Wikinativa/Agroecologia e Bioconstrução (vivencia Guarani 2016)

Fonte: Wikiversidade

Bioconstrução e Agroecologia[editar | editar código-fonte]

Este grupo ficou responsável pelas tarefas de bioconstrução e agroecologia, e nas aulas preparatórias foram previstos alguns trabalhos que por motivos tempo e articulações não foram realizados. Visto que não foi possível realizar o que havia sido proposto, o grupo resolveu trazer sugestões para futuras intervenções com esta temática.

Solo do terreno para a construção do novo espaço da aldeia Rio Silveira[editar | editar código-fonte]

Antes de passarmos para os tópicos seguintes é importante falar das características do solo. Não foi possível realizar uma análise profunda do solo, por falta de tempo e equipamentos. Contudo podemos perceber algumas características que demonstram um solo com pouca matéria orgânica e muito argiloso. Provavelmente por uma retirada da vegetação arbustiva, o que poderia provocar uma baixa ciclagem de matéria orgânica. Observando o que foi plantado no ano anterior, percebemos um baixo desenvolvimento das plantas, corroborando com o argumento de baixos nutrientes no solo. Outra hipótese para o baixo desenvolvimento das plantas seria a quantidade insuficiente de incidência solar, causada pelo dossel fechado.

Uma sugestão seria a construção de uma composteira para que a matéria orgânica fosse acrescida a este solo, e a retirada de algumas árvores para favorecer a incidência de luz solar.

Sementes/horta[editar | editar código-fonte]

Caso a sugestão anterior vier a ser executada, o solo estaria propício para a implantação de uma horta, sendo esta benéfica a todas as famílias do entorno. Esta horta poderia conter legumes, hortaliças, e condimentos, dentre eles:

Legumes: Batata, Cenoura, Beringela, Jiló, Batata doce

Hortaliças: Couve, Alface, Almeirão, Escarola

Condimentos: Hortelã, Pimentas, Cebolinha, Salsinha, Coentro, Manjericão

Ao redor da horta poderia ser plantado algumas árvores frutíferas, que poderiam servir como barreira natural para diminuir a incidência de ventos, e plantas que dessem flores para atrair aves e insetos polinizadores.

Horta de plantas medicinais[editar | editar código-fonte]

As mulheres indígenas usam medicina natural para a cura de algumas doenças, como boldo, sabugueiro, babosa e manjericão. As plantas são usadas para tratar alguns dos problemas de saúde comuns na aldeia, como gripe e diarreia.Na vivência também observamos a utilização da planta Carobinha para diversos fins, como no ritual de purificação e na limpeza interna do organismo. Para tanto foi levantado a necessidade de um horta de plantas medicinais para que as mulheres possam usar no seu dia a dia.

Essa horta pode ser construída ao lado da horta de alimentos. Sua manutenção poderia ser coletiva, sem a necessidade de designar responsáveis fixos para os cuidados com a terra.

Também poderia ser criado um livro com a catalogação das plantas medicinais e os seus usos compilados na língua materna deles para que esse conhecimento seja transmitido para as gerações futuras.

A criação dessa horta também deve levar em consideração do solo e a adaptação das plantas neste local;

Realização de oficinas para cuidados da terra[editar | editar código-fonte]

Ao longo da imersão pode-se perceber que a população da aldeia não possui o hábito de cultivo de alimentos para consumo próprio, sendo eles coletores e não cultivadores, tendo como exemplo o palmito, o qual é extraído da mata ao redor da aldeia, sendo que este poderia ser cultivado através de sementes, garantindo uma disponibilidade contínua. Foi constatado a presença de duas estufas de mudas de palmito, porém ambas encontram-se abandonadas, sem os devidos cuidados.

Portanto, se faz necessário a criação de oficinas trabalhando com temas sobre o manejo da terra, produção de mudas e coletas de sementes, mudanças de hábitos alimentares e consciência ambiental para que seja mantido o equilíbrio do ambiente local.

Construção do banheiro seco[editar | editar código-fonte]

Devido às características do solo da região já mencionadas, a construção do banheiro seco que havíamos planejado não foi executada. A área que foi estabelecida para a realização dessa atividade, além de possuir solo arenoso, é caracterizada por um relevo acidentado, umidade elevada e pouca insolação. Tais fatores impossibilitaram a realização da estruturação do banheiro na data prevista e no local em questão, porém para que possa ocorrer no futuro, estabelecemos algumas sugestões de elaboração. É importante ressaltar que a necessidade da construção de um banheiro foi apresentada pelos próprios indígenas de forma a suprir esse aspecto de saneamento em uma seção da aldeia que ainda não foi construída, e o banheiro seco foi apontado como uma alternativa viável financeira e ecologicamente para a questão.

