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Craó
População total

78 pessoas

Regiões com população significativa
Tocantins - 10.896694,-49.819221[1]
Línguas
Religiões
Grupo 2 Lucas, Ricardo, Priscila, Jhony e Nikolas
Autor Nikolas

Predefinição:TOC Os Craós são índios habitantes do território denominado kraholândia: área que compreende as fronteiras entre os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins. Eles constroem suas aldeias em área circular, dividem-se em grupos políticos e somente há pouco mais de dois séculos mantiveram contato com a civilização.[2]

Localização[editar | editar código-fonte]

Os Craós são habitantes do território denominado kraholândia: área que compreende as fronteiras entre os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.

Mapa Interativo[editar | editar código-fonte]

Clique aqui para visualizar o mapa interativo.

População[editar | editar código-fonte]

No início do século XIX eles somavam entre 3.500 e 4.000 índios. Nos anos 1970, segundo Julio César Melatti, antropólogo da Universidade de Brasília e especialista nessa sociedade, a população Krahô contava pouco mais de 500 pessoas.

O primeiro contato com a civilização foi conflituoso. Para defender suas terras, lutaram contra os fazendeiros de gado que avançavam do Piauí para o sul do Maranhão. Os krahôs resistiram, até que a necessidade de sobrevivência fez com que sua relação com o homem branco se tornasse pacífica. Esses enfrentamentos foram responsáveis pela redução drástica de sua população, especialmente a partir de 1809 quando, depois de atacar uma fazenda 70 índios foram feitos reféns e levados para São Luís.

Desde 1986, entretanto, a população krahô tem crescido. Já, em março de 2007, somavam duas mil pessoas, que buscam dar continuidade aos seus costumes e rituais.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Os Krahô-Kanela, assim como diversos outros grupos indígenas do Brasil, tem uma extensa e árdua história em busca de seu reconhecimento como etnia indígena e pelo direito às suas terras.

Até o presente, existem pouquíssimos registros da história dos índios Krahô-Kanela. Os poucos estudos antropológicos enfocando esse grupo indígena consistem de relatórios técnicos solicitados pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) para identificação e delimitação da Terra Índígena Mata Alagada, que foram elaborados na época em que pleiteavam essa Terra. Além disso, existem alguns poucos relatos sobre esse grupo indígena que foram divulgados em jornais e revistas de circulação local. Assim, reunimos tais informações e apresentamos aqui uma síntese da história desse grupo indígena para que todos os profissionais da Escola e das demais instituições envolvidas nesse Projeto possam conhecer melhor esses índios.

Um grupo de índios Krahô e Kanela, liderado por Florêncio Caboclo, parte do sul do Estado do Maranhão em meados da década 1920. Nesse processo de re-territorialização, o grupo se estabeleceu em três localidades por períodos variados de tempo: Serra do Carmo (1933 a 1949), Mumbuca, (1949 a 1959), Atoleiro (1959 a 1960), até que, em 1960, encontram espaço que reunia as condições para se reproduzirem, física e culturalmente, segundo suas expectativas coletivas. Desse modo, os índios Krahô-Kanela se estabeleceram na localidade da “Mata Alagada”, ali se territorializando. “Mata Alagada”, dentro da trajetória Krahô-Kanela, foi o espaço eleito como constituidor de novo território, desse modo ficou marcado e foi simbolicamente vinculado ao grupo. No ano de 1977, depois de um conflito com fazendeiros daquela região, eles foram expulsos dessas terras e passaram a habitar a periferia de Dueré, cidade mais próxima ao local que habitavam. Os fazendeiros que os expulsaram, obtiveram ilegalmente as ações de título daquelas terras com a ajuda de autoridades do extinto IDAGO (Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás), e estabeleceram ali a Fazenda Brahma.

Em 1984, os Krahô-Kanela solicitam reconhecimento e assistência da FUNAI, que abre então o “Processo de Delimitação e Reconhecimento da Terra Indígena Mata Alagada”. Três anos após, em 1987, uma parte do grupo foi conduzida pelo Órgão Indigenista ao Parque Indígena do Araguaia, no interior da Ilha do Bananal, área onde atualmente habitam os índios Karajá, Javaé, Tapirapé e Avá-Canoeiro; a outra parte se dispersou por cidades próximas como Gurupi, Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia e Cristalândia.

Em 1994, há o início da ação de retirada dos posseiros que ocupavam o interior da Ilha e nessa época, por volta de 1996, inicia-se também a negociação da retirada dos Krahô-Kanela daquela localidade.

