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Laboratório de Jornalismo Multimídia/Apresentação/Grupo 17

Fonte: Wikiversidade

Identificação da matéria

Título: “Um mundo de muros”

Tema: Narrativas jornalísticas sobre barreiras físicas existentes ao redor do mundo

Veículo: Folha de S. Paulo

Tipo: Série

Ano: 2017

Repórteres: Patrícia Campos Mello, Lalo de Almeida, Fabiano Maisonnave, Avener Prado, Isabel Fleck, Diogo Bercito, Victor Parolim, Daigo Oliva, Thiago Almeida, Simon Ducroquet, Angelo Dias, Renan Marra, Irapuã Campos, Marcelo Pliger, Rubens Alencar, Rogério Pilker, José Henrique Mariante, Edson Sales, Thea Severino, Kleber Bonjoan e Roberto Dias.

Tempo de leitura: Aproximadamente 1 hora

Link: https://arte.folha.uol.com.br/mundo/2017/um-mundo-de-muros/

Resumo da pauta

A reportagem “Um mundo de muros”, da Folha de S. Paulo, traz - e quer trazer- para o leitor um paradoxo, a fim de propor uma reflexão: apesar de vivermos em um mundo altamente globalizado, há barreiras que nos separam. Por meio de exemplos dos mais distintos lugares, a matéria busca sensibilizar o leitor sobre segregação, desigualdade e o conceito de segurança.

Descrição da apuração

    A apuração foi baseada basicamente em 2 pilares: habitantes locais e autoridades, sendo estas eventualmente representadas por assessores de imprensa. Na primeira categoria temos muitos habitantes cujos nomes foram trocados ou simplesmente foram deixados no anonimato devido ao clima tenso no qual as regiões exploradas estão imersas. As autoridades nem sempre foram entrevistadas diretamente, alguns depoimentos foram extraídos de entrevistas concedidas à outros meios de comunicação como, por exemplo, uma fala do estadista e ex-ministro israelense Yossi Beilin provavelmente retirada da entrevista feita pelo The Jerusalem Post (https://m.jpost.com/Magazine/The-unrepentant-dreamers-unfullled-vision-567115 ), mas sempre com temática pertinente a pauta da reportagem feita pela Folha de São Paulo. Os assessores falaram sobre as condições nos territórios específicos, de forma mais técnica.

 Como a reportagem se trata de muros, todos os entrevistados são pessoas que têm seu cotidiano baseado nas redondezas, sejam elas moradoras que tiveram sua paisagem e rota modificada, comerciantes ou funcionários que trabalham ao redor dessas muralhas vigiando-as ou construindo-as.

 Já os dados, usados principalmente para construir os gráficos empregados na reportagem, foram extraídos de várias fontes diferentes, sendo a maioria delas órgãos relacionados a ONU como Acnur, Pnud e FMI (para informar dados especificamente sobre conflitos) e também órgãos governamentais de cada país como o Ministério das Relações Exteriores de Israel, Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo e Eurostats.

Descrição dos formatos usados na reportagem

A reportagem “Um mundo de muros” é organizada em sete blocos. Cada um deles trata sobre uma localização e, portanto, uma barreira diferente. São eles: Cisjordânia e Israel; Peru; Sérvia e Hungria; Brasil; EUA e México; México e EUA. Apesar de divididas, as reportagens apresentam os mesmos elementos de formato, englobando tanto o texto escrito quanto os textos imagéticos. A pluralidade de tipos de formatos abrange: texto, foto, vídeo imagético, videorreportagem, vídeo explicativo, vídeo interativo, mapa, gráfico, infográfico e tabela comparativa.

