Introdução ao Jornalismo Científico/Ética da Ciência/Atividade/Cadeoluishenrique

Fonte: Wikiversidade

Nome da atividade[editar | editar código-fonte]

Esta tarefa é realizada para cumprimento do módulo 3 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.

Atividade[editar | editar código-fonte]

Um dos principais desafios da prática do jornalismo científico é entrevistar cientistas sobre seu trabalho, isto porque é ao mesmo tempo necessário introduzir e aprofundar os temas abordados. Nesta tarefa, você deverá entrevistar um pesquisador ou uma pesquisadora sobre Ética da Ciência e sobre questões éticas específicas relacionadas a seu trabalho.

Para a entrevista, é preciso pesquisar de antemão a produção da/do cientista selecionada/a. Procure seu trabalhos em bases de dados de publicações científicas, como o Google Acadêmico, e leia-os antes da conversa.

Prepare então um roteiro de perguntas, pensando-o com base na pauta sobre ética proposta nesta tarefa. Há vários manuais sobre como fazer boas entrevistas, um material que pode ser é útil é Um guia para aprimorar a arte da entrevista, de Natália Mazotte.

É indispensável que o/a entrevistado/a assine e lhe envie um termo de cessão de direitos, tal qual o deste modelo.

A entrevista, em formato de vídeo ou áudio, deve ter no máximo 7 minutos. Uma vez a entrevista realizada, edite o material, por exemplo melhorando o som, inserindo uma vinheta com o título e o nome da pessoa entrevista e cortando trechos desnecessários.

Considere os aspectos técnicos, como iluminação e som, na momento de produção e informe sua fonte que o material será disponibilizado em licença livre. Também é necessário publicar a entrevista transcrita.

A entrevista será disponibilizada no repositório Wikimedia Commons.

Nome de usuário(a)[editar | editar código-fonte]

Cadeoluishenrique

Transcrição[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, você deverá publicar a transcrição da entrevista realizada. Esteja logado. Também dê acesso ao termo de cessão de direitos assinado, numa pasta de acesso restrito, mas liberada para o email comunicacao@numec.prp.usp.br

Olá! Neste episódio, recebemos o pesquisador Marcelo do Santos Marcelino, doutorando em Mídia e Mediações Socioculturais na Universidade Federal do Rio de Janeiro, para uma conversa sobre a sua área de estudo em Comunicação e as questões éticas relacionadas ao seu trabalho científico.


Para dar início à nossa conversa, gostaria de pedir que apresentasse o seu projeto de pesquisa, por favor.


Basicamente, a minha pesquisa vai discutir de que maneira o nosso tempo hoje valoriza cada vez mais narrativas de vida empresariais. É uma perspectiva crítica para pensar a nossa preocupação hoje em biografar esse tipo de vida empresarial. O estilo de vida, o ethos, a maneira de se comportar, a maneira de ser, é um certo imperativo, é uma tentativa de refletir sobre esse imperativos do contemporâneo, que valorizam cada vez mais essas vidas de empresários e essas vidas de empreendedores também. Então, o meu interesse de pesquisa foi esse. Assim, no caso, especificamente, eu escolhi a biografia da Luiza Trajano, a Magalu, para pensar de que maneira ela mobiliza esse tipo, na sua construção de vida, na sua trajetória, de que maneira isso é midiatizado e publicado, publicizado.


E como você acredita que a sua trajetória acadêmica impactou a escolha dessa área de estudo?


