uma boa e velha professora de filosofia, prefiro cercear o assunto, amplo demais, por caminhos negativos, desvios e atalhos que não parecem levar a lugar algum. Digo "professora de filosofia", porque meu território de atuação é, primeiramente, a sala de aula e a dinâmica com os estudantes, com todas as vantagens e todas as restrições que o ensino universitário no Brasil traz consigo. E digo também uma "velha" professora de filosofia porque posso me permitir, hoje, nesse momento de minha carreira acadêmica, algumas provocações que não vão (pelo menos, assim o espero!) colocar em questão nem meu contrato nem meu emprego. Imagino que os jovens colegas, com ou sem vaga ainda, não ousariam pensar de tal maneira, pelo menos explicitamente, porque têm que assegurar primeiro seu lugar no sol. Ofereço a eles um pequeno descanso na sombra.

Primeira regra para o reto ensino, em particular, o reto ensino da filosofia: não temer os desvios, não temer a errância. Os programas e "cronogramas" somente servem de esboços utópicos do percurso de uma problemática. Não esquecer que o tempo é múltiplo: não é somente "chronos" (uma concepção linear que induz falsamente a uma aparência de causalidade), mas é também "aiôn" (esse tempo ligado ao eterno, que, confesso, ainda não consegui entender...) e, sobretudo, "kairos", tempo oportuno, da ocasião que se pega ou se deixa, do não previsto e do decisivo. Quando algo acontece na aula, quando algo pode ser, subitamente, uma verdadeira questão (para todos: estudantes e professor, não só para este último), aí vale a pena demorar, parar, dar um tempo, descrever o impasse e, talvez, perceber que algo está começando a ser vislumbrado, algo que ainda não tinha sido pensado (não por ninguém na tradição filosófica inteira, isso é abstrato, mas por ninguém dos participantes concretos agora e aqui na aula), algo novo e, portanto, que *não sabemos ainda como nomear".

Segunda regra para o reto ensino, já cheio de desvios: não ter medo de "perder tempo", não querer ganhar tempo, mas reaprender a paciência. Essa atitude é naturalmente muito diferente, imagino, num ensino dito técnico, no qual os estudantes devem aprender várias técnicas, justamente, vários "conteúdos", ensino essencial para o bom funcionamento de várias profissões. Mas, no ensino da filosofia (e talvez de mais disciplinas se ousarmos pensar melhor), paciência e lentidão são virtudes do pensar e, igualmente, táticas modestas, mas efetivas, de *resistência* à pressa produtivista do sistema capitalista-mercantil-concorrencial etc. etc. (esqueci de dizer que a velha professora tinha 20 anos em 1968). Lyotard disse isso lindamente: "Si l'un des principaux critères de la réalité et du réalisme est de gagner du temps, ce qui est, me semble-t-il, le cas aujourd'hui, alors le cours de philosophie n'est pas conforme à la réalité d'aujourd'hui. Nos difficultés de professeurs de philosophie tiennent essentiellement à l'exigence de la patience. Qu'on doive supporter de ne pas progresser (de façon calculable, apparente), de ne faire que commencer toujours, cela est contraire aux valeurs ambiantes de prospective, de développement, de ciblage, de performance, de vitesse, de contrat, d'exécution, de jouissance" (« Le Postmoderne Expliqué aux Enfants », Galilée, 1986, Paris, pp. 158/159).

Terceira regra desviante: não querer ser "atual", estar na moda, "up to date ", mas assumir o anacronismo produtivo, uma não-conformidade ao tempo (" Unzeitgemässheit", dizia Nietzsche), não correr atrás das novidades (mercadorias intelectuais ou não), mas perceber o surgimento do devir no passado antigo ou no presente balbuciante, hesitante, ainda indefinido e indefinível. Deixar que essa hesitação possa desabrochar. Não procurar por normas e imperativos, mesmo na desorientação angustiante, mas conseguir dizer, de maneira diferenciada, as dúvidas. (Caro leitor, você já percebeu a quantos imperativos somos submetidos, somente andando 10 km na cidade ou lendo uma revista? O tempo do imperativo é o da propaganda).

Resistir, portanto à tentação do professor e do "intelectual" em geral de ter de encontrar uma saída, uma solução, uma lei, uma verdade, um programa de partido ou não. Agüentar a angústia. Adorno dizia que essa dimensão era uma dimensão de resistência não só ao sistema dominante do mundo administrado, mas também aos sonhos de dominação do pensamento. Não querer colocar uma ordem necessária onde há primeiro, desordem, não confundir "taxinomia", arranjo em várias gavetas com pensamento -pois pensar é, antes de mais nada, duvidar, criar caminhos, perder-se na floresta e procurar por outro caminho, talvez inventar um atalho.

