Wikinativa/Camilla Damasceno Silva (vivência Guarani 2019 - relato de experiência)
Introdução
[editar | editar código-fonte]A disciplina ACH3648 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais III disponibilizada no campus EACH-USP é composta por temas referentes a culturas indígenas, buscando compreender o modo de vida, a cultura, a tradicionalidade e os aspectos políticos envolvendo essas populações.
Dentre as várias aulas, abordando assuntos como o relativismo cultural e os impactos nutricionais da sociedade não-indígena nesses povos, a problemática acerca da demarcação de terras indígenas sempre vinha à tona. Além das aulas teóricas, pudemos visitar e trocar experiências na Reserva indígena Rio Silveiras.
Reserva Indígena Rio Silveiras
[editar | editar código-fonte]Localizada em Bertioga - SP, a Reserva indígena do Rio Silveiras conta com duas culturas, a Guarani e a Tupi. Os habitantes se comunicam em Guarani/Tupi e Português, e todos tem dois nomes, um para cada língua. Os significados dos nomes em Guarani/Tupi são variados e podem representar muitas coisas, desde adjetivos a até elementos da natureza.
A natureza é um ponto interessante de se destacar: a relação deles com o meio ambiente é intrínseca. Por isso, fomos convidados a entrar dentro da mata da reserva e explorar um dos antigos assentamentos da aldeia. Nos foi explicado que naquele lugar, a cerca de 50 anos atrás, era o núcleo da comunidade e que o local foi mudado para perto dos portões da reserva. A mudança ocorreu devido a vários fatores externos, mas dentre eles, a promessa de instalação de energia elétrica e a ameaça de invasão do território por pessoas de fora da aldeia, sendo necessária a mudança de parte da população da reserva para as proximidades do portão (entrada).
No antigo assentamento, pudemos plantar mudas de algumas árvores frutíferas típicas daquela região. Nesse mesmo lugar, era possível observar outras mudas plantadas em viagens de campo anteriores.
A Reserva do Rio Silveiras fica entre os municípios de Bertioga e São Sebastião, e por isso, a diversidade natural é muito grande. A mata atlântica se mistura a restinga e conta com a presença de rios e do mar. Espécies de Nymphaea (mesma família da Vitória-Régia) eram muito comuns nas laterais da estrada principal, que era parcialmente alagada, criando um ambiente propício para espécies de sapos, por exemplo.
Um ponto importante é a forma como essa cultura se relaciona com outras aldeias. Ouvi relatos de uma moradora que nos contou sobre as aldeias do Jaraguá e de Parelheiros, ambas no município de São Paulo, de origem Guarani/ Tupi. Ela se referia às pessoas dessas aldeias como “parentes”, evidenciando o modo como essa cultura lida com o pertencimento e a identidade cultural.
Conclusão
[editar | editar código-fonte]A viagem de campo a Reserva Indígena do Rio Silveiras foi muito gratificante e desafiadora. A troca de experiências, tanto com a comunidade quanto com os próprios alunos foi intensa e de muita conexão com a natureza. Acredito ter aprendido muito sobre o modo de vida na reserva, participando da casa de reza e ouvindo os relatos das pessoas que ali vivem. Sou muito grata pela oportunidade disponibilizada pelo Prof. Jorge Machado e por todas as pessoas envolvidas na realização dessa disciplina tão necessária para o campo de públicas.