Wikinativa/Canindé

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Os Canindés (ou Kanindé) é um povo indígena que vive nos municípios de Aratuba (Sítio Fernandes) e Canindé (Fazenda Gameleira) no estado do Ceará. São cerca de 705 pessoas.

Localização[editar | editar código-fonte]

Município: Aratuba e Canindé. Comunidades: 1) Em Aratuba: Sítio Fernandes e 2) Em Canindé: Serra da Gameleira.População estimada: 700 pessoas. Famílias: 130. Situação da Terra Indígena (TI): TI com visita preliminar, realizada pela FUNAI, em 2003/2004. Processo aberto na FUNAI, aguardando procedimentos iniciais de fundamentação antropológica.

Padre Neri Feitosa nos informa que os Canindés e Jenipapos habitaram os sertões do Curu, as margens do Quixeramobim e do Banabuiú, que falavam a mesma língua e tinham a mesma cultura. Era um grupo étnico que dominava um vasto território do Nordeste Brasileiro. "Nossos índios tinham consciência de que estas terras eram suas e as defenderam com lutas perseverantes e com as próprias vidas. Perderam as terras, porque perderam a guerra, mas resistiram enquanto foi possível. Perderam a batalha porque os brancos tinham armas de fogo e eles não; a luta era desigual", diz Pe. Neri.

Dentre as muitas táticas utilizadas pelos índios para assegurar sua sobrevivência estava a de fingir-se pacificados e aliados dos colonizadores, como acabou ocorrendo com a tribo dos Canindés, primitivos habitantes dessa região.

Origem[editar | editar código-fonte]

Localizados nos municípios de Canindé (sertão central) e Aratuba (serra de Baturité), os Kanindé tem a história marcada por um longo processo de migrações forçadas, e vem mantendo, apesar desta dispersão, laços de parentesco e sociabilidade que unem as comunidades do Sítio Fernandes e da serra da Gameleira, que compõem a etnia. A origem histórica da etnia Kanindé remete ao chefe Kanindé, principal da tribo dos Janduís, que liderou a resistência de seu povo no século XVII, obrigando o então rei de Portugal a assinar com ele tratado de paz, firmado em 1692, mas descumprido por parte dos portugueses. Como ocorria com muitos agrupamentos nativos, seus descendentes passaram a ser conhecidos como Kanindé, alusão ao chefe e à ancestralidade. Segundo tradição oral, vieram da região do atual município de Mombaça, passando por Quixadá, pelas margens do Rio Curu, entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, junto aos seus parentes Jenipapo, antes de alcançar os seus locais de morada atuais. Chegaram ao Sítio Fernandes vindos da serra da Gameleira, também conhecida como serra do Pindar, em Canindé, por conta de secas, como a de 1877, e invasões de suas terras por posseiros criadores de gado. Traço cultural herdado dos ancestrais, a cultura da caça se materializa na existência de diversas armadilhas, como o quixó de geringonça, utilizado no apresamento de animais como mocó, tejo, cassaco, peba, veado, nambu, seriema e juriti, sempre respeitando os períodos de gestação dos bichos. A relação de sustentabilidade que mantêm com a natureza é ensinada às novas gerações, e busca garantir a permanência da caça para as próximas gerações.

A chamada Terra da Gia, foi durante muito tempo utilizada pelos Kanindé para fazerem suas plantações e caçarem, se constituindo como significativo lugar de memória para o grupo. Em 1995, após grande luta junto aos trabalhadores rurais locais, este terreno foi desapropriado pelo INCRA. Após querelas na divisão da terra, os Kanindé do sítio Fernandes ficaram com 270 hectares e continuam plantando no sistema de roçados. Em 1996, por iniciativa de José Maria Pereira dos Santos, mais conhecido por Cacique Sotero, foi aberto à visitação pública o Museu dos Kanindé, que traz em seu acervo artesanato, cujo trabalho em madeira merece destaque, instrumentos de caça e dança, entre outros. Mantido no sigilo até o ano citado, foi com o acirramento da luta por seus direitos que o museu foi exposto ao público, sendo mais uma forma de afirmação étnica do povo Kanindé.

História[editar | editar código-fonte]

Os canindés são associados aos janduís e aos paiacus, compondo grupos que descenderiam dos tarairus. O nome dos canindés está ligado a seu chefe histórico Canindé, mais importante na tribo dos janduís, que comandou a resistência deste povo no século XVII, o que forçou o rei de Portugal à assinatura de um tratado de paz em 1692, tratado este que foi posteriormente descumprido pelos portugueses. Seus descendentes ficaram desde então conhecidos como canindés em referência ao histórico líder e à ancestralidade.

Os canindés têm por tradição oral serem originários da área que compreende o atual município de Mombaça, tendo percorrido junto aos seus parentes Jenipapos-canindés trajeto pelas margens do rio Curu, passando por Quixadá entre os rios Quixeramobim e Banabuiú, até chegar às suas atuais terras. A história dos canindés é marcada desde tempos remotos por uma série de deslocamentos forçados. Entretanto, conseguiram os canindés manter laços de parentesco entre as duas comunidades que compõem o grupo entre o sertão central e a serra de Baturité.

Organização[editar | editar código-fonte]

Os canindés possuem forte cultura de caça herdada de seus antepassados. Têm conhecimento de utilização de diversas armadilhas como o quixó de geringonça, que utilizam para capturar mocós, tejos, cassacos, pebas, veados, nambus, seriemas, chatices e nada de mais, juritis, tendo sempre o cuidado de não violar o período de gestação dos animais. O respeito à sustentabilidade é passado de geração em geração visando à manutenção da caça através dos tempos.

