Latim/Índice/Lição 3/Apêndice
Declinação
[editar | editar código-fonte]Em primeiro lugar, apresentemos as duas novas declinações. Sobre as vogais temáticas, já dissemos que à primeira corresponde o a e à segunda o o. À terceira pode corresponder um i, que aparece no genitivo plural de palavras como gens. A quarta é a declinação em u, e a quinta, em e.
Nenhuma das duas declinações que apareceram pela primeira vez nesta lição contém muitas palavras. A quarta, além de nomes masculinos como exercitus, possui femininos também terminados em -us, e uns poucos neutros terminados em -u; na quinta, há apenas duas palavras que os textos remanescentes do latim antigo apresentam em todos os casos, res e dies (dia). As demais palavras são todas femininas. No geral, esta declinação foi absorvida pela primeira ou pela terceira; a quarta, pela similaridade, foi absorvida pela segunda.
Além das duas novas declinações, vimos nosso terceiro caso, o genitivo. Como os demais, ele tem uma marca própria.
Podemos dizer que o nominativo possui duas marcas: um s no singular (Romanus, urbs, exercitus, res), ausente na primeira, nas palavras da segunda terminadas em -R e em algumas terminações da terceira (Cicero). No plural, sua marca é i nas duas primeiras, e novamente s nas demais; na primeira, o ai tornou-se ae, como já vimos.
O acusativo tem as marcas mais constantes: m no singular e s no plural. Cabe acrescentar que, à exceção da terceira declinação, em que o E da terminação (milites) é apenas uma vogal de ligação, a vogal que antecede o S no plural é sempre longa: puellās, uirōs, exercitūs, rēs.
O genitivo também apresenta marcas. Um i se acrescenta à vogal temática da primeira e da quinta, e faz sumir a da segunda: puellae, uiri, rei; as outras duas seguem o genitivo em s, presente no grego (aretês, andros) e nas línguas germânicas (alemão des Mannes, inglês man's). A marca do genitivo plural é notavelmente constante: um -VM, com ū longo. Aliás, isto corresponde ao genitivo plural grego em -ôn (tôn basileôn). Porém, apenas em nomes da terceira sem vogal temática esta terminação aparece sozinha: militum.
A vogal apropriada aparece nos demais nomes da terceira, bem como nos da quarta: omnium exercitŭum. Nas demais, entre a vogal temática e o ū vem um R: incolarum, bellorum, rerum.
Sintetizando:
Caso e número | Primeira | Segunda | Terceira | Quarta | Quinta |
Nominativo singular | littera | liber | urbs | exercitus | res |
plural | litterae | libri | urbes | exercitus | res |
Acusativo singular | litteram | librum | urbem | exercitum | rem |
plural | litteras | libros | urbem | exercitus | res |
Genitivo singular | litterae | libri | urbis | exercitus | rei |
plural | litterarum | librorum | urbium | exercituum | rerum |
Conjugação
[editar | editar código-fonte]Em primeiro lugar, ampliemos nossa tabela de verbos irregulares com os dois que aparecem nesta lição:
ser | ir | levar | querer | |
1a. sing. | sum | eo | FERO | VOLO |
2a. sing. | es | is | FERS | VIS |
3a. sing. | est | it | FERT | VVLT |
1a. pl. | sumus | imus | FERIMVS | VOLVMVS |
2a. pl. | estis | itis | FERTIS | VVLTIS |
3a. pl. | sunt | eunt | FERVNT | VOLVNT |
Além desses irregulares, aprendemos nesta lição uma nova forma verbal, o infinitivo. Assim como, no indicativo, a forma que você já conhece é o presente ativo, também as formas vistas ("ferre") são do infinitivo presente ativo. Há infinitivos em três tempos e nas duas vozes; mas isso será visto adiante.
O que é importante sobre nosso infinitivo presente ativo é que nele a vogal temática das conjugações aparece com uma clareza cristalina. A terminação comum de todos estes infinitivos é -RE; antes dela, porém, vem sempre a tal vogal. Acompanhe no quadro abaixo:
1a. conjugação | 2a. conjugação | 3a. conjugação | 4a. conjugação | Irregulares |
amāre cogitāre |
habēre uidēre |
capĕre ducĕre facĕre legĕre |
eo: ire fero: ferre |
Aqui, ao contrário do presente, verbos como capio e facio seguem a terceira declinação. O infinitivo pode ajudar a marcar a diferença entre a segunda e a terceira, que têm ambas um E como vogal temática.
Na segunda, o E longo, na penúltima sílaba, é tônico. Em outras palavras: pronuncia-se "habêre", "uidêre" (não se esqueça de que o H é aspirado, e que o E no final da palavra não tem som de I como em português).
Por outro lado, o E breve na penúltima sílaba na terceira conjugação faz com que a sílaba tônica seja a antepenúltima. Ou seja: temos "cápere", "dúcere", "fácere", "légere" (muita atenção! C e G são sempre sons velares, isto é, soam como na palavra córrego em português. Nunca como em cinza ou gente).
Nos irregulares, as letras dobradas apenas são pronunciadas com maior duração: "fér-re", "és-se", "uél-le". O rr nunca tem o som, por exemplo, do português carro.