Quarta regra de método desviante ("Método é desvio", dizia um velho mestre quase chinês, Walter Benjamin): não se levar tão a sério assim, só porque estudou latim e grego ou fez doutorado na Alemanha ou consegue entender Heidegger. Mais radicalmente: não levar demais a sério as "opiniões" pessoais, em particular as suas. São, no melhor dos casos, somente a ocasião de ir além delas, do reino dito encantado das "idéias" e "crenças" subjetivas. Não cair na ilusão liberal de que a liberdade se esconde nas escolhas individuais, arbitrárias e/ou manipuladas. Se há algo que a reflexão filosófica pode realmente ajudar a pensar é a necessidade de ultrapassar, de ir além -isto é de "transcender"- os pequenos narcisismos individuais para vislumbrar "o vasto oceano da Beleza" (dizia o velho Platão), o Reino do Espírito, dizia outro velho senhor idealista, hoje talvez digamos o "enigma do Real" ou, então, as linhas de fuga e os acontecimentos.

Essa dimensão "objetiva" (não em oposição ao "sujeito", mas levando em questão a materialidade e a historicidade das "coisas" que nos resistem e nos atraem) do pensamento justifica a exigência, imprescindível, da "diferenciação conceitual", isto é, do esforço e da ascese ("askesis", ou exercício, em grego) conceituais: não se trata de malabarismos intelectuais complicados, mas de tentativas sempre reiteradas de compreender o "real" sem violentá-lo. Esse esforço, essa "paciência do conceito", vai, de novo, contra a pressa reinante, e também contra os "achismos" tão prezados na imprensa e na televisão, nos meios ditos de "comunicação". Também resiste à ilusão de que o debate de idéias, como se diz, seja um enfrentamento de dois ou mais oradores brilhantes (ou não) que tentam, cada um, fazer prevalecer sua * opinião* sobre a opinião do outro.

A ascese conceitual também implica o aprendizado de um certo despojamento da vontade individual e concorrencial de auto-produção perpétua em detrimento dos outros. Não se trata de ser melhor que os outros, mas de estar atento às possibilidades de transformação da realidade, portanto, de não passsar ao lado dela, de compreendê-la melhor, na sua possível mutabilidade. Isso implica, aliás, que, muitas vezes, não sei, não posso dizer nada que ajude, portanto também ouso calar-me, não cedo à tentação de falar sobre tudo e qualquer coisa.

Conclusão: não se dobrar aos imperativos mercantis-intelectuais da "produção" de "papers" e da contagem de pontos nos inúmeros "curricula" e relatórios administrativos-acadêmicos: se tiver que contar "pontos", conte para que lhe deixem em paz, mas não confunda isso com trabalho intelectual ou mesmo espiritual. Já que temos o privilégio de lecionar filosofia, isto é, uma coisa de cuja utilidade sempre se duvidou, vamos aproveitar esse grande privilégio (de classe, de profissão, de tempo livre) e solapar alguns imperativos ditos categóricos e racionais: contra a pressa, a produtividade, a concorrência, a previsibilidade, a especialização custe o que custar, as certezas e as imposições. Podemos exercer, treinar, mesmo numa sala de aula, sim, pequenas táticas de solapamento, exercícios de invenção séria e alegre, exercícios de paciência, de lentidão, de gratuidade, de atenção, de angústia assumida, de dúvida, enfim, exercícios de solidariedade e de resistência.


  • Jeanne Marie Gagnebin* (Publicado em 3/12/2006)

É professora de filosofia na PUC/SP e de teoria literária na Unicamp, autora, entre outros, de "História e Narração em Walter Benjamin" (Perspectiva, 1994) e de "Sete Aulas sobre Linguagem, Memória e História" (Imago, 1997).

WernerBR 19h15min de 6 de Junho de 2011 (UTC)

Paulo Freire e a Filopedagogia[editar código-fonte]

Autor: ORSO, Paulino José. Titulo: Paulo Freire e a Filopedagogia.
Publicação: Tempo da Ciência, Toledo, v. 5, n. 10, p. 15-23 1998.
Resumo: O presente artigo versa sobre o eminente educador Paulo Freire, sua obra, sua proposta. Inicialmente apresenta uma breve biografia, a seguir busca os principais teóricos e fontes inspiradoras a partir dos quais vai construir sua proposta pedagógica e filosófica. Depois explicita sua proposta pedagógica e finalmente, coloca algumas questões e inquietações a respeito da viabilidade e dos objetivos de sua proposta filopedagógica.

