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s.

Caeté
População total

Atualmente assimilados ao contexto urbano

Regiões com população significativa
Entre a Foz do Rio São Francisco e a ilha de Itamaracá. Em Alagoas, região de São Miguel dos Campos, Coruripe e Jequiá da Praia. Zona da Mata Norte de Pernambuco ao litoral sul.
Línguas
Tupi Antigo
Religiões
Tupã, respeitavam com veneração a lua e o sol, acreditavam em seres sobrenaturais, como caipora, a coruja considerada por eles de mau agouro

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros moradores do nosso município na época do descobrimento do rio são Miguel, eram os índios sanambis das nações dos caetés (mato bom),conhecido por sua valentia e que não aceitavam pacificamente a ocupação de suas terras. Eram pessoas diferentes: de altura mediana, cabelos pretos e lisos, olhos escuros e penetrantes, o pés achatados e finos na parte superior e inferior, motivados pelas grandes caminhadas.Os índios caetés entraram para história como sendo os comedores do bispo Dom Pero Fernandes Sardinha, porém, pesquisas recentes colocam em dúvida se o bispo Pero Sardinha teria mesmo sido devorado pelos indígenas, já que os relatos são todos marcados pela intenção de condenar os caetés e torná-los sujeitos à escravização. [1] .

O verdadeiro motivo da morte do primeiro bispo do Brasil poderia ter sido a vingança do governador-geral, Duarte da Costa, e de seu filho Álvaro da Costa, que poderiam ter tramado tal crime e incriminado os caetés, por isso, a narrativa do canibalismo praticado contra o bispo Sardinha é controversa, pois ele agia em defesa dos Caetés.

O episódio da morte do Bispo Sardinha necessita de revisão histórica por ser bastante controversa e a extinção dos indígenas Caetés não se deu por completo, pois muitos foram escravizados e etnicamente apagados pela miscigenação, havendo muitos ditos descententes, mas que já se afirmam Caetés, dando provas da continuidade étnica e lutando contra as narrativas de apagamento histórico, tanto em Alagoas, quanto em Pernambuco, com modos de vida ainda preservados, como a cultura da pesca, cura pelas plantas, cultivo de raízes, adoração e preservação da natureza, águas e matas, com fortes traços fenotípicos ou não.

A retomada ancestral indígena é um fato em toda a América Latina (Abya Ayala) e muitos que estão em retomada, são diaspóricos e vítimas geracionais destes apagamentos recontam a história dos seus ancestrais como uma forma de buscar e preservar a identidade étnica,

Álvaro da Costa, homem violento, que usava da força para intimidar principalmente os indígenas, era conhecido por relacionar-se sexualmente com as indígenas de maneira forçada..

O bispo Sardinha tentou controlar as ações dos colonos portugueses que vieram para o Brasil durante os primeiros anos de colonização portuguesa. Ele tentava combater, por exemplo, o hábito de fumar, adquirido com os indígenas, bem como tentava impedir que os portugueses se relacionassem sexualmente com as indígenas.

À época, Duarte da Costa era governador-geral do Brasil. Seu filho, Álvaro da Costa, era um homem violento e que utilizava da força para intimidar principalmente os indígenas. Era também um dos que se relacionavam sexualmente com as indígenas. Durante um de seus sermões, o bispo Sardinha condenou as ações de Álvaro da Costa, o que resultou no início de um conflito entre o bispo e o governador-geral.[2]

Os índios caetés mantinham negócios com franceses no contrabando de pau-brasil escoados para Europa, através do rio São Miguel. O donatário da capitania de Pernambuco resolveu acabar com o contrabando do famoso pau-brasil, que servia de matéria prima para a produção de tinta e seus derivados, o solo miguelense era empestado dessa madeira.

Em 1554, Duarte Coelho julgando está tudo sobre controle viajou para Portugal deixando a capitania entregue a sua mulher Dona Brites de Albuquerque e seu irmão Jerônimo de Albuquerque, aonde anos depois Duarte Coelho veio a falecer.