Após a coleta de alguns dados referentes a necessidade da instalação do banheiro seco - como a presença de uma nova seção da aldeia no local, as características do terreno e os hábitos da população presente, constatamos que um modelo adequado de implementação do banheiro seco seria o Bason. O bason, desenvolvido por Johan Van Lengen, é um sanitário seco e compostável que transforma os dejetos humanos em adubo orgânico. É seco pois dispensa o uso de água, e compostável pois o sistema funciona a partir de um processo bioquímico que, por meio da ação de bactérias e microorganismos, converte os dejetos em composto orgânico fértil e isento de patogênicos. O banheiro seco funciona através de uma câmara isolada e impermeável que evita a contaminação. O recipiente tem uma inclinação de 30 graus, de modo que facilita o deslizamento dos dejetos para uma câmara baixa, de onde são retirados uma vez por ano. Para facilitar a decomposição inicial, coloca-se no piso uma camada de 30 cm de folhas secas, cinzas ou serragem.

O bason é, principalmente, ecológico por se aproveitar dos ciclos biológicos naturais não tendo como produto o esgoto e, por tanto, não contaminando a água. Além de sua economia de água, que garante o aumento da disponibilidade hídrica. (Ecoeficientes, s/d - Via TIBÁ - Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitectura - 2015)

A escolha do Bason como método a ser aplicado se deu pela facilidade de construção e manutenção do banheiro seco, atividades que podem ser incorporadas na rotina da aldeia através de oficinas de construção e da organização interna da comunidade da Aldeia Rio Silveiras no sentido de designar responsáveis pelo transporte do material seco para o local destinado. Não descartamos a ideia da utilização do adubo resultante em hortas também geridas internamente, mas o assunto precisaria ser discutido com os responsáveis para viabilizar o manejo. As instruções para a construção do banheiro seco ao estilo Bason estão compiladas no Manual do Arquiteto Descalço, um livro muito conhecido sobre bioconstrução que busca a harmonia entre o bem estar e a natureza, e será necessária a elaboração de um workshop rápido para o repasse dessas informações na Aldeia, bem como instruções para a manutenção do sistema. É importante que essas oficinas ocorram em uma frequência pré estabelecida pois o manejo do banheiro e dos dejetos de forma errônea pode ocasionar em contaminação do solo e dos recursos hídricos, presença de insetos, mau cheiro, etc.

Demarcação da trilha[editar | editar código-fonte]

Levando-se em consideração que as atividades na trilha tiveram algumas dificuldades, nas quais, inclusive um desencontro de um grupo de pessoas, ficou nítido a importância de se fazer marcações em algumas partes confusas das trilhas durante o caminho. Portanto, uma ideia seria, por exemplo, marcar com fitas coloridas determinados pontos de encontro e bifurcações, amarradas em tronco de árvores ou arbustos. No caso de um local desprovido de galhos e arbustos, pode-se amarrá-las em estacas de madeira ou bambu e de preferência na altura dos olhos, o que possibilitaria mais orientação e segurança a um grande número de pessoas, como foi o caso.

As cores das fitas poderiam ser relacionadas com o destino final, ou seja, com o auxílio de quem conhece bem o local, estipular uma cor para cada ponto de visita, exemplo: a trilha que se destina a cachoeira poderia ser com fitas azuis, a que se destina a plantação com fitas amarela, e assim por diante. É importante também criar e seguir alguns padrões de fixação das fitas durante o trajeto, por exemplo: sempre fixar as fitas do lado direito do corredor e quando houver uma curva à esquerda colocar três ou cinco fitas do lado esquerdo, faz-se a curva e retoma a marcação do lado direito do corredor. O espaçamento entre as fitas também é importantíssimo e vai depender das condições, ou seja, a parte da trilha estando bem compreensível não há a necessidade de marcação, no entanto, há locais que exigem um espaçamento menor de marcação.

Com isso pronto, seria também necessário antes do passeio, reunir o pessoal e dar as instruções de como foi marcada a trilha, fazer uma descrição dos obstáculos que serão encontrados, das recomendações de comportamento durante a trilha e etc. O planejamento antecipado sempre é importante, principalmente quando há um número considerável de pessoas participando da atividade. Outro problema que o grupo teve ao caminhar pela trilha, foram alguns pontos de difícil passagem devido a presença de buracos grandes com lama, para tanto, poderia colocar pedras nesse locais com um pouco de terra para que a passagem seja mais fácil.