Wikinativa/Marcela Borges Dino (vivencia Guarani 2018 - relato de experiência)

Fonte: Wikiversidade

Aldeia Guarani Tekoa Pyau

O meu primeiro contato direto com os indígenas foi na Aldeia Guarani Tekoa Pyau, que nos reunimos para ajudar um núcleo da comunidade para a construção da casa de reza, a aldeia fica localizada no Pico do Jaraguá, onde é a menor terra indígena do Brasil, cerca de 1,7 hectare. Ficamos um dia inteiro na aldeia, fomos muito bem recepcionados, as mulheres cozinharam para nós e todo o resto da aldeia ajudou e ensinou a como construir a casa de reza com barro. Depois que terminamos a contrução, nos deixaram participar da inaugiração da casa de reza, o que é muito raro, e me senti privilegiada. Com isso consegui perceber a aproximação e confiança em relação aos juruás e ter a oportunidade de poder ajudar a construir e ainda participar algo significativo para a comunidade e que para mim também foi significativo.

Aldeia Rio Silveiras

Chegamos na aldeia por volta das 19h da Quinta-feira, com muita chuva, enfrentamos essa dificuldade logo no inicio pois estava escura e o chão com barro escorregadio, por isso tivemos que dormir na casa de reza nessa noite, pois não conseguimos montar nossas barracas. No segundo dia,apesar da chuva ter continuado, conseguimos montar nossas barracas e mais tarde fizemos uma trilha para uma das cachoeiras da aldeia. Nos banhamos na cachoeira e nos aproximamos mais com as próproas pessoas da disciplina, todos reunidos vibrando a mesma energia, entramos em sintonia. Quando voltamos para a aldeia, as mulheres, estavam preparando o Tipá, que é como se fosse uma massa de pão frita e muito gostosa. A tarde brincamos com as crianças, que era a oficina de um dos grupos, descansamos, e fomos para a casa de reza. Nesse dia da casa de reza, foi bem diferente, o contexto politico atual do Brasil foi a discussão daquela noite. A luta indígena ainda não acabou e temos que nos unir e nos preparar para o que está por vir. Foi um momento de refletir, trocar ideias e estratégias e explicar para nós e o resto da comunidade o quanto isso é importante de se discutido e principalmente ainda ter a fé em Nhanderú. No terceiro dia fizemos outra trilha dentro da aldeia em que fomos em outra cachoeira ainda maior e no rio Silveiras que passa pela aldeia. Apesar do meu pé machucado, consegui fazer a trilha e valeu muito a pena o esforço que fiz, pois quando cheguei me apaixonei. A natureza é incrível e já dava para sentir a espiritualidade de cada um aflorando e novamente eu, o grupo e os indigenas que estavam nos acompanhando, entramos em sintonia entre nós e com o lugar que estávamos. Também foi a primeira vez em que eu experimentei rapé e valeu a sensação,a magia do rapé é bem forte e purificadora, agradeço muito pela oportunidade que tive. No último dia fomos embora cedo e não deu para aproveitar igual aos outros dias, mas passamos muito tempo juntos e foi importante para mim reforçar os laços com as pessoas que fazem parte do meu dia a dia. Aprendi de coração aberto sobre a vida indígena. Vivem de um modo simples, tranquilo e principalmente em harmonia com a natureza e Nhanderú, o que eu admiro e percebo que nós precisamos incluir na nossa rotina a espiritualidade e a simplicidade. De fato, agradeço a disciplina, os professores,monitores, a universidade e Nhanderú.