Wikinativa/Bianca Ramalho de Oliveira (vivencia Guarani 2022 - SMD - relato de experiência)

Fonte: Wikiversidade

Momento de conexão

Relatório sobre a Vivência na Aldeia Guarani do Rio Silveiras que aconteceu entre os dias 04 a 06 de novembro. Essa vivência foi proporcionada a partir da matéria de Seminário de Políticas Públicas Setoriais.

INTRODUÇÃO: Para conseguir conciliar os compromissos da minha vida, decidi esse semestre pegar disciplinas na EACH-USP a partir do Programa "Intercâmbio Nacional" que a UNICAMP possui em parceria com outras entidades.
Sou aluna de Administração Pública, procurei disciplinas que tivesse equivalência com as minhas disciplinas faltantes e localizei a ACH3707, sem saber ao certo o que me esperava.
Logo no primeiro dia de aula fui surpreendida com a ideia dessa vivência. Ao longo do semestre, tivemos vários encontros de preparo para chegar com um bom conhecimento de como seria a vivência.
Um ponto que me chamou atenção ao longo das aulas foi a proximidade que eu já possuía com os jovens indígenas devido ao "Vestibular Indígena" que a UNICAMP possui, na minha turma existem duas pessoas que vieram de aldeias do Mato Grosso e que me agregaram muito e contribuíram para a minha vivência.

RESUMO DOS DIAS: Sexta (04/11) Chegamos no final da tarde, já estava escuro e começamos a montagem das barracas.
Montei a minha e comecei a observar uma movimentação na casa de reza e de algumas pessoas em volta.
Fiquei na equipe da alimentação mas nesse dia não estava escalada para ajudar.
E tive meu primeiro contato com a Aradirá, uma jovem menina que amava ficar girando e olhando para a lua. Ela me recebeu muito bem e mostrou um pouco da sua família para mim.
Depois fui para casa de reza, esse momento foi muito importante para conhecer um pouco mais da cultura da Aldeia e como eles vivem a partir da visão da filha do Pajé.
Durante esses dias ficamos no núcleo porteira, no qual percebi que era um núcleo com uma estrutura básica melhor do que os núcleos mais afastados, eles tinham um comércio com artesanato para receber os turistas, posto de saúde e escola.
Depois comemos uma janta incrível, experimentamos palmito assado e fomos dormir.
A noite foi um grande desafio para mim por conta do frio, demorei um pouco para me esquentar mas depois consegui pegar no sono.

Sábado (05/11) Já despertei logo cedo com o sol na minha barraca e levantei para aproveitar o dia.
O café da manhã foi preparado com muito carinho, depois partimos para algumas brincadeiras com as crianças.
Senti que as crianças foram as mais abertas em trocar, conversar e estar ali com a gente.
Com elas aprendi muitas coisas e percebi o quão inteligente elas são. Gostam das brincadeiras simples, de estarem ali rindo e conversando.
Amam frutas com uma intensidade e amam pular corda, jogar bola, bambolê e correr.
Partimos para uma trilha, onde pudemos viver mais a aldeia e suas singularidades.
Atravessamos um rio com a água cristalinas até chegar no ponto final, uma cachoeira que mexeu muito comigo. Lá pude sentir a natureza e a importância dela para a aldeia. A tarde descansamos e brincamos mais um pouco com as crianças.
Nesse dia, fiquei na equipe de alimentação, foi um pouco quanto desafiante para mim pois além de ser uma alimentação vegana, a cozinha não possuía muitos instrumentos para cozinhar para 50 pessoas. A gente achava que não tinha instrumentos mas ao longo das refeições demos um jeito: mesmo com poucas panelas, facas, potes, mesas, bocas no fogão e geladeira.
Não pude acompanhar a casa de reza nesse dia pois fiquei na cozinha, sei que aconteceram coisas especiais lá na casa mas estar na cozinha foi algo especial para mim também.
Depois fomos dormir e essa noite de sono acabou sendo mais leve para mim.

Domingo (06/11) Também despertei cedo e já fui para cozinhar ajudar no preparo do café da manhã, uma das melhores refeições. Com muitas frutas, chá e tipá.
Fomos para a praia e o Danilo, menino inteligente e risonho, nos acompanhou.
Foi um momento de conexão com meus colegas de viagem e também de descontração.
Voltamos, almoçamos e fui para carreta da USP, onde estava passando alguns vídeos para as crianças, principalmente sobre higiene bucal, algumas ficaram vibradas nos vídeos. Depois na carreta, passou um clipe de uma música da aldeia, que foi produzido na aldeia. Pudemos ver a emoção das pessoas assistindo e vendo sua aldeia passando ali.
Arrumamos as coisas e viemos embora com uma bagagem imensa de conhecimento.

Conclusões: Aprendi muito nessa viagem, sobre uma cultura que sempre ouvimos falar mas que é muito diferente estar ali vivendo aquilo. Como futura administradora pública, tenho a certeza que saio dessa vivência com muitos aprendizados que vou levar para a minha carreira.
(Aqui vale destacar uma coisa que acredito que ficou nítida para muitos, a falta de cuidado da prefeitura em não ouvir a população ali e construir casas habitacionais, onde elas não são habitadas pela população Guarani, pelo simples fato de que não faz sentido para eles morarem em uma daquelas casas)
Outro imenso aprendizado que tive, foi estar na equipe da alimentação. Preparar refeições veganas não é tão simples assim, ainda mais com a falta de alguns utensílios mas foi exatamente por isso que aprendi muito e me aventurei ali com as meninas da cozinha.
As crianças me chamaram muita atenção, foram extremamente respeitosas, carinhosas e atentas.
A aldeia é mágica e com um poder de transformação incrível.
Por fim, fica aqui meu agradecimento a recepção que tive dos alunos da disciplina, do pessoal da aldeia e do professor Jorge. Obrigada por me permitirem estar aqui e ter essa vivência com vocês.