No início de cada reportagem, acima do título, encontra-se uma faixa de vídeo produzida apenas com cenas gravadas, sem áudio ou narração. O vídeo ocupa a extensão inteira da página, e divide espaço com o título centralizado da reportagem. As imagens apresentadas variam segundo o local a ser retratado, mas em todos os vídeos há presença de cenas do território, do muro e das pessoas envolvidas no contexto descrito. Em todas as reportagens há também uma videorreportagem, produzida pela própria equipe de profissionais da reportagem. Esse formato, diferentemente do vídeo de abertura, contém áudio, narração, legenda e trilha sonora.

Outros dois tipos de vídeo que constam nas reportagens da série “Um mundo de muros” são: vídeo explicativo e vídeo interativo, encontrados na segunda metade da reportagem. O explicativo caracteriza-se por ser um breve vídeo sobre os aspectos gerais dos territórios retratados, as influências históricas e sociais para a construção dos muros, as condições da população de cada local e as consequências políticas, sociais e econômicas da existência de determinada barreira. O interativo, por sua vez, caracteriza-se pela possibilidade de o leitor transitar em 360° nas cenas gravadas, tais como campos de refugiados, fronteiras entre países e comunidades prejudicadas pelas barreiras. Ambos os tipos de vídeos constam com a presença de imagens, áudio, legenda e trilha sonora.

O texto das reportagens se configura por meio da narrativa jornalística, de modo a constar como elementos principais a descrição de locais e pessoas, a narração de histórias pessoais e acontecimentos históricos. Além disso, é muito presente o emprego do discurso direto das personagens entrevistadas durante o desenvolvimento da reportagem.

A foto é um recurso muito utilizado na reportagem “Um mundo de muros”, aparecendo do início ao fim da leitura. Os tipos de foto que constam em todos os blocos são: personagens (homens, mulheres e famílias), crianças, soldados, diferentes partes da extensão dos muros, cenário panorâmico dos territórios divididos, cenário de cada lado do muro e cotidiano das pessoas de cada lado do muro.

Além da foto, outros formatos empregados com frequência nas reportagens são os mapas, os gráficos, os infográficos e as tabelas comparativas. Os mapas geralmente se encontram no início da reportagem, apresentando informações sobre as fronteiras e explicitando a localização dos muros. No entanto, no decorrer da leitura, é possível encontrar outros mapas sobre as fronteiras e as divisas entre países. Já os gráficos, infográficos e tabelas comparativas geralmente se encontram acompanhando o texto escrito, do lado direito da página. Apresentam tanto dados citados na narrativa quanto dados complementares, tais como a população dos países, o PIB e o IDH, taxas de criminalidade, de deportação e imigração.

Análise dos formatos usados na reportagem

       A série de reportagens “Um mundo de muros” conta com diversos formatos, sendo esses: fotos, infográficos, gráficos, videorreportagens, videográficos e vídeos interativos em 360°.

         Muitas das imagens das barreiras em si estão enquadradas de maneira em que fiquem visíveis os dois territórios e o muro que os separa, o que pode ser visto como uma apelação visual que retrata o contexto da narração. As fotos estão dispostas ao longo da reportagem de modo que acompanham a cronologia da história, assim como alguns gráficos, que também seguem o mesmo padrão.

         Em cada uma das reportagens que compõem a série há também uma videorreportagem com entrevistas de pessoas envolvidas no contextos dos conflitos descritos. As narrativas presentes nas videorreportagens trazem -mais que a reportagem escrita- uma visão mais humanizada, capaz de envolver o público e criar comoção.

         Os gráficos e infográficos aparecem com objetivo de apresentar dados sobre as determinadas barreiras. Acompanhando a linearidade do texto, muitos mostram informações sobre a geografia relativa ao contexto das barreiras. Outros, comparam números e datas. Essas ferramentas são características por promover, literalmente, uma melhor visualização dos fatos, possibilitando um melhor entendimento do público sobre as questões apresentadas.  

         Os videográficos e vídeos interativos 360° presentes em alguns dos blocos da série tornam a reportagem mais rica, caracterizando-a como uma experiência interativa. Porém, os vídeos interativos 360° especificamente podem gerar um problema de responsividade, não se adequando à qualquer dispositivo.

