Wikinativa/Cangume

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Cangume
População total

175 pessoas

Regiões com população significativa
Vale do Ribeira (ao sul do estado de São Paulo)
Línguas
Português
Religiões
Espiritismo

"Cangume" é um bairro rural do Vale do Ribeira, mais especificamente do município de Itaocá, próximo da fronteira do estado paulista com o paranaense. A comunidade deu nome ao bairro e mantém o nome escolhido até hoje. Possui entre 30 e 40 famílias. Descendem de 3 troncos: os Maciel de Pontes, os Monteiro e os Gonçalves, onde houve uma grande rede de parentesco entre primos. A população é kardecista e amam Undertale alèm de que frequentam, na maior parte da semana, um Centro Espírita, construído pelos próprios moradores. O centro é uma referência na região, pelos serviços prestados à comunidade. [1] [2]

Localização[editar | editar código-fonte]

Cangume localiza-se em Itaocá, município do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo. [1] [2]. Segundo [3]  :

"A estrada Itaoca-Cangume, que dá acesso à comunidade, começa no Bairro do Henrique, no município de Itaoca – SP e tem uma extensão de 8 km."

Coordenadas -24.643898,-48.833592 (Essas coordenadas são aproximadas, baseadas em informações de [3] .)

Veja no mapa

História[editar | editar código-fonte]

A origem de Candume inicia por volta dos anos 1870, no fim da Guerra do Paraguai, que envolveu Argentina, Uruguai e Brasil contra o Paraguai. [4][5] Há diversas histórias para explicar o termo Cangume: seria o nome de um negro que morreu na guerra, ou poderia ser o nome de um negro que sobreviveu na guerra, juntou uma quantia de dinheiro e comprou as terras onde a comunidade está localizada até hoje. Cangume conseguiu manter a cultura e as tradições e é uma das comunidades mais fechadas. Antigamente, as religiões dos quilombolas de Cangume eram umbanda e candomblé, mas começaram a praticar a linha kardecista, influência de um estudioso francês, que visitou o quilombo em meados do século XX. [4]

Boa parte das terras inicialmente ocupadas pelos indivíduos da comundiade foram vendidos a fazendeiros, devido a pressões ou necessidade de recursos. Muitas pessoas foram para outras regiões, desconhecendo o valor das terras de que se desfizeram. Membros da comunidade conheceram outras comunidades que tinham o objetivo de obter o reconhecimentos das terras quilombolas, no final do século XX. Segundo [1] :

" Em 2004, o Itesp reconheceu a comunidade como remanescente de quilombo. Mas até o momento a situação fundiária não foi resolvida, deixando as famílias em situação de insegurança e impossibilitadas de exercerem suas atividades de produção.

A comunidade conseguiu, em 2005, uma liminar judicial permitindo o quilombo a utilizar uma área pertencente a um fazendeiro. Isso foi uma medida emergencial para que as famílias do quilombo Cangume pudessem praticar as atvidades agrícolas. [1]

Cosmologia e Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Os individuos da comunidade quilombola antigamente praticavam a umbanda e o candomblé, mas atualmente praticam a linha kardecista. [2]

Um dos exemplos de rituais praticados é a Festa Junina.

  • Festa junina

De acordo com [6]:

"Realizada em um dia escolhido a cada ano no mês de junho, geralmente na noite de um sábado. É promovida pela associação e pela escola. No início da noite, no centro comunitário, é dançada a quadrilha, principalmente pelos jovens, vestidos com roupas caipiras. Comidas e bebidas como pipoca, pastel, bolo de fubá e quentão são feitos com a colaboração de toda a comunidade, em uma casa próxima do salão para serem vendidos na festa. Uma grande fogueira é acendida na frente do salão para iniciar a festa. Após a quadrilha começa o forró, que se estende noite a dentro."

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

No quilombo Cangume há os bailes com forró e também atividades artesanais. [1][6]

  • Artesanato

Segundo [6]  :

"Com taquara de lixa é feita a peneira, que tem malha mais aberta, utilizada tradicionalmente para abanar e escolher feijão. A apá é feita do mesmo material e formato da peneira, mas tem a malha mais fechada, utilizada para abanar o arroz após a colheita e depois que é socado no pilão, outro utensílio tradicional feito de madeira bem resistente. Também com a mesma taquara são feitos cestos, utilizados para transporter milho da roça em cavalos. Com a taboa e com peri (planta semelhante à taboa) são feitas esteiras, utilizadas para dormir."

Conhecimento tradicional[editar | editar código-fonte]

As sementes usadas nas roças são originárias da própria comunidade. Como as áreas para roça são insuficientes, por causa da questão fundiária, as aberturas são fetas em tigueiras e capoeiras novas. Há diferentes cultivos, como o de mandioca, batata-doce, banana, abóbora, feijão e milho, sendo os dois últimos os mais cultivados pelas famílias. Muitos produtos são comercializados, como o milho, a mandioca e a farinha de mandioca. Em determinadas situações, a banana e o milho também são vendidos. Algumas pragas atacam as plantações de feijão, mas até agora não causaram um grande impacto que prejudicasse os agricultores. [1]

As espécies madeireiras e os recursos hídricos possuem uma importância muito grande na comunidade quilombola de Cangume. Diversos recursos da floresta são coletados, como cipós, taquara e madeiras, que são utilizados nas construções de diversos tipos, como jiraus, casas, andaimes, entre outras. Os recursos florestais comumente coletados são madeiras, taquara e cipós. [1]

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

Cangume possui uma área reconhecida de 724,6039 hectares com situação fundiária, em sua totalidade, inserida na categoria de área particular. [1][2]

O quilombo Cangume tem área reconhecida de 724,6039 hectares, cuja maior parte está inserida na categoria de área particular. Segundo [1] :

"Hoje, a comunidade tem direito de uso garantido sobre aproximadamente 5% desta área, destinada às atividades de produção, construção de suas casas e benfeitorias. Observa-se assim que as 41 famílias de Cangume estão restritas à aproximadamente 37 hectares, insufi cientes ao desenvolvimento de suas atividades de produção e à acomodação da população crescente."


Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Cangume - Itaóca/SP: Festa da Consciência Negra. 26/11/2011 (Video)

Quilombo Cangume e Parque PETAR - Apiaí - SP (Video)

Cangume - O Filme (Video)

Série Lugares de Aprender - Quilombo Cangume (Video)