Wikinativa/Jarauara

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Os Jarauara, também conhecidos como Jarawara, Yarawara, Jaruára ou Yokana (como se autodenominam), vivem nas terras indígenas Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, mais concentrado na região próxima do rio Purus (AM). Seus e ruim de mais membros, embora mantenham seus costumes, crenças e rituais, é bastante urbanizado, isto é, utilizam-se de diversos materiais e produtos industrializados, mantendo então um contato, uma relação frequente com o chamado "povo branco".

Jarauara
População total

210 (Funasa, 2010)

Regiões com população significativa
Purus Brasil
Línguas
Arawá
Religiões
Acreditam que o mundo é divido no que está abaixo da terra, na terra, no céu e nas águas, sendo cada uma delas habitadas por diferentes elementos/entidades.
Grupos étnicos relacionados
Jamamadis

Localização[editar | editar código-fonte]

Os Jarauaras vivem no território indígena Jarawara/Jamamadi/Kanamanti, homologada em 1998 e situada no médio Purus, entre os municípios de Lábrea e Tapauá. O território em que habitam há pelo menos oitenta anos corresponde a um terço do total das terras indígenas, também habitada pelos Jamamadi/Kanamanti, e abrange regiões de terra firme e de transição com a várzea.

Coordenadas -7.21535,-65.352859

Veja no mapa

Mapa Interativo[editar | editar código-fonte]

Confira o mapa interativo

História[editar | editar código-fonte]

O povo Jarawara possui diversos mitos em relação a varios aspectos, seja sobre espíritos, monstros, seus heróis, inimigos, entre outros. Um desses mitos é sobre a sua origem, que conta sobre uma jovem que escapa de uma invasão de povos inimigos, onde tais inimigos mataram e comeram todos, menos a jovem, que com muita astúcia fingiu-se de morta e, assim, conseguiu escapar dessa carnificina. Conta-se que a jovem, ao enganar os inimigos, encontrou-se mais tarde com um outro jovem de sua tribo que estivera ausente no momento da invasão caçando na floresta. Casaram-se e procriaram, escondendo-se dos inimigos e assim fazendo seu povo crescer, renascendo-o e dando origem ao povo Jarawara que conhecemos hoje.

Resistência a madeireiros[editar | editar código-fonte]

Os Jarawara mantém contato com o povo branco e até mesmo possuem casas localizadas na cidade de Lábrea, onde tais casas foram obtidas por meio de compra ou doação. Os Jarawara, quando vão para a cidade, permanecem na região por apenas alguns dias e quando retornam e estão ausentes, suas residências são constantemente invadidas e saqueadas, apesar de terem certo respeito e conhecimento da violência dos cidadãos de Lábrea.

Os ataques e invasões por parte do povo branco ocorre não só na cidade como também em suas próprias terras indígenas, onde ocorrem uma luta constante e árdua entre os madeireiros e também pelos pescadores. Apesar da disputa pelos seus direitos e as diversas reuniões entre a comunidade indígena representada pelo cacique, um professor indígena e um membro da AIS (Agente Indígena da Saúde) e o governo, o povo jarawara enfrenta ainda esses problemas em seu território.

Língua[editar | editar código-fonte]

Falam a língua arawara, da família linguística Arawa, bastante parecida com as línguas (originárias da mesma família) dos Jamamadi e dos Banawa-yafi com quem se comunicam facilmente quando necessário. No entanto, existem dialetos e sotaques nitidamente diferentes. Apenas dois ou três homens falam fluentemente o português.

A língua foi estudada em profundidade pelo linguista-missionário Alan Vogel e por Robert Dixon, que publicaram diversos artigos, teses e livros sobre o assunto. A ortografia jarawara consiste em onze consoantes (b, t, k, f, s, h, m, n, r, w, y) e apenas quatro vogais (a, e, i, o) e foi elaborada em 1988 por membros do Sociedade Internacional de Linguística (SIL), levando em conta sobretudo a ortografia jamamadi, que tem praticamente o mesmo inventário fonético.

Cosmologia e Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Os jarawara acreditam que existem quatro cosmos: abaixo da terra, a terra, o céu (superior e inferior) e as águas. Segundo eles, a terra e o céu é onde habitam os seres humanos, os animais, alguns espíritos e monstros, enquanto que abaixo da terra estão somente os espíritos e as almas que vagam pela terra e, nas águas, estão os temidos monstros dos jarawara, sendo o principal conhecido como maka, um ser que ora é cobra, ora é humano, se disfarçando para atacar e comê-los.

A morte, segundo os jarawara, é a elevação da alma do índio que morreu, sendo os rumos que ela toma diversos, seja ela para o céu superior, ao lado dos seus filhos e netos e dos espíritos das plantas que ele plantou, ou mesmo se transforma em uma queixada (um animal selvagem) para visitar os entes queridos e servir de carne para os mesmos.

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Na cultura dos Jarawara existem diversos rituais realizados , mas com certeza o principal deles é a passagem da jovem na fase criança/adolescente para a fase adulta, conhecida como chicane, marina ou ayaka. A iniciação ocorre no momento em que a jovem menstrua pela primeira vez, os seus cabelos são então cortados, quase que raspados e ela fica alojada em uma pequena casa de palha construída pelos seus parentes próximos (pais, tios, etc.) dentro da residência de sua família, geralmente se localiza onde a jovem dormia, isto é, sua rede.

A jovem permanece dentro dessa casinha saindo apenas para tomar banho e realizar suas tarefas diárias, como lavar a roupa, porém, sempre que saía, ela era coberta por um tecido ou algo semelhante que impedia que ela visse homens e também para que ela não seja vista por homens, tanto é que no local onde ela realiza suas tarefas e se banha, todos do sexo masculino, não importando a idade, são retirados para manter a jovem longe deles.

O processo de reclusão continua durante alguns meses, variando cerca de 3 a 6 meses, o suficiente para que seus cabelos cheguem na região da nuca, porém, quem dá o veto final e anuncia o término da reclusão e o início da festa é o seu pai, ou então pelo seu tio mais próximo. Anunciada a festa, o responsável convida outras aldeias e providencia a festa a ser realizada, sendo essa festa marcada geralmente no verão ou no inverno, quando os rios estão em alta e a locomoção por eles seja possível. Um outro fator que parece ser levado com conta é que seja uma noite de lua cheia.

A preparação da festa do ayaka é realizada por todos os membros da tribo, onde os homens caçam e pescam, e as mulheres fabricam e estocam a farinha e outros alimentos durante todo o período entre o anúncio da festa e a realização da mesma, que dura no mínimo três dias e três noites, durando até que a comida acabe, podendo se prolongar por até seis dias. No último dia da festa, a menina é amarrada e chicoteada até sangrar, e permanece assim por dois dias e uma noite depois que a festa acaba, só então ela pode finalmente se descobrir e seguir sua rotina.

Medicina tradicional[editar | editar código-fonte]

Não foram encontradas quaisquer informações a respeito.

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

Não foram encontradas quaisquer informações a respeito.

Fontes[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

Terra Indígena Jarawara