Wikinativa/Carlos Henrique de Almeida Ferreira (vivencia Guarani 2018 - relato de experiência)

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Introdução[editar | editar código-fonte]

No segundo semestre do ano de 2018 foi oferecida, pela 4ª vez consecutiva, a disciplina optativa livre conhecida como “ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais 2 - Multiculturalismo e Direitos”; isso através da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades - USP Leste), tendo como coordenador o Professor Dr. Livre Docente Jorge Machado, qual mantêm vínculo com o curso de Gestão de Politicas Públicas e com o Ciclo Básico dessa mesma escola.

Nessa oportunidade pudemos aprofundar os nossos conhecimentos e pesquisas à cerca das questões ligadas aos povos Originários e Tradicionais do Brasil, assim como as suas lutas e batalhas, sendo algumas delas, travadas desde o ""Descobrimento do Brasil"".

Essa disciplina é desenvolvida e aprimorada a cada nova oportunidade, entretanto, todas as experiências ao redor dela são extremamente positivas, tanto para as comunidades indígenas que se relacionaram conosco, quanto para a própria comunidade acadêmica que acompanhou essa experiência durante o semestre.


A Disciplina[editar | editar código-fonte]

A disciplina “ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais 2 - Multiculturalismo e Direitos” busca adentrar no cenário dos povos existentes no nosso país a fim de traçar um paralelo entre as diferentes sociedades e suas formas de relacionamento, tanto dos povos e etnias entre si, mas também estudando a relação que tais povos tiveram, e ainda tem, com o restante da sociedade, principalmente com relação ao comportamento e relação com a “sociedade moderna”.

Baseando-se em diversos autores, produções culturais e cientificas o programa da disciplina pode ser considerado bem abrangente; abordando tanto as questões históricas como culturais de diferentes povos; buscando entender o tipo de comportamento e a suas organizações.

Nesta disciplina é evidente o convite para vivenciar de perto essas questões, tanto por conta das visitas que a turma realiza em algumas comunidades, mas principalmente por conta da sensibilidade alcançada por parte dos alunos devido ao delicado tema.

Ao decorrer do programa da disciplina acessamos grandes oportunidades de entender a situação desses povos, entretanto as visitas às comunidades que ocorrem no decorrer do semestre realmente são as principais oportunidades do aluno sentir de fato não só o modo diferente de viver que essas comunidades praticam, mas principalmente as suas dificuldades e lutas diárias.


O Território Indígena Guarani do Jaraguá - Aldeia Yvy Porã[editar | editar código-fonte]

O Território Indígena em questão esta localizado no bairro do Jaraguá, dentro da cidade de São Paulo. Contando com mais de 600 habitantes; além de uma quantidade enorme e assustadora de cães e gatos, quais, em sua maioria, são abandonados por outras comunidades externas na “porta” da reserva (Abandono). Todo o Território ocupa "legalmente" uma extensão de 1,2 hectares (menor que 2 campos de Futebol), entretanto a comunidade enfrenta um longo processo para a Ampliação da área dedicada à comunidade, qual ainda esta em curso.

Fomos muito bem recepcionados pela comunidade, qual dedicou muita atenção e afeto através das lideranças que nos receberam (Sônia e Thiago). Realizamos uma caminhada por quase toda a reserva, qual é muito pequena para a população indígena existente no local, onde notamos diversas e difíceis situações enfrentadas pela comunidade como, por exemplo, a falta de saneamento básico e a ausência de qualquer tipo de auxilio dos órgãos públicos competentes.

A reserva fica em um local que ainda possui, em partes, áreas preservadas e protegidas; isso traz grandes benefícios a essa comunidades, qual sempre dependeu diretamente do meio ambiente para sobreviver e adquirir seus produtos e alimentos. Entretanto o grande crescimento populacional urbano acaba suprimindo ainda mais a situação da comunidade indígena, tanto nas questões relativas à especulação imobiliária, quanto na qualidade dos recursos naturais que chegam à aldeia como, por exemplo, a contaminação por esgoto das águas que passam pela reserva.


O Território Indígena Tupi-Guarani do Rio Silveira[editar | editar código-fonte]

A aldeia Rio Silveira esta localizada no litoral sul do estado de São Paulo, mais especificamente entre os municípios de Boracéia e São Sebastião.

A comunidade conseguiu a demarcação e a homologação de suas terras entre os anos de 1987 e 1988, qual esta delimitada com cerca de 1.400 hectares para uma média de 600 indígenas do local, quais variam entre as dissidências dos índios Guarani e Tupi.

É uma comunidade que sofre com a alteração oferecida pelo desenvolvimento urbano da região e dos municípios próximos, entretanto a reserva é consideravelmente grande e esta localizada no sopé da Serra do Mar; uma região rica em natureza e com grande parte de suas matas em condições primárias e preservadas.

São pessoas bem felizes pelo que se pode notar; a comunidade realiza diversas atividades de forma coletiva, tanto nos momentos de lazer quanto nos momentos de trabalho. Existe condições de extrair quase todos os seus recursos necessários para sobrevivência dentro da própria mata onde a comunidade esta inserida, entretanto o fácil acesso ao meio urbano alterou significativamente o modo de vida da comunidade, qual, por exemplo, prefere comprar os alimentos ao invés de produzi-los propriamente.

Mas em considerações finais, a comunidade esta muito bem estabilizada e possui um modo de vida próspero, pois a densidade populacional é muito crescente, principalmente nos últimos anos.


A Vivência na Aldeia Rio Silveira[editar | editar código-fonte]

Conclusões Finais[editar | editar código-fonte]

Considero-me uma pessoa de muita sorte, realmente fui privilegiado com essa experiência, sinto que ela me ensinou muitas coisas não só sobre as culturas tradicionais do nosso país, mas principalmente sobre mim mesmo.

Senti um verdadeiro sentimento fraterno por parte da aldeia; o que fez com que eu me sentisse totalmente integrado e parte da comunidade.

Desejo que todas as pessoas da nossa instituição possam ter essa experiência, qual se traduz em momentos transformadores para o ser humano. Creio que seja impossível sair de lá sem ser tocado pelo amor e pela fraternidade que a comunidade busca nos oferecer.

Volto de lá uma pessoa muito melhor e não tenho palavras para agradecer tamanha oportunidade. Sinto-me realmente honrado em fazer parte dessa disciplina e por dar de mim para que essa experiência seja cada dia melhor.

Dentre os pontos mais importantes que eu desejo destacar, saliento a forma com que a experiência é capaz de mudar uma vida inteira de preconceitos. Vejo minhas companheiras e companheiros de turma voltar com outros olhos sobre essa questão; buscando atuar na linha de frente dessa batalha para defender os nossos irmãos e irmãs indígenas e quilombolas.

Agradeço meu caro amigo e professor Jorge Machado pela parceria e pela amizade. Sou bem grato pelo nosso encontro e por tantas empreitadas que já vencemos e que ainda estão por vir!