A narrativa abaixo conta a versão da morte do bispo Sardinha, numa perspectiva mais colonialista:

Na caravela “Nossa Senhora da Ajuda” viajavam da Bahia com destino a Olinda e depois Lisboa, Dom Pero Fernandes Sardinha, com mais 100 pessoas aproximadamente no dia 16 de junho de 1556, por infelicidade a caravela naufragou nas imediações da foz do rio Coruripe. Eles saíram da praia a fora em direção a parte leste do nosso município quando nas imediações da atual Barra de São Miguel e o porto do Francês, foram todos apreendidos e devorados pelos índios caetés, da horrível chacina só sobrou dois índios da Bahia e um português que falava a língua tupi-guarany.

Esse fato lamentável provocou tempo depois uma grande perseguição aos índios e sua quase total dizimação, determinada pela coroa portuguesa. No entanto, os caetés foram condenados por uma bula papal a extinção pelo sacrilégio de terem morto um bispo, e por um edito da Rainha de Portugal, Catarina da Áustria, em 1557, que tornava todos os índios e seus descendentes condenados, também, á escravidão.Esta sentença real desencadeou em 1560, a chamada guerra dos caetés, que culminou com a extinção da grande nação indígena. Em nossa terra os índios caetés desmandaram em busca de terras mais seguras e distantes do litoral.

Jerônimo de Albuquerque, certa vez, mandou colocar na boca de canhões, alguns índios prisioneiros e dispará-los á vista dos demais para que os mesmos voassem em pedaços. À bala e o fogo despovoou inteiramente as terras litorâneas e os que escaparam nunca mais tentaram enfrentar o colonizador, tendo que se adaptarem os novos rumos determinados pela ocupação branca.

Em nossa terra o civilizador plantou definitivamente suas raízes com a instalação do povoado de São Miguel.[3]

A verdadeira história dos indígenas Caetés precisa ser aprofundada dentro de uma perspectiva contracolonial, ou seja, considerando o processo colonizador e os apagamentos sofridos por esta etnia, desde as acusaçõs até aos preconceitos sofridos decorrente delas para que se faça reparação histórica e o seu legado, deixado com os Caetés em retomada étnica, se perpetue e seja preservado através dos hábitos e costumes em conexão com a natureza e a favor da preservação dos nossos biomas e das vidas em todo o território ancestral.

Língua[editar | editar código-fonte]

Os Caetés tinham como base linguística o Tupi Antigo.

Cosmologia e Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Sua religião era baseada em principios, adoravam um deus que se chamava tupã, respeitavam com veneração a lua e o sol,também acreditavam em seres sobrenaturais, como caipora, a coruja considerada por eles de mau agouro, tinham no pajé o elemento de ligação entre eles e a divindade era também o médico e o curandeiro.

Utilizavam as raízes como cura.

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Na caça usavam o alçapão para pegar passarinhos, e a arapuca para pegar animais quadrúpedes e ainda o arco e a flecha.Na pesca usavam a rede de pesca, a linha de anzol feita de osso, o arpão e a própria flecha.Comiam também frutas e raízes (batata, inhame e macaxeira), peixes assados sobre brasa ou moqueados.

Dos utensílios domésticos, destacamos a rede de dormir, a gamela, a cabaça e a cuia que usavam como prato. O fabrico de cestas de palha de bananeira ou de palmeira e outros utensílios de barro.

Localização[editar | editar código-fonte]

Habitam o litoral brasileiro, entre a foz do rio São Francisco e a ilha de Itamaracá, na foz do rio Paraíba, numa área limitada ao norte pelas terras dos potiguaras e ao sul pelas dos tupinambás.

Mesmo possuindo descendentes dos Caetés na região Nordeste, atualmente, o povo é considerado em processo de retomada ancestral, carecendo de maior mobilização de sua população.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Blog do Netuno

Escritores Alagoanos Enciclopédia Barsa Universal.

Bispo Sardinha e a Antropofagia.

Referências