Sociologia (RTVI)/2021/Trabalho semestral/Grupo 8

Fonte: Wikiversidade


Relato individual[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, cada integrante do grupo deve expor em até cinco linhas o que realizou no trabalho. Isso deve ser feito por cada estudante individualmente, tomando cuidado para estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não conseguirei verificar a edição

  1. Bmdmrocha: Participação nas ideias para o desenvolvimento das perguntas da entrevista, realização da entrevista com familiar, participação na transcrição da entrevista, recebimento do contrato de uso de imagem e entrevistas, e da selfie da entrevistada.
  2. Babi Segura: Participação nas ideias para o desenvolvimento das perguntas da entrevista, Participação na transcrição da entrevista e a realização da revisão dessa transcrição.
  3. Victor Augusto Ramos Bernardes: Participação nas ideias para o desenvolvimento das perguntas da entrevista e na revisão da entrevista e da transcrição.
  4. Lissa Hashimoto: Participação no desenvolvimento das perguntas para a entrevista e revisão.
  5. PedroF: Participação do desenvolvimento das perguntas durante as reuniões ocorridas na plataforma Discord.

Publicação de texto do grupo[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o texto da história de vida recolhida pelo grupo, seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado. Lembre-se: o texto deve ter 6.000 caracteres no máximo. Também dê acesso ao termo de cessão de direitos assinado, eventualmente carregado num drive.


Mudanças

Bruna Rocha: Hoje é dia 21 de maio e estamos em Santana de Parnaíba. Hoje, vamos entrevistar a Maria Clara Rocha, minha mãe. Iremos conversar sobre as principais diferenças que ela sentiu no momento em que se mudou de Recife para São Paulo e o quão impactante foi essa mudança, não apenas na vida dela, mas para sua família como um todo. Maria Clara, eu queria começar te perguntando o porquê da vinda da sua família do Nordeste para o Sudeste.


Maria Clara Rocha: A princípio, o nordestino naquela época, há mais de 20 ,30 anos atrás ... o grande sonho era fazer o caminho Nordeste - Sudeste e apesar de a gente ter uma vida tranquila, emprego e um status social bom, não haveria necessidade de virmos para São Paulo por causa do trabalho para procurar emprego nem para arriscar tudo. Mas no nosso caso, antes de vir para São Paulo fomos morar em Salvador durante dois anos e depois viemos morar em São Paulo por conta do trabalho do meu esposo que abriu uma empresa aqui e veio montar um negócio. Foi esse o motivo o maior de sair do Nordeste para cá.


Discriminação


Bruna Rocha: E você sentiu que sofreu algum tipo de discriminação por ter vindo do Nordeste?


Maria Clara Rocha: Sim, alguma discriminação. Mas não é uma coisa que me privasse de nada o fato de ter vindo do Nordeste, porque assim como eu já falei, a minha situação financeira era uma situação privilegiada, então eu vim morar num lugar muito bom, as minhas filhas estudaram numa escola particular, conviveram com crianças de classe social alta, e isso, eu já não me enquadro na grande maioria dos nordestinos que vem para São Paulo. Então o preconceito que eu sofri ou que eu acho que eu sofri, o que eu realmente passei foi um simples: "Ah, vocês lá do Norte. Ah, lá na sua terra fala assim." A questão do sotaque, dos termos que a gente usa no Nordeste, mas essa é uma coisa mais leve. Mas houve. Houve o preconceito.


Saudade


Bruna Rocha: E a saudade? O que te fez e ainda faz mais falta?


Maria Clara Rocha: Então quando eu digo que não perdi nada, eu perdi a convivência com os meus conterrâneos, que eu na verdade, eu não me sinto, a essa altura da vida, tendo morado mais tempo fora de Recife. Mas eu não consigo mais me sentir recifense, como eu não me sinto voltando pra casa. Quando eu vou pra casa da minha mãe, quando eu vou para encontrar meus irmãos, meus amigos de Recife, eu já não consigo viver lá como a minha Terra. E também não me sinto paulistana, paulista, de forma alguma. Então eu fico nesse meio termo, um pouco lá, um pouco cá. Mas de Recife, eu tenho esse amor pela Terra. Tenho o amor pelo meu Estado, pela bandeira, até minhas filhas brincam muito porque eu amo a bandeira do meu Estado ou o hino do meu Estado. Sim, tenho muito amor pela Terra. Elas não tem, porque elas vieram para cá muito cedo e se sentem veem mais paulistanas do que eu com certeza. Mas eu tenho esse amor à Terra e elas...e o fato de poder voltar todo ano pra Recife para passar algum período do ano lá, das férias, me encontrar com os familiares, conviver, eu acho que dá a elas essa possibilidade de também sentir um pouco do que é voltar para casa. Então elas também, por mais que elas sejam paulistanas de criação ou de vida, mas elas, as raízes delas também estavam lá. Vieram de lá então esse valor a gente sempre deu e sempre faz questão de voltar, porque a saudade é grande, e é a saudade de uma Terra, de uma vida, de uma convivência que a gente já não tem mais. Já não se enquadra mais. Mas há, há a saudade.


