Utilizador:Raimundo57br/Cipolla/Resumo2
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Compreensão das crise econômica de 2008 a partir de uma perspectiva marxista
[editar | editar código-fonte]Um dos aspectos do pensamento econômico marxista é o da compreensão do fenômeno das crises econômicas dentro capitalismo. Trata-se de um aspecto fundamental, pois contém argumentos para que se lute pela alteração das relações de produção. Ou seja, a compreensão de que as crises econômicas decorrem das relações de produção capitalistas impulsionaria a luta pela transformação dessas relações de produção.
Para fins didáticos vamos partir da descrição de crises de superprodução contida no Manifesto do Partido Comunista:
- [...]As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara. De há decénios para cá, a história da indústria e do comércio é apenas a história da revolta das modernas forças produtivas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são as condições de vida da burguesia e da sua dominação. Basta mencionar as crises comerciais que, na sua recorrência periódica, põem em questão, cada vez mais ameaçadoramente, a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é regularmente aniquilada uma grande parte não só dos produtos fabricados como das forças produtivas já criadas. Nas crises irrompe uma epidemia social que teria parecido um contra-senso a todas as épocas anteriores — a epidemia da sobreprodução. A sociedade vê-se de repente retransportada a um estado de momentânea barbárie; parece-lhe que uma fome, uma guerra de aniquilação universal lhe cortaram todos os meios de subsistência; a indústria, o comércio, parecem aniquilados. E porquê? Porque ela possui demasiada civilização, demasiados meios de vida, demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas que estão à sua disposição já não servem para promoção das relações de propriedade burguesas; pelo contrário, tornaram-se demasiado poderosas para estas relações, e são por elas tolhidas; e logo que triunfam deste tolhimento lançam na desordem toda a sociedade burguesa, põem em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se demasiado estreitas para conterem a riqueza por elas gerada. — E como triunfa a burguesia das crises? Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados. De que modo, então? Preparando crises mais omnilaterais e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevenir as crises.
Nessa época, Marx identificava a Crise de Produção com o subconsumo. Nosso ponto de partida vai ser essa simplificação.
O cerne das crises de subconsumo (que geram encalhe da produção) é o próprio processo de extração da mais valia, pelo qual os assalariados produzem muito mais valor do que recebem como salário, ou seja, tem uma capacidade de consomo muito menor do que produzem, o que gera excessos de estoque que geram crises econômicas.
E quem se apropria essa mais valia: os diversos setores da burguesia e o Estado (que também é hegemonicamente controlado pela burguesia, embora, atualmente, seja um instrumento necessário para a redistribuição de riquezas por meio da prestação de serviços públicos como saúde e educação).
Parte da mais valia é alocada para novos investimentos que geram ganhos de produtividade que tendem a acentuar ainda mais a extração da mais vaia e agravar ainda mais as crises de produção.
De um modo geral, no modo de produção capitalista, grande parte dos aumentos da produtividade são destinados à:
- Aumento da sofisticação do consumo das elites (cada vez mais escandaloso);
- Aumento dos gastos militares (na época de Marx, os Estados eram fenômenos essencialmente militares, pois o percentual dos orçamentos destinados às FFAA era bem maior do que ocorre atualmente); e
- Aumento dos gastos com segurança pública e privada.
Falsa explicação para a crise
[editar | editar código-fonte]Em artigo publicado em meados da década de 1850, na Nova Gazeta Renana. Revista político-econômica, Marx e Engels combateram as "visões superficiais" que apontavam a "especulação" como causa das crises econômicas.
- A especulação ocorre regularmente em períodos em que a superprodução já está em pleno vigor. Ele fornece os canais pelos quais a superprodução pode ser temporariamente absorvida, [...]. A crise irrompe primeiro na esfera da especulação e só mais tarde atinge a esfera da produção. Portanto, não é a superprodução que parece ser a causa das crises de visões superficiais. O posterior deslocamento da produção não parece ser a consequência necessária da exuberância anterior, mas simplesmente a consequência do colapso da especulação.
Esse entendimento da fase especulativa como prelúdio da própria crise econômica será mantido quando o fenômeno das crises nas sociedades capitalistas for descrito em "O capital", onde resultará da elasticidade que o crédito confere à acumulação de capital, fato que resulta na quebra do equilíbrio entre oferta e demanda e a consequente elevação dos preços, base da fase especulativa.
Passando ao caso concreto da Crise Econômica de 2008
[editar | editar código-fonte]Como dito acima, no caso a Crise Econômica de 2008, foi amplamente apresentada como uma crise decorrente da má gestão de crédito. Mas porque ocorreu essa má gestão? Nossa tese é a de que essa má gestão (concessão de crédito a quem não iria pagar) foi um instrumento útil para postergar a eclosão de uma crise de superprodução que seria decorrente do aumento de concentração de renda nos Estados Unidos (epicentro da crise) e na Europa, decorrente da virada neoliberal, portanto, passamos a analisar dados do aumento de concentração de renda nos Estados Unidos.
Fontes: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E O ENDIVIDAMENTO DOS TRABALHADORES NORTE-AMERICANOS DOS ANOS 1980 AOS ANOS 2000 resumido em: Concentração de renda nos Estados Unidos