Eu acho que a minha trajetória acadêmica, desde a Graduação, sempre foi por um interesse de pensar a relação entre a Comunicação, as formas de Comunicação, os nossos processos sociais de interação, e o Neoliberalismo, que é uma forma mais acabada do capital hoje de subjetivar e de racionalizar esse sujeito contemporâneo em uma perspectiva de orientação para o capital. Então, toda a vida social, toda a vida pessoal, subjetiva, ela é orientada cada vez mais pelos imperativos do capital. Tudo precisa ser racionalizado, tudo precisa ser quantificado e valorizado sob esses imperativos, sabe? É como se todos nós fossemos empresas e que a gente só se diferenciasse uns dos outros na concorrência. Então, se eu concorro mais ou sou mais concorrente, sou diferente de você, mas na verdade somos iguais porque somos empresas, somos movidos pelo capital. Então o meu interesse vem desse lugar, sabe? Desse incômodo de pensar nas novas formas sociais, novas interações, novos fenômenos que a gente vive sob essa égide, sob esses novos valores. Então de que maneira hoje cada vez mais a nossa experiência é movida, é movimentada, é mobilizada, melhor dizendo, por esses novos valores do Neoliberalismo. Isso, enfim, desde a minha trajetória da Graduação, uma preocupação também com a desigualdade. Então a minha trajetória é do lugar de desigualdade, e ascender à Academia é também pensar nessas maneiras, nessas novas dinâmicas que a gente vive, nesses novos processos. Então por que a gente cada vez mais, numa desigualdade crescente do capitalismo financeiro, ao mesmo tempo celebra esse tipo de empresário, celebra esse tipo de figura e celebra essa forma social de ser, sabe? O meu interesse vai nesse sentido.


Por fim, como você entende a Ética na Ciência? Quais questões éticas estão mais presentes no seu trabalho científico?


Eu acho que a dimensão ética está em vários sentidos, tem vários sentidos que eu acho que a gente pode refletir. Mas o que eu elegeria aqui, que eu escolheria, seria qual a preocupação e a finalidade da pesquisa, para quem ela serve, para quem ela está orientada, em que sentido ela contribui socialmente com a crítica a repensar certas perspectivas, certos valores, e também na implicação do pesquisador também, sabe? Acho que tem uma dimensão ética de como a gente não essencializa os sujeitos que a gente está pesquisando e vê eles na contradição em que eles estão mergulhados e em que eles foram gerados. Então, no caso da Luiza Trajano, eu tomo cuidado para não pesar a crítica, no sentido de uma dimensão totalmente negativa, sabe? É encontrar, na verdade, as contradições em que ela está mergulhada. Então, nas ações, por exemplo, que ela realiza socialmente, eu teço críticas. Mas, ao mesmo tempo, eu vejo os limites daquilo. E é até onde eu quero olhar, e eu enxergo também os limites que ela propõe. Então, acho que tem essa dimensão também, sabe? Acho que a Ética na Ciência está guiada por esses valores, assim, uma certa ponderação, ao mesmo tempo que a gente é envolvido e é atravessado por essas, enfim, por questões pessoais etc. Eu não acho que o pessoal tem que sumir da pesquisa. Mas acho que está presente, mas ponderado por processos, por rituais, por procedimentos ali que são seguidos por uma comunidade, sabe? Que é avaliada coletivamente e não individualmente. Acho que uma ciência perde a dimensão ética quando ela é centrada unicamente na dimensão individual e perde uma dimensão coletiva e de transformação. No caso do meu campo de pesquisa, é lidar com história de vida. A dimensão ética de lidar com uma vida está nesse lugar de um cuidado, de cuidado com as questões, de cuidado com a maneira com que você analisa, sempre observando as fontes, sempre observando com quem você está lidando teoricamente, porque, enfim, é uma coisa que vai ser publicada, então você tem que tomar cuidado, ter um zelo com aquilo, ao mesmo tempo que você enfrenta também. No meu caso, pesquisa sobre biografias empresariais, é um cuidado com a maneira com que se olha, sem perder a crítica.


Muito obrigado pela sua participação, Marcelo. Até a próxima, pessoal!

Carregamento de entrevista[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, você precisará carregar o áudio ou o vídeo no Wikimedia Commons e publicá-lo aqui na Wikiversidade. Necessariamente o arquivo de vocês deverá estar num formato livre. Os vídeos abaixo servem de instrução para carregar conteúdos no Wikimedia Commons. Esteja logado.

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Podcast_Cient%C3%ADfico_-_Entrevista_com_Marcelo_dos_Santos_Marcelino.wav

Referências