Wikinativa/Maria de Fátima Rodrigues (vivencia Guarani 2018 - relato de experiência)

Fonte: Wikiversidade
ENA
Ficheiro:Eu na aldeia
ENA

Introdução

A disciplina ACH37

87 - Seminários de Políticas Públicas Setoriais VI, teve como foco a cultura dos povos originários e a prática para esse aprendizado aconteceu por meio de uma imersão, uma delas ocorreu na Reserva indígena Guarani Rio Silveira, em Bertioga.

Reflexões da Vivência na Aldeia Rio Silveiras

Chegamos enfim, bagagens todas nas mãos, a noite já se faz presente, nem sei que horas são. Caminho feito de lama, avistamos a aldeia e conhecemos as pessoas. A Casa de Reza é nosso destino iremos participar pela primeira vez da cerimonia, onde há a comunhão com os antepassados, reflexões do momento fazendo uso da música, da dança, do fumo considerado medicinal e sagrado. Essas cerimônias são diárias, mas cada dia parece diferente. A chuva nos uniu, o Pajé permitiu pela primeira vez que todos se abriguem na Casa de Reza, um sono coletivo.

Dormir ao som dos sapos, rumores de outros seres, Meu sono é gigante, o corpo está em trapos; Preciso urgentemente