Em junho de 1999, eles deixaram a Ilha do Bananal e foram conduzidos pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para o “Projeto de Assentamento Tarumã”, no município de Araguacema, a cerca de 450 Km dessa região. Naquele lugar, o Governo Federal destinou-lhes uma porção de terra pobre e sem condições de subsistência.

Em 22 de setembro de 2001, eles retornam a sua antiga morada, onde acampam durante 5 dias próximo à sede da Fazenda Brahma, com o objetivo de tomar posse daquele lugar. Após uma ordem de despejo, foram novamente removidos para outra localidade. Agora, dessa vez foram levados para o “Projeto de Assentamento Loroti”, localizado no município de Lagoa da Confusão. Ali permaneceram por cerca de 2 anos, juntamente com integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Os índios Krahô-Kanela não estavam satisfeitos com a FUNAI e o INCRA, pois o “Processo de Delimitação e Reconhecimento da Terra Indígena Mata Alagada” estava parado. Assim, há um novo conflito na Fazenda Brahma, que causa uma grande repercussão junto à mídia Nacional, o que acaba despertando atenção para sua luta. Após esse conflito, em novembro de 2003, eles foram transferidos do “Projeto de Assentamento Loroti” para a “Casa do Índio” em Gurupi, sob os cuidados da FUNAI.

Deve-se ter em mente que o primeiro trabalho técnico enfocando esse grupo indígena foi realizado em meados da década de 1980, pelo Antropólogo André de Amaral Toral, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Esse trabalho, por caracterizar o grupo Krahô-Kanela como “caboclos” ou apenas “remanescentes de índios”, acabou por influenciar a paralização do “Processo da Terra Indígena Mata Alagada por cerca de 15 anos, assim como fez com que tal grupo estivesse desamparado pela FUNAI, a qual passou, desde então, a considerar que a destinação de terras para essa comunidade fosse responsabilidade apenas do INCRA. Só com a realização do segundo trabalho técnico, em 2004, pela Antropóloga Graziela Rodrigues de Almeida, em um diferente contexto sóciopolítico, é que se possibilitou um devido reconhecimento a essa etnia.

Em outubro de 2005, a sociedade civil organizada reconheceu sua responsabilidade e sua dívida histórica para com este povo, os Krahô-Kanela. Através da criação do “Comitê pela Demarcação da Terra Indígena Mata Alagada”, as entidades que o compõem: CIMI (Conselho Indigenista Missionário), Centro de Direitos Humanos (CDH) de Palmas, Prelazia de Cristalândia, Casa 8 de Março, Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Arquidiocese de Palmas e de Porto Nacional, Igreja Anglicana, Organização Indígena do Tocantins (OIT), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Centro de Educação Popular, CEBs, ONG Eco-Terra, ONG APA-TO, Centro Acadêmico da UFT buscam levar esta reflexão para o público com as quais atuam e apoiar concretamente a luta dos Krahô-Kanela.

Destacamos que um grande avanço nessa luta foi o apoio que os Krahô-Kanela receberam das outras etnias (Karajá, Xerente, Krahô, Apinajé etc.) do Estado, através da Organização Indígena do Tocantins (OIT). Nesse período, as lideranças dos índios Krahô-Kanela fizeram várias reuniões e manifestações em Gurupi, Palmas e, até mesmo, em Brasília, solicitando o reconhecimento de seus direitos.

Em todos esses momentos aos índios Krahô-Kanela eram feitos pedidos de calma e, além disso, eles sempre ouviam promessas de que o retorno às suas terras ocorreria em breve. Mas, chegava a data de cumprimento da promessa e o Órgão Indigenista sempre adiava a data, renovando novamente o pedido de calma e fazendo mais promessas. Isso foi se extendo até que um dia, cansados de tanta falta de compromisso por parte das autoridades, eles resolvem agir novamente por conta própria. Assim, em julho de 2006, cerca de 29 anos após sua expulsão da “Terra Mata Alagada”, depois de uma história polêmica e conturbada, cerca de 100 índios Krahô-Kanela que residiam na “Casa do Índio” em Gurupi retornaram por conta própria para o local onde estabeleceram um vínculo simbólico.

Nessa época, aqueles índios que estavam estudando em Gurupi permaneceram na “Casa do Índio” até o fim do ano para concluírem o período letivo escolar. Ao final de 2006, todo o grupo foi para a Terra Indígena Mata Alagada, e a partir de 2007, os estudantes Krahô-Kanela receberam apoio da Prefeitura Municipal de Lagoa da Confusão que disponibilizou um ônibus escolar para conduzir diariamente os estudantes até a cidade, onde deram prosseguimento aos estudos nas Escolas locais.