WernerBR 19h15min de 6 de Junho de 2011 (UTC)

Curso ESPECIALIZAÇÃO EM FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO da UFPA[editar código-fonte]

JUSTIFICATIVA DO CURSO

O Curso de Especialização em Filosofia da Educação é importante e justifica-se pelo fato que atenderá um grande número de egressos dos cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia e cursos de áreas afins formados pela Universidade Federal do Pará. A formação do educador requer a compreensão da práxis educativa como ação consciente de sua inserção, responsabilidade e compromisso histórico. Nessa perspectiva, o educador necessita ter clareza sobre as influências que o pensamento educacional recebe das diferentes correntes filosóficas, que contribuem para a forma dada ao pensamento e a prática educativa. Nesse sentido, faz-se importante perceber as possibilidades epistemológicas abertas pelas diversas correntes filosóficas que consubstanciam a cultura e que, certamente, influenciarão o pensamento filosófico do século XXI. A Filosofia da Educação dispõe de um enorme potencial que pode contribuir de modo determinante no levantamento de questões fundamentais e na indicação de caminhos possíveis para o desenvolvimento de políticas educacionais, práticas de ensino e constituição de projeto político-pedagógicos, ela procura ainda, elevar as questões suscitadas pelo cotidiano educacional e pelas Ciências da Educação à dimensão do questionamento filosófico, entendendo-se não existir, a rigor qualquer diferenciação essencial entre Filosofia e Filosofia da Educação. Tendo isso em vista, o Curso de Especialização em Filosofia da Educação constitui uma possibilidade aberta ao educador especialmente no mundo atual no qual o conhecimento científico torna-se centro das possibilidades de controle de produção de bens de produção culturais e econômicos. E as relações sociais estão sendo orientadas para a meditação constituindo o aplainamento dos sujeitos. Desse modo, a Especialização em Filosofia em Filosofia da Educação propicia o pensar filosófico a torná-lo urgente diante de uma era de decodificação das ciências. Portanto, é possível afirmar que tal Especialização em Filosofia da Educação pode contribuir consubstancialmente para a educação filosófica dos educadores.

OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo geral Propiciar qualificação profissional para os educadores egressos dos cursos de graduação da UFPA, outras instituições do Ensino Superior e outros que trabalham nas Escolas Municipais, Estaduais e particulares da região metropolitana de Belém e outros municípios paraenses.

Objetivos específicos Proporcionar um referencial teórico consistente para se pensar o fenômeno educacional em suas variantes didática e filosófica, componentes fundamentais à reflexão crítica da ação e da prática educativa em sua complexidade. Proporcionar a reflexão teórico-metodológico para que os egressos de nossos cursos possam refletir sobre sua prática educativa, compreendendo que a educação perpassa por um grande complexidade nos campos da cultura, da estética, da ética, da história, da epistemologia e da antropologia.

PÚBLICO ALVO

Licenciados em Pedagogia, Filosofia e cursos de áreas afins.

CONCEPÇÃO DO PROGRAMA

O programa tem como concepção fundamental à necessidade da educação ser compreendida e refletida a partir da perspectiva filosófica, didática, pedagógica e histórica, já que na graduação, principalmente no curso de Pedagogia, o currículo não vem promovendo essas perspectivas de conhecimento.

COORDENAÇÃO DO CURSO

Coordenadora: Profª Msc. Maria Neusa Monteiro E-mail: neusa@ufpa.br

Vice-Coordenadora: Profª Msc Raimunda Lucena Melo Soares E-mail: rlvida@hotmail.com

CORPO DOCENTE

Profº Msc Damião Bezerra Oliveira Currículo Lattes

Profº Msc. Waldir Ferreira de Abreu Currículo Lattes

Profº Msc. Jorge Alberto Ramos Sarmento Currículo Lattes

Profª Msc. Raimunda Lucena Melo Soares Currículo Lattes

Profª Drª Maria dos Remédios de Brito Currículo Lattes

Profª Msc Maria Neusa Monteiro Currículo Lattes

Profº Drº Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo Currículo Lattes

Profº Msc. Cezar Luís Seibt Currículo Lattes

PERÍODO DO CURSO

Início: 07/04/2008 Término:07/01/2009

TURNO DE OFERTA

Vespertino

CARGA HORÁRIA TOTAL

480h e CR 32

DISCIPLINAS, EMENTAS E BIBLIOGRAFIA DO CURSO clique aqui


WernerBR 17h34min de 7 de Junho de 2011 (UTC)