O Hoje


Bruna Rocha: E por último, a pergunta mais importante: você é feliz aqui?


Maria Clara Rocha: Sim, sim. Sou feliz, muito feliz. Para mim foi uma experiência corajosa, na nossa época, de vir para cá com as crianças, de tentar começar do zero sem conhecidos, sem apoio. Ai "fulano vai te ajudar a fazer"... Não. A gente foi desbravando cada coisa, mas sim, somos muito felizes e somos... deu tudo muito certo, as crianças, na época se ambientaram rápido, se entrosaram com os amigos e foi tudo muito fácil. Mas eu repito que também tudo foi muito fácil e foi muito bom, a princípio por causa da nossa condição financeira, porque quer queira, quer não, a gente já veio, já tinha todo um lastro de apoio, mesmo se não tinha amigos, se não tinha quem indique, quem leve para fazer as coisas mas a gente tinha uma segurança. E sim sou feliz porque deu tudo certo. As oportunidades foram aparecendo e a gente estava com vontade que desse certo e estava trabalhando pra dar tudo certo. Então, tivemos sorte, mas também muito suor. Que é o que acontece com a maioria das pessoas que vêm de lá para cá com muito suor, lutando e as coisas vão melhorando. E geralmente a condição de vida aqui é melhor do que a condição de vida lá, porque aqui tem mais oportunidades e, no nosso caso, sem dúvida, foi muito bom. E feliz porque a gente pode dar para os filhos aquilo que, com certeza a gente não teve. Porque a gente não teve as oportunidades que a gente pôde dar para os filhos. E estamos usufruindo de tudo o que conquistamos, então sim, sou muito feliz. Muito, muito.


Bruna Rocha: É ótimo saber que deu tudo certo e que você é muito feliz. E Maria Clara, muito obrigada pela sua participação e por compartilhar comigo um pouco da sua experiência e da sua história.


Maria Clara Rocha: Prazer foi meu.

Link abaixo - termo de cessão

Publicação de texto da pessoa entrevistada[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o texto redigido pela pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado.

Em 1993 decidimos colocar em prática os planos de deixar o Nordeste e "tentar a vida" em São Paulo. Experimentei momentos de dúvida e medo. O sonho de viver na grande metrópole era desafiador. Ainda éramos jovens com duas filhas pequenas e uma única certeza: estaríamos arriscando a vida segura e tranquila, para investir nas inúmeras possibilidades e oportunidades que São Paulo oferecia. Foi duro e exigiu muito de nós. Largar o certo, pelo incerto. Deixar tudo e todos para seguir sozinhos numa terra que parecia nos engolir. 28 anos se passaram. Muito trabalho, muitas decepções, muita saudade mas também muitas conquistas , aprendizados e realizações. Como imigrante, não me sinto paulistana, mas também já não consigo viver lá. Tenho muito orgulho de ser nordestina. Mantenho vivas minhas raízes, minhas relações com quem ficou, minhas lembranças, costumes e recordações, pois são o meu alicerce. Vivo aqui, mas não sou daqui. Vim de lá, mas já não me acostumo com a vida lá. Coração dividido, mas sem vontade de voltar. Hoje sei que aqui é meu lugar. Tudo valeu a pena.

Carregamento de áudio de entrevista[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, vocês precisarão carregar o áudio no Wikimedia Commons e publicá-lo aqui na Wikiversidade. Necessariamente o arquivo de vocês deverá estar num formato livre, por exemplo o mp3. Os vídeos abaixo servem de instrução para carregar e usar os áudios (os vídeos foram feitos para imagens, mas é o mesmo procedimento para áudios). Façam esta etapa seguindo as instruções do trabalho. Esteja logado.

Selfie da pessoa entrevistada[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, um integrante do grupo deve publicar o link para uma selfie da pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Pode ser o link de um drive com a imagem. Esteja logado.


Opcional: fotografia da pessoa entrevistada[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, um integrante do grupo pode eventualmente publicar o link para uma selfie da pessoa entrevistada, seguindo as instruções do trabalho. Pode ser o link de um drive com a imagem. Esteja logado.

  • Link para a pasta com a imagem: