Introdução ao Jornalismo Científico/Ética da Ciência/Atividade/Jubdevito

Fonte: Wikiversidade

Nome da atividade[editar | editar código-fonte]

Esta tarefa é realizada para cumprimento do módulo 3 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.

Atividade[editar | editar código-fonte]

Um dos principais desafios da prática do jornalismo científico é entrevistar cientistas sobre seu trabalho, isto porque é ao mesmo tempo necessário introduzir e aprofundar os temas abordados. Nesta tarefa, você deverá entrevistar um pesquisador ou uma pesquisadora sobre Ética da Ciência e sobre questões éticas específicas relacionadas a seu trabalho.

Para a entrevista, é preciso pesquisar de antemão a produção da/do cientista selecionada/a. Procure seu trabalhos em bases de dados de publicações científicas, como o Google Acadêmico, e leia-os antes da conversa.

Prepare então um roteiro de perguntas, pensando-o com base na pauta sobre ética proposta nesta tarefa. Há vários manuais sobre como fazer boas entrevistas, um material que pode ser é útil é Um guia para aprimorar a arte da entrevista, de Natália Mazotte.

É indispensável que o/a entrevistado/a assine e lhe envie um termo de cessão de direitos, tal qual o deste modelo.

A entrevista, em formato de vídeo ou áudio, deve ter no máximo 7 minutos. Uma vez a entrevista realizada, edite o material, por exemplo melhorando o som, inserindo uma vinheta com o título e o nome da pessoa entrevista e cortando trechos desnecessários.

Considere os aspectos técnicos, como iluminação e som, na momento de produção e informe sua fonte que o material será disponibilizado em licença livre. Também é necessário publicar a entrevista transcrita.

A entrevista será disponibilizada no repositório Wikimedia Commons.

Nome de usuário(a)[editar | editar código-fonte]

Jubdevito

Transcrição[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, você deverá publicar a transcrição da entrevista realizada. Esteja logado. Também dê acesso ao termo de cessão de direitos assinado, numa pasta de acesso restrito, mas liberada para o email comunicacao@numec.prp.usp.br

[00:00:03] Pessoa 1 Apesar de que o senso comum trabalha a ética como um sinônimo do que é bom, desejável ou positivo,  a gente sabe que esse conceito é muito mais complexo do que isso, e também muito abrangente.  Então, para me ajudar a tecer algumas considerações sobre a ética da ciência  no recorte da comunidade médica e da pesquisa acadêmica na medicina,  convidei a Sofia De Vito, que é médica pela Universidade Federal Fluminense.  Eu acredito que a noção aristotélica de segunda natureza é a que melhor encapsula  o desenvolvimento da ética, como eu quero abordar nessa conversa.  Isso é, um conjunto de hábitos que são repetidos até que se tornem uma segunda natureza,  ou seja, uma natureza adquirida para a lenda que já é nossa desde o nascimento.  Ainda que o objetivo dessa repetição seja, para Aristóteles, poder agir da melhor forma,  não é difícil recuperar na história da humanidade práticas comuns  que, com avanços científicos e sociais, caíram em desuso e, muitas vezes,  passaram a ser considerados hediondos.  Como é a sua perspectiva dessa questão dentro da comunidade médica?

