Introdução ao Jornalismo Científico/Ética da Ciência/Atividade/Volletfilho
Nome da atividade
[editar | editar código-fonte]Esta tarefa é realizada para cumprimento do módulo 3 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.
Atividade
[editar | editar código-fonte]Um dos principais desafios da prática do jornalismo científico é entrevistar cientistas sobre seu trabalho, isto porque é ao mesmo tempo necessário introduzir e aprofundar os temas abordados. Nesta tarefa, você deverá entrevistar um pesquisador ou uma pesquisadora sobre Ética da Ciência e sobre questões éticas específicas relacionadas a seu trabalho.
Para a entrevista, é preciso pesquisar de antemão a produção da/do cientista selecionada/a. Procure seu trabalhos em bases de dados de publicações científicas, como o Google Acadêmico, e leia-os antes da conversa.
Prepare então um roteiro de perguntas, pensando-o com base na pauta sobre ética proposta nesta tarefa. Há vários manuais sobre como fazer boas entrevistas, um material que pode ser é útil é Um guia para aprimorar a arte da entrevista, de Natália Mazotte.
É indispensável que o/a entrevistado/a assine e lhe envie um termo de cessão de direitos, tal qual o deste modelo.
A entrevista, em formato de vídeo ou áudio, deve ter no máximo 7 minutos. Uma vez a entrevista realizada, edite o material, por exemplo melhorando o som, inserindo uma vinheta com o título e o nome da pessoa entrevista e cortando trechos desnecessários.
Considere os aspectos técnicos, como iluminação e som, na momento de produção e informe sua fonte que o material será disponibilizado em licença livre. Também é necessário publicar a entrevista transcrita.
A entrevista será disponibilizada no repositório Wikimedia Commons.
Nome de usuário(a)
[editar | editar código-fonte]Volletfilho
Transcrição
[editar | editar código-fonte]Nesta seção, você deverá publicar a transcrição da entrevista realizada. Esteja logado. Também dê acesso ao termo de cessão de direitos assinado, numa pasta de acesso restrito, mas liberada para o email comunicacao@numec.prp.usp.br
Entrevista com a profa. Cristina Kurachi sobre o tema “Ética na Ciência”
Tarefa Módulo 3 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico – CePID NeuroMat
José Dirceu (JD): Olá, meu nome é José Dirceu Vollet Filho. Eu hoje vou fazer uma breve entrevista com a Profa. Cristina Kurachi, e o tema da entrevista é "Ética na Ciência", e vai ser utilizada para a tarefa do curso de Introdução ao Jornalismo Científico produzido pelo Centro de Pesquisa e Inovação e Difusão em Neuromatemática. A professora Cristina ela é formada em Odontologia, tem mestrado, doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais, todos pela Universidade de São Paulo, e atualmente é professora do Instituto de Física de São Carlos, também da USP. Sua área de dedicação é a Biofotônica com ênfase em interação da luz com sistemas biológicos, diagnóstico óptico e terapia fotodinâmica aplicados para o câncer e para tecidos infectados. Profa. Cristina, muito obrigado por aceitar conceder essa entrevista!
Cristina Kurachi (CK): Bom dia José Dirceu, eu que agradeço!
JD: Bom, professora, você originalmente é profissional da área de saúde, né? Professora de uma instituição importante de ensino, de pesquisa, e você está inserida numa área que tem um desenvolvimento científico e tecnológico muito relevante. À partir dessa perspectiva, como você entende que a ética afeta a sociedade, particularmente na ciência?
CK: Eu acredito que principalmente então a ética no meu dia a dia vai estar meu modo de de agir, de trabalhar com meus colegas, com meus alunos, e também a ética vai estar presente quando a gente está fazendo o desenvolvimento de estudos em que a gente trabalha tanto em modelos animais, então existe uma ética no uso dos animais pra experimentação, como é claro, também, quando a gente tem o desenvolvimento dos ensaios clínicos, ou seja, dos estudos em que a gente já vai realizar a avaliação de protocolos, de instrumentos para a saúde humana, [neles] a gente também, é lógico, tem a ética bastante presente.
JD: Perfeito! Professora, você falou sobre a forma como está presente na sua rotina, né, a questão da ética... Quando não se observam os cuidados e a perspectiva ética (a partir, seja da pesquisa, seja dessa interação entre as pessoas, como você mesma citou), que aspectos éticos são relevantes e qual é o problema quando não são respeitados?
