Wikinativa/Estufa e plantio (vivencia Guarani 2018)

Fonte: Wikiversidade

ACH3787 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI


Barbara Dalmaso - Nº USP: 8510730
Carlos Vieira - Nº USP: 10281431
Felipe Cruz - Nº USP: 7969894
Gabriela Camacho - Nº USP: 8082511
Karina de Moura Sousa - Nº USP: 10259411
Laura Policarpo Lima - Nº USP: 10347274
Marcela Borges Dino - Nº USP: 10725626
Paula Rosa Pereira - Nº USP: 10882914
Pedro Prates Games - Nº USP: 9761145


RELATÓRIO: PROJETO ESTUFA E PLANTAÇÃO


INTRODUÇÃO[editar | editar código-fonte]

A proposta inicial do projeto foi realizar a construção de uma estufa ecológica, na qual iríamos plantar ervas medicinais e algumas árvores frutíferas. Nosso principal objetivo era facilitar o acesso dos indígenas às ervas fitoterápicas, que iria favorecer o processo doença-saúde dos indivíduos da comunidade. Além disso, a plantação de ervas medicinais e árvores frutíferas possui a capacidade de promover a transmissão de conhecimentos ancestrais para as próximas gerações, servindo como estímulo para o intercâmbio de conhecimento intra e inter-comunitários do povo Guarani. Como forma de complementar o projeto também propusemos a criação de uma cartilha, na qual seriam listadas as espécies de plantas a serem cultivadas na estufa, com seu princípio fitoterápico e indicações de uso devidamente identificados. Assim, para a realização deste projeto o grupo foi dividido entre: (A) os que se responsabilizaram pela obtenção das mudas a serem plantadas; e (B) os que fariam a cartilha. A construção da estufa seria realizada a partir do auxílio do Grupo de Extensão referente a disciplina ACH3783 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI, que iria ceder os materiais.

SELEÇÃO E COMPRA DAS MUDAS[editar | editar código-fonte]

Para atingirmos nossos objetivos, foi imprescindível que a seleção das mudas fosse realizada a partir de plantas comuns do repertório cultural e histórico do povo Guarani. Para isso, o Grupo de Extensão realizou uma pesquisa com indivíduos da Aldeia, na qual foram indicadas espécies de árvores com princípios fitoterápicos fundamentais para o povo e comuns da cultura indígena. A partir da lista de plantas indicadas pelos indígenas, no dia 09 de outubro de 2018 um grupo de alunos foi ao CEAGESP-SP para a compra das mudas. Como resultado, compramos Pitangueiras, Pé de Acerola, Abacateiro, Boldo, Camomila, Artemísia, Limoeiro, Erva Cidreira e tantas outras plantas que remetem a cultura Guarani. Mesmo no CEAGESP, foi possível sentir a energia que aquelas plantas estavam emanando, onde pudemos perceber um pouco da sabedoria indígena e sua importância para a resistência e sobrevivência cultural deste povo. Alguns membros do grupo se responsabilizaram do transporte das mudas até a Aldeia do Rio Silveiras.

CARTILHA[editar | editar código-fonte]

Uma das plantas que constam na Cartilha

Dentre as plantas e mudas escolhidas para o projeto estão: amora, boldo, calêndula, jatobá, quebra pedra, pitanga, camomila, babosa, dipirona, arnica, barbatimão, abacateiro e artemísia, que tiveram suas informações dispostas em uma cartilha. A criação da cartilha veio tanto para facilitar a identificação das plantas, quanto para informar para que as mesmas serviam medicinalmente, pois embora os indígenas já conheçam muitas das plantas, algumas delas poderiam ser desconhecidas para eles. O grupo responsável pela produção da cartilha decidiu fazê-la de maneira simples e direta, separando apenas três perguntas destaques: para que serve, como usar e as contraindicações. Além das respostas dessas perguntas, foram inclusos o nome da planta em destaque e uma imagem da mesma.