Em 1996, foi aberto à visitação o Museu dos Kanindé, no qual merece destaque o trabalho em madeira com instrumentos de caça. Entre o acervo, além de muitos documentos, documentação e objetos dos mais variados tipos: bichos (couros, cascos, penas etc.), artefatos (principalmente de cipó, palha, cerâmica e madeira), material arqueológico, indumentária, vegetais, minerais, fotografias, adornos, equipamentos musicais e para o trabalho na roça, moedas e medalhas etc. O Museu dos Kanindé, como é conhecido, surgiu antes mesmo da organização da Associação Indígena Kanindé de Aratuba (AIKA) em 1998, a partir da sua participação no movimento indígena cearense. A organização do museu ocorreu concomitantemente ao processo de mobilização pelo reconhecimento da identidade indígena. A maior parte do povo indígena Kanindé forma a parentela constituída por núcleos familiares extensos moradores da Aldeia Fernandes, localizada à cinco quilômetros da zona urbana do município de Aratuba, à cerca de 140 quilômetros de Fortaleza, na região do maciço de Baturité. Suas principais atividades são a caça e a agricultura de subsistência. Plantam, principalmente, feijão, fava, milho e mamona. Durante o processo inicial de mobilização étnica, grande parcela do grupo assumiu o etnônimo “Kanindé”, com o qual passaram a identificar-se coletiva e publicamente perante as comunidades vizinhas, a sociedade cearense e o movimento indígena local. Inicialmente, tiveram um grande apoio da entidade indigenista Missão Tremembé, que possibilitou que participassem de projetos e intercâmbios com outros povos do Ceará e do nordeste. Se auto-designam como um ‘povo caçador’. Entre as atividades de subsistência, a caça é sempre enfatizada, ao lado da agricultura, praticada como complemento necessário para a alimentação.

Curiosidades históricas[editar | editar código-fonte]

A revista Caros Amigos publicou mensalmente em 12 fascículos, entre 2000 e 2002, uma coleção intitulada REBELDES BRASILEIROS, dentre os quais figura Canindé, chefe indígena que viveu no Século XVII e que forçou a assinatura de um tratado de paz com o Rei de Portugal Dom Pedro II (Não confundir com D. Pedro II, imperador do Brasil, que viveu quase dois séculos depois).

Em determinado trecho, o fascículo sobre o chefe indígena Canindé explica a origem do nome da tribo dos Canindés. Vejamos o texto da jornalista Fernanda Sposito, autora do fascículo: "Os Janduís, nação indígena que ocupava diversas áreas das capitanias de Pernambuco, Paraíba, Itamaracá e, principalmente Rio Grande (do Norte), eram da etnia dos Tarairiús. Entre os índios dessa etnia havia o hábito de chamar o próprio povo pelo nome de seu líder. Assim, os Janduís (ancestrais dos índios Canindés) adquirem esse nome em virtude do seu antigo líder, Janduí. Quando morreu Janduí, quem o sucedeu na liderança do grupo foi Canindé, guerreiro de destaque. Os índios que descenderam das tribos comandadas por Canindé passaram a se chamar de Canindés, embora continuassem sendo conhecidos pelos portugueses como Janduís".

Mais adiante, Fernanda Sposito traz alguns esclarecimentos sobre os traços físicos e culturais desses nativos: "Os holandeses pintores, cronistas, historiadores deles deixaram vários registros, mesmo porque foram seus aliados quando ocuparam o Nordeste brasileiro. Nesses registros, eles aparecem como homens e mulheres fortes e com o corpo bem desenvolvido. Eram guerreiros temidos por outros indígenas. Lutavam com grandes pedaços de madeira como arma, que era mortal. Tinham rituais de ocupação da terra, que pareciam jogos esportivos, em que alguns deles levavam um grande tronco de árvore às costas, em disparada até o território do qual pretendiam a posse. Iam periodicamente em busca de novos locais para ocupação, pois eram povos nômades, coletores e caçadores. Praticavam a antropofagia ritual, assando os restos de entes queridos e misturando as cinzas à comida".

Pois bem, desse trecho pode-se chegar a diversas suposições: a primeira delas é que, como se tratavam de povos nômades, a tribo dos Canindés pode ter ocupado temporariamente essa região que compreende os Sertões de Canindé, durante o século XVIII, conforme sugerem alguns historiadores.

O pesquisador Francisco Magalhães Karam assegurava que quando os colonizadores portugueses aqui se estabeleceram, o local já se chamava Canindé. Havia recebido esta denominação dos próprios nativos.

Ultimamente, uma comunidade que vive na fronteira de Canindé com o município de Aratuba luta para ser reconhecida pelas autoridades como descendentes da famosa tribo dos índios Canindés. A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará criou comissão de estudos para reconhecer a comunidade como tal. O jornal Santuário de São Francisco, órgão da Paróquia de São Francisco das Chagas, informa em sua edição de junho de 2001 que em 1738, o padre Ezequiel Gameiro foi encarregado de catequizar 30 casais de Genipapos e 40 casais de Canindés, aldeados na Serra do Uruquê e no Rio Choró. A comunidade que reivindica o reconhecimento seria descendente dos membros desta missão.

== Língua == 

Cosmologia e Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Quais são suas crenças com relação à vida, morte, criação, Deus, tempo? Quais são os principais rituais religiosos?

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Quais são os hábitos, costumes e outros elementos da tradição deste povo?

Medicina tradicional[editar | editar código-fonte]

Quais sãos as formas de conhecimento ancestral relacionados neste item? Quais são as plantas principais e métodos utilizados pelos pajés para as curas de males físicos e espirituais.

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

Sua terras estão em processo de demarcação? Existe um processo? Em qual estágio se encontram? Sofrem invasões? Há algum tipo de problema?

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Pataxós. Página do Ministério da Justiça Enciclopédia Barsa Universal.

Referências