CK: Bom, existe uma regulamentação que é bastante definida, e não somente brasileira - na verdade a brasileira vai seguir uma norma que é mundial e [que] é sempre pra resguardar a saúde, a segurança, né, de todos esses procedimentos - no caso, da pessoa, ali, que vai estar sendo voluntária na pesquisa. Então, na verdade, a gente nunca vai começar um um ensaio clínico sem antes ter tido uma avaliação por pares, que é feita por um comitê de ética em pesquisa, e caso ocorra qualquer deslize ali, digamos então, que se tenha realmente [identificado] esse problema - [o] de eticamente [o estudo] não estar adequado - a princípio naquele documento já deveria ter sido identificado... mas, é lógico que podem ocorrer falhas, e quando isso ocorre é lógico também que também temos as normas de fiscalização, e tudo isso vai continuar sendo julgado, [pois] isso realmente é um grande problema.
JD: Certo... Professora, quando a gente fala em aspectos éticos envolvendo pesquisa em saúde: quando a gente pensa em humanos [existe] a questão do consentimento, porque a gente vai avaliar se a pessoa está disposta a participar, por exemplo, de uma pesquisa - e isso, inclusive, a gente pode dizer que é um dos elementos necessários pra poder fazer pesquisa.
CK: Exatamente.
JD: No caso de animais, como os animais são seres que tem uma senciência, [ou seja,] eles têm uma autopercepção mais limitada, mas [apesar disso] têm uma percepção de si mesmos, [pois] eles têm sensação de dor, mas não tem a capacidade de...
CK: Eles não são voluntários.
JD: Isso! Eles não têm como conceder o...
CK: O consentimento! [Não podem dizer:] "Quero ser voluntário naquela pesquisa".
JD: [Sim!] E aí, como isso é visto, e que tipo de cuidados existem pra procurar proteger os direitos deles, sendo que eles não são capazes de se defender nesse sentido?
CK: Claramente quando a gente vai prum ensaio, um estudo em modelos animais, né, nos animais, é óbvio que existe uma hierarquia ali, né? Quem planejou aquele estudo foi um ser humano. No final das contas, o objetivo acaba sendo ainda ou a saúde humana ou algum benefício para a raça humana. Então realmente a gente tem esse degrau aí de hierarquia [de modo] que não posso aqui falar para você "Não, é [feito por] pares" como é no caso do ensaio humano. Então, da mesma maneira que a gente tem uma comissão de ética avaliando os ensaios que vão ser realizados nos pacientes, e para isso precisa aprovação - e, como você bem falou, né, o paciente é voluntário da pesquisa - no caso dos animais isso não ocorre, é óbvio, né? Inclusive, os animais são criados para aquilo... mas [nesse caso] existe então a comissão de ética no uso dos animais em pesquisa, e essa comissão de ética então é formada por pesquisadores naquela área, por médico veterinário, então ele vai ser o a pessoa técnica que vai avaliar se o procedimento está ou não adequado àquela espécie animal que está utilizada, e também, inclusive, tem obrigatoriamente a participação de um membro que é de sociedades protetoras dos animais que, digamos assim, entre parênteses seria o quê, [uma espécie de] advogado daquele animal, que vai ali julgar novamente se aquele estudo tem uma justificativa, se está dentro de princípios éticos pra fazer o uso daquele animal. Mas aqui vale a pena ressaltar que tem muita coisa de tecnologia [já] muito bem desenvolvida com relação a alguns tecidos tridimensionais, inclusive órgãos que a gente consegue [fazer] in vitro, que vêm substituindo em alguns passos da pesquisa os modelos animais [e que] no final das contas têm minimizado bastante o número total de animais necessários pro desenvolvimento dessa área de pesquisa biomédica.
JD: "Tá" certo. Então eu posso dizer que o que se faz hoje é tentar preservar os direitos deles a não sofrer desnecessariamente, e minimizar o tanto quanto possível o uso deles.
CK: Exatamente.
JD: Perfeito! Professora, muito obrigado! O nosso tempo é um pouco curto, a gente não tem como estender muito mais, é um tema muito amplo, né?
CK: É difícil, é complexo! (risos)
JD: Pois é! Mas eu queria encerrar agradecendo pelo seu tempo, pela sua disponibilidade e queria dizer pra quem está ouvindo também que você pode encontrar mais sobre o trabalho da professora Cristina no portal do IFSC-USP e também na página do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica. Professora, muito obrigado pela entrevista!
CK: Muito obrigada, José Dirceu, até uma próxima!
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