[00:01:04] Pessoa 2 Eu acho que, na medicina, esse conceito de ética está muito atrelado ao período histórico social  em que a gente se localiza, em que a gente se encontra.  Justamente isso que você disse, em épocas mais antigas,  em que conceitos completamente antiéticos pautavam decisões políticas e governamentais,  tipo época da ditadura, ditaduras fascistas.  A gente via vários tipos de absurdos, teorias médicas eugenistas  que pregavam conceitos bem preconceituosos,  em que determinados traços da face ou do fenótipo da pessoa  poderiam estar relacionados à maior prática de crimes.  Ou, então, na época do nazismo, em que a medicina tinha uma preferência muito...  favorecia brancos, em linhas gerais, e usavam outras raças  para realizar experimentos médicos, experimentos científicos.  Então, assim, os nazistas, por exemplo, testando medicamentos e testando armas  em pessoas, em judeus, em negros e afins.  Aí, pós esse período, num período já até mais recente,  em que o tratamento para doenças mentais e psiquiátricas  eram absolutamente invasivos e irreversíveis.  Então, não eram tratadas como doenças comuns, que deveriam ser estudadas  e propostas de medicamentos.  Eram doenças tratadas como realmente párias para a sociedade,  totalmente marginalizadas.  E aí desenvolveram técnicas completamente absurdas, como a lobotomia,  que, ao invés de tratar, simplesmente tirava toda a autonomia do paciente  e, como se fosse, destruía o cérebro da pessoa.  Então, é um conceito que acaba sendo um pouco fluido, né?  Porque, hoje em dia, essas práticas não são mais aceitas,  não são mais bem vistas, são absurdas, mas isso só é tido como absurdo  porque a sociedade evoluiu para um lado, convergiu para a concordância  de que são conceitos absurdos.  Hoje em dia tem muito mais esse discurso de antirracismo,  antimasquismo, antimofobia e afins, são todas as questões que  interferem nesse conceito.  Porque, se você não considera o outro igual e considera o outro inferior,  então, em teoria, estaria tudo bem e teria uma licença para você  testar ciência nessas pessoas, como se a vida fosse menos importante,  como se fosse um teste em animal de laboratório mesmo.  Hoje em dia, isso já não é mais bem visto, nem mesmo fazer testes em animais.  Então, não sei se ficou claro ou se eu só enrolei muito,  mas eu acho que dentro da medicina, a ética acompanha a ética da sociedade, do contexto político-social do momento.  Então, assim, isso pensando mais no mundo ocidental também, né?  Aí, algo atual?  Ah, já sei. Eu acho que uma questão ética bem atual é a questão do aborto.  Porque a gente, em teoria, vive num estado laico, né?  Mas que é uma proibição completamente baseada em questões morais e religiosas, né?  Porque, do ponto de vista técnico, a gente tem recursos e conhecimento o suficiente pra saber, assim,  pra poder dizer até que semana é seguro fazer o aborto, qual seria o método de escolha,  quais seriam possibilidades viáveis pra fazer isso, assim, sem botar a vida da mãe em risco.  Só que aí passa por essa questão ética e moral, né?  E eu acho que o que prevalece realmente é essa questão da moral religiosa, mais do que qualquer outro, né?

[00:05:07] Pessoa 1 Achei muito interessante você ter levantado essa questão do aborto,  porque diante dela é possível verificar também a interferência da ética não só nas práticas já existentes,  mas também na produção de conhecimento.  Eu já ouvi dizer, por exemplo, que pesquisas com células-tronco,  que poderiam auxiliar no tratamento de diversas doenças,  também são limitadas em razão de uma moral cristã,  que ainda enxerga o desenvolvimento de certos experimentos como uma interferência,  ou até mesmo um roubo, um roubo do poder divino, por assim dizer.  Além da religião, a gente sabe que, infelizmente,  outras práticas também modelam boa parte das relações científicas e acadêmicas.  Estando iniciando agora minha trajetória na academia,  me dói muito perceber que o networking muitas vezes se sobrepõe ao conteúdo ou empenho do pesquisador.  Eu queria saber se você concorda com esse posicionamento  e se no seu processo de pesquisa você vivenciou algo do tipo.

[00:06:03] Pessoa 2 Nossa, com certeza eu concordo.  Inclusive, isso é uma coisa muito frustrante, porque a gente vê que,  até mesmo na faculdade, que deveria ser o pontapé inicial  para você ser inserido nesse meio de pesquisa,  nesse universo de produção científica,  a gente vê que tem muita gente que só...  muitos pesquisadores já consolidados e professores, academicistas,  que meio que se aproveitam da inocência e da falta de...  da falta de experiência mesmo dos alunos, dos acadêmicos, para explorar.  E aí bota o acadêmico para fazer uma função básica de pesquisa maçante,  tipo assim, ficar contando o número de células em uma lâmina  ou então ficar contando o número de quadradinhos  entre uma onda do eletrocardiograma e outra,  tudo prometendo para o aluno que se ele fizer esse trabalho,  que é um trabalho mecânico e braçal,  prometendo que o aluno vai ser inserido como autor da pesquisa.  E aí o aluno que realmente se interessou, queria fazer algum tipo de pesquisa,  realmente aprender alguma coisa, acaba fazendo um trabalho que é manual e braçal,  só porque uma pessoa tirou vantagem, sabe?  Bom, não. A minha pesquisa foi uma pesquisa de revisão bibliográfica, basicamente,  em que a gente pegou diversos textos,  selecionando por palavras-chave que interessavam ao nosso tema de pesquisa.  E aí, com isso, a gente foi selecionando textos específicos,  lendo diversos e, no final, compilando as ideias e os argumentos.  E, no caso, quem foi a minha orientadora foi uma professora de epidemiologia,  que era ótima, sempre foi muito solista,  já tinha muita experiência na área de pesquisa,  então, em nenhum momento, eu presenciei nada que eu considerasse antiético.

Carregamento de entrevista[editar | editar código-fonte]

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Referências