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Wikinativa/Iauanauá

Fonte: Wikiversidade

Os Iauanauás ou Yawanawá são um povo indígena de língua da família do tronco linguístico pano. Yawanawá significa "Povo do Queixada". Apesar de se expressarem na língua portuguesa, a maior parte dos indíviduos da etnia conservam seu idioma original.

Em 2010, os Iauanauás totalizavam 541 indivíduos, segundo dados da Funasa. Vivem em sua maioria na Terra Indígena Rio Gregório, no município de Tarauacá, ao oeste do estado do Acre nas proximidades do rio Gregório. Seu território abrange uma área de 20 hectares.

Iauanauás
Os Iauanauás
População total

541 (2010, Funasa)

Regiões com população significativa
Terra Indígena Rio Gregório - AC
Línguas
Yawanawa
Religiões
Com práticas provenientes do Xamanismo, os Iauanauá praticam a reza, chamada Shuãnka.
Grupos étnicos relacionados
Shawãdawa, Shanênawa, Rununawa, Sainawa, e Katukina


Localização

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Os Iauanauás habitam a parte sul da Terra Indígena Rio Gregório, compartilhando-a com os Catuquinas da aldeia de Sete Estrelas. Essa TI, localizada no município de Tarauacá, foi a primeira a ser demarcada no Acre e ocupa a cabeceira deste afluente do Juruá.

Coordenadas -8.413961, -71.949677

Veja no mapa

Mapa Interativo

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8.413961° ' S 71.949677º ' W

A comunidade Iauanauá é na realidade um conjunto que inclui membros de outros grupos: Shawãdawa (Arara), Iskunawa (atualmente conhecidos como Shanênawa, moram em uma aldeia próxima à cidade de Feijó), Rununawa, Sainawa (conhecidos geralmente como Yaminawá e que moram na região do Bagé), e Katukina. Esta configuração é o resultado de uma dinâmica sociológica própria de muitos grupos pano — alianças através de casamentos, raptos de mulheres no contexto de conflitos bélicos, migrações de famílias — e uma série de contingências históricas, especialmente as mudanças ocorridas a partir da chegada do homem branco — epidemias, alterações demográficas... Por meio destes processos foram se incorporando pessoas de outros povos que mantiveram relações com os Iauanauá no passado[1].

A Terra Indígena do Rio Gregório foi demarcada na década de 1980. Em 1993, a tribo realizou um acordo comercial com a empresa estadunidense Aveda para o fornecimento de urucum a ser utilizado na fabricação de cosméticos. Graças ao acordo, a tribo teve condições econômicas de resgatar sua cultura tradicional, que estava se perdendo[2]. A Terra Indígena do Rio Gregório foi ampliada para 182 mil hectares em 2007 pela Fundação Nacional do Índio.

Em 2001, uma velha rivalidade entre Biraci e o primo Tashka dividiu a tribo. Alguns integrantes reclamavam há anos da maneira como Biraci distribuía os produtos comprados com recursos da Aveda, segundo líderes tribais. Agora fluente em inglês, Tashka voltou ao Brasil e começou a pressionar para assumir o controle do projeto da Aveda. Uma assembleia tribal acabou votando para que ele substituísse Biraci.

A parte da tribo que ficou com Biraci acabou cancelando o acordo com a Aveda e agora está buscando novas fontes de receita, como turismo e fabricação de mobílias. Tashka tem o apoio do resto da tribo e está trabalhando com a Aveda para reiniciar a produção de urucum no povoado de sua família, em Mutum. Os índios conseguiram em fevereiro produzir a primeira safra usável desde 2007, de 64 quilos. A Aveda gostaria de comprar duas toneladas este ano, diz Conseil, o diretor-presidente.[3]

A língua Yawanawa pertence à família lingüística pano, apresentando um alto nível de inteligibilidade com a de outros grupos pano como os Shanênawa, Yaminawá, Shawãdawa e Sainawa. Na atualidade, a maior parte da população é bilíngüe, sendo o grau de conhecimento da língua indígena e do português definido pelas faixas etárias. Entre os mais velhos, é utilizada preferentemente a língua indígena, enquanto o domínio do português é reduzido, e nulo em alguns casos. Entre as crianças e pessoas mais novas dão-se três situações diferentes, dependendo fundamentalmente das famílias a que pertencem: aqueles que são bilíngües; aqueles que dominam o português mas entendem a língua indígena sem falá-la; e aqueles que são monolíngües em português. A população adulta domina ambas as línguas e tem na atualidade uma preocupação pela conservação da língua indígena[4].

Cosmologia e Religiosidade

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Com práticas provenientes do Xamanismo, os Iauanauá praticam a reza, chamada Shuãnka.

Aspectos Culturais

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A caça e a pesca são duas das principais atividades econômicas dos Yawanawa. Na época da estiagem organizam-se pescarias nas quais participa quase toda a comunidade e que se convertem em importantes eventos sociais ("festas de comida", como as descrevem os próprios Yawanawa). Utilizam diversos venenos vegetais (tingui, leite de açacu), que, colocados na água, fazem os peixes boiarem e facilitam sua captura. Durante a temporada das chuvas, quando os animais de grande porte deixam rastos, a caça vira uma das principais fontes de alimentação.

Os alimentos básicos obtidos do roçado são a mandioca, a banana e o milho, mas são cultivados também outros produtos como o arroz, batata doce, mamão, abacaxi e cana de açúcar.[5]

O conhecimento das artes — cerâmica, desenhos, armas de madeira, cestaria — fica nas mãos de poucas pessoas, fundamentalmente as mais velhas, existe um esforço recente por transmitir estes saberes às novas gerações. Destaca-se a diversidade dos desenhos corporais, muito utilizados na festa do mariri (saiba mais sobre a festa do mariri em "Rituais"), que são feitos com urucum e/ou jenipapo, utilizando-se às vezes uma resina cheirosa para fixá-los à pele. Saias de palha de buriti, cocares de taboca desenhados e braceletes de palha são também utilizados como enfeites durante as festas rituais. Algumas pessoas ainda fabricam armas (lanças, arcos, bordunas, flechas e punhais utilizados tradicionalmente na guerra) feitas com taboca e madeira de pupunheira brava, e enfeitadas com desenhos, linha de algodão e penas de arara, tucano e papagaio fundamentalmente. Enquanto o trabalho de armas é uma prática exclusivamente masculina, o desenho é uma atividade vinculada à esfera feminina, da mesma forma que a cerâmica e a cestaria. Os processos de elaboração de armas e cerâmica estão sujeitos ao cumprimento de diversos resguardos. [6]

Medicina tradicional

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A respeito da cura, existem várias técnicas praticadas pelos especialistas yawanawa (p.e. o canto de cura, o assopro, etc). Durante as sessões de cura, o xinaya - nome que recebe o rezador - ingere ayahuasca e reza sobre um pote cheio de caiçuma de mandioca que posteriormente beberá o doente. Um aspecto interessante desta prática é que o diagnóstico da doença se estabelece a partir do sonho que teve o paciente antes de adoecer.

Da mesma forma que existem diferentes técnicas xamânicas, há também diversas denominações para designar a cada especialista (yuvehu, kushuintia, shuintia). A iniciação xamânica consiste em quatro processos paralelos: a realização de certas provas (chupar o coração de uma sucuri, derrubar uma colmeia de abelhas); o cumprimento de resguardos estritos que implicam a abstinência sexual e de certos alimentos; a ingestão de certas substâncias alucinógenas (ayahuasca, pimenta, datura, rapé de tabaco, rarë — planta não identificada-, caldo de tabaco); e o aprendizado dos conteúdos específicos de cada técnica, isto é, os cantos de cura e as rezas.

O poder xamânico é ambivalente já que outorga simultaneamente a capacidade de curar e de provocar doenças. As acusações de feitiçaria e envenenamento entre os Yawanawa são tanto intergrupais como intragrupais, provocando em ocasiões tensões sociais que podem derivar em fissões. Em 1999 a comunidade contava com dois rezadores e cinco especialistas em remédios vegetais.[7]

Situação territorial

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Segundo informações do site Socio Ambiental "De olho nas terras Indígenas", os Iauanauás habitam a parte sul da Terra Indígena Rio Gregório, território declarado na área da jurisdição da Amazônia Legal

Ligações externas

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Povo Iauanauá

Iauanauá Wikipédia.

Referências