DESFECHO[editar | editar código-fonte]

Chegamos à aldeia quinta-feira à noite, ainda sob muita chuva. Por conta disso tivemos que nos alojar nas casas de reza, onde esperamos amanhecer para dar início a montagem das barracas. Na programação planejada, sexta-feira a tarde seria quando iríamos começar a plantar as mudinhas e iniciar a construção da estufa, porém, devido a grande chuva do dia anterior, o local previsto estava alagado e não teríamos condições de começar o projeto naquele dia. Sabendo disso, participamos das outras atividades que aconteceram com a organização dos demais grupos, como as brincadeiras com as crianças e a contação de histórias. No sábado de manhã o sol surgiu. Neste momento acreditamos que seria possível dar início ao nosso projeto. Infelizmente, durante a tarde, a chuva voltou e não cessou até a noite, assim, novamente não conseguimos dar início ao que tínhamos planejado. No domingo ainda era possível observar resquícios da chuva que nos acompanhou durante toda a vivência. Neste momento percebemos que não conseguiríamos concluir o que havíamos planejado meses antes da viagem. Felizmente, soubemos que algumas semanas depois haveria um retorno de um grupo externo para a plantação das mudas que conseguimos no CEAGESP. Apesar de não termos tido a oportunidade de pôr em prática o que planejamos, devido ao tempo, ficamos muito felizes em ver que nosso projeto foi levado adiante e que pôde transcender as ideias inicialmente discutidas pelo grupo. Esperamos que ele tenha causado o impacto social que esperávamos e que possa melhorar a qualidade de vida da população indígena da Aldeia.

VIVÊNCIA COLETIVA[editar | editar código-fonte]

Esta viagem nos trouxe uma outra perspectiva de vida a respeito da compreensão da cultura, valores e costumes da sociedade indígena, principalmente o respeito pela natureza e tempo. Em todos os momentos foi possível observar sinais de respeito por Nhanderú, a divindade que comanda todos os acontecimentos. Outra característica marcante foi observar o sentimento de união e a partilha de todos os pertences materiais. A casa de reza reúne toda a Aldeia para as suas cerimônias que acontecem diariamente. Todos os dias o povo nos convidou a participar deste momento de louvar, cantar, meditar e pitar o cachimbo em forma de agradecimento pela vida concedida por Nhanderú. Além das reuniões na casa de reza, tivemos a oportunidade de ter uma interação maior com o próprio grupo da Disciplina, fortalecendo o laço de amizade. Nossa experiência coletiva se deu também a partir do desenvolvimento e integração também com as atividades que ocorriam simultaneamente de outros grupos durante nosso tempo na aldeia, o que também permitiu que pudéssemos compartilhar de um conhecimento fora de nossas atividades pré planejadas e nos fez ser flexíveis e entender melhor o conceito dos moradores da aldeia de se adaptar e viver cada dia conforme Nhanderú deseja, e isso enriqueceu tanto durante a visita quanto na volta à cidade.

CONCLUSÃO[editar | editar código-fonte]

Infelizmente não conseguimos realizar nosso projeto da estufa e do plantio nas datas da vivência, ainda assim nosso planejamento não foi em vão. Conseguimos, cada um, de alguma maneira, participar das outras atividades previstas. A oficina de camisetas, a contação de histórias, o cinema, o lazer com as crianças e até a padaria, dessa forma, confraternizando e aprendendo com as demais nessa interação. Além das atividades dos projetos organizados pela disciplina, os momentos marcantes que vivenciamos na Aldeia serão para sempre guardados na memória por cada membro de nosso grupo. Pudemos perceber singularidades ancestrais da sabedoria indígena até mesmo em pequenos detalhes, como no caminhar do povo da Aldeia. Com isso, a experiência vivida durante apenas quatro dias nos acrescentou sabedoria espiritual que pretendemos levar adiante em todos os dias de nossas vidas, principalmente nos momentos de luta e resistência.