Grupos de Residência[editar | editar código-fonte]

A sociedade krahô se divide em grupos políticos conforme as estações da seca e das chuvas. Compartilham a mesma residência três categorias:

Elementar: grupo composto por marido, mulher e filhos. Realizam as refeições entre eles apenas, afastados dos demais membros da família e compartilham o alimento na mesma cuia.
Doméstica: Reúne vários membros do grupo elementar. Os membros dessa categoria são chefiados pelo sogro.
Residencial: grupos formados pela casa original e as contíguas: cada casa abriga as mulheres que ali nasceram e seus maridos. Com a morte do sogro, um dos genros fica com a casa, enquanto os demais constroem outras ao lado da mais antiga. As pessoas nascidas nesse grupo não casam entre si.[2]

As casas[editar | editar código-fonte]

As casas são construídas como as sertanejas, com duas águas, não têm janelas e pouca ou nenhuma divisão interna. São cobertas de folhas de palmeira, que também forram as paredes. No interior da casa os krahôs usam cestos de folhas de buriti pendurados para guardar mantimentos.

Os índios krahôs constroem suas casas formando um círculo, semelhante à torta de Páscoa, como se fosse uma torta cortada em fatias radiais. As casas dispostas lado a lado formam um grande círculo e de cada uma sai um caminho até o centro, chamado de Pátio.[2]

O Pátio[editar | editar código-fonte]

O Pátio é chamado de e representa o coração da aldeia. É no Pátio que os homens da tribo se reúnem para dividir o trabalho, discutir e tomar decisões importantes para a comunidade.[2]

Rituais[editar | editar código-fonte]

Em 1986 a aldeia Krahô protestou contra a doação ao Museu Paulista do "machado de pedra de lâmina semilunar" e conseguiu seu retorno à tribo depois de muita disputa. A machadinha de pedra, "khoyré", é o elemento sagrado que simboliza a tradição e a vida. Os ritos se baseiam na crença no "equilíbrio dos opostos".

A tribo Krahô celebra a colheita no verão – a "festa da batata (panti)", e comemora a fartura da roça na "festa do Milho (pônhê)", considerado sagrado. Cultivam ainda mandioca, amendoim e abóbora. Os casais são responsáveis pelo cultivo e preparam a roça para a família. Em caso de separação a mulher fica com a produção. Depois da colheita, e só então, outros membros da tribo podem utilizar o mesmo local.

Pintura no corpo[editar | editar código-fonte]

Os Krahôs pintam o corpo com urucum, jenipapo e carvão, conforme padrões estabelecidos por cada grupo. As crianças da tribo e as pessoas em resguardo utilizam ainda penas de periquito e de gavião coladas ao corpo.[2]

Música[editar | editar código-fonte]

A música é uma das manifestações artísticas do krahô. O seu principal instrumento é o "maraca", feito de um fruto chamado "cuité".[2]

Conquista de terras[editar | editar código-fonte]

Presidente da FUNAI, Mércio Pereira Gomes decidiu atender a luta dos indigenas por suas terras. Ja que estes vivem de forma precaria. A reportagem pode ser visualizada no link[3]

Porem, só foi formalizado a conquistas das terras após um ano. Nesta reportagem pode-se ver um dura critica a FUNAI, onde esta não se colocou junto ao povo Krahô-Kanela pela sua busca por ter um pedaço de terra para morar. Já que o povo vivia em cima de um lixão. Nesta reportagem se tem o audio da materia[4]

Corrida de toras[editar | editar código-fonte]

A corrida de toras é um rito valorizado pela tribo e conta com a participação de homens e mulheres. Durante a corrida a comunidade se divide em duas: uma para representar a "metade do sol nascente" e outra a "metade do sol poente". A corrida se realiza depois de caçadas, pescarias e colheitas. A tora vai sendo passada adiante por cada corredor a um outro companheiro.[2]

Resistência a invasores[editar | editar código-fonte]

Exploração de recursos por caçadores e pescadores e fazendeiros latifundiários querendo tomar as terras dos índios.


Referências

  1. Google Maps
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 Revista História Viva, nº 41, p. 24-25 - "O curioso modo de vida dos Krahô" por Julio Cesar Melatti. Editora Duetto. São Paulo. Março de 2007.
  3. Consciência.net
  4. Rádio Agência

ALMEIDA, G.R. 2004. Relatório de Identificação e Delimitação da terra Indígena Krahô-Kanela. FUNAI, Brasília (DF). 45p.

LUCHIN, L. 2004. Povo Krahô-Kanela retoma sua terra tradicional. Porantim, Brasília (DF). Ano XXVI, nº 266: 8-9.

SOUZA, K.T. 2005. Luta pela terra impulsiona movimento indígena em Tocantins. Porantim, Brasília (DF). Ano XXVI, nº 281: 10-11.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]