Descrição da conexão da matéria com as redes sociais

A reportagem “Um mundo de muros” é dividida por tópicos. Cada tópico trata de um tipo de fronteira específico, como as existentes no México, no Brasil, na Cisjordânia ou no Peru. Ao clicar, o leitor é direcionado para um texto jornalístico, acompanhado de fotos, fotos 360º, gráficos e vídeos. Por isso, pode-se dizer que é uma matéria extremamente multimídia, pois se adequa a diversos formatos audiovisuais que estão bastante presentes no mundo das redes sociais. Não é a toa que, em 2017, “Um mundo de muros” ganhou o prêmio ‘Rei da Espanha de Jornalismo Digital’.

As vídeo-reportagens que integram a matéria foram todas veiculadas publicamente em uma playlist especial no canal da Folha de S. Paulo no Youtube. Isso garante a possibilidade de acesso a aqueles que não são assinantes do conteúdo exclusivo do veículo, de forma que dinamiza o conteúdo para que ele viralize com mais facilidade nas redes sociais. Através do Youtube, os leitores podem curtir, comentar e  compartilhar em seus perfis privados, criando assim, uma gama de possíveis novos leitores. Além disso, o próprio site da Folha dá ao público a opção de compartilhamento via Facebook e Twitter.

Fora o Youtube, o Instagram também foi utilizado para repercutir a reportagem. Assim que a matéria foi lançada, em 2017, a Folha fez uma publicação via Instagram, criando a hashtag “#ummundodemuros”, para que os leitores mais engajados pudessem fazer suas próprias publicações sobre conteúdo e também repostarem em seus perfis privados, quase como se estivessem criando, a partir da matéria, um movimento de denúncia contra a desigualdade.

Avaliação da reportagem

De acordo com os parâmetros apresentados pelo jornalista Raju Narisetti, o desenvolvimento do storytelling da matéria “Um mundo de muros” humaniza uma série de histórias trágicas e lamentáveis através de um distanciamento do costumeiro. Assim como diz o teórico, apontando sobre avalanche de tipos tecnológicos, essa série faz uso intenso de recursos simples (como as fotos e os vídeos, entre eles a filmagem em 360º) para auxiliar na composição e na difusão das informações e histórias.

Por sua vez, quando relacionado à opinião do jornalista Pedro Dias Leite, a matéria segue as ideias apresentadas: a identificação da notícia, a apuração intensa e a atenção multilateral. A apresentação de pontos de vista diferentes mostra a preocupação dos profissionais em relação à pluridiversidade e à apuração detalhista. Quando menciona a necessidade de um bom desempenho nas redes sociais, “Um mundo de muros” mostra-se competente em tal prática: seu título recolhe as informações principais e torna-se, portanto, alvo fácil de pesquisa.

Por fim, a jornalista e co-fundadora da SFJN (Syrian Female Journalists Network), Milia Eidmouni, aponta a necessidade do jornalista de encontrar uma pauta que satisfaça não só seus ideais pessoais como também o do coletivo, visando pela excelência de seu trabalho. A longa reportagem mostra uma preocupação visível pela pauta escolhida e pela sensibilidade do assunto, direcionando seu trabalho para aqueles atingidos. No caso de “Um mundo de muros”, para informar seu público sobre o assunto central, que é a distribuição de muros e limites territoriais não naturais e as consequência dos mesmos.

Trabalho de cada integrante do grupo

Identificação da pauta: Larissa Machado

Resumo da pauta: Larissa Machado

Descrição da apuração: Júlia Putini

Descrição dos formatos usados na reportagem: Letícia Ang

Análise dos formatos usados na reportagem: Letícia Galani

Descrição da conexão da matéria com as redes sociais: Larissa Machado

Avaliação da reportagem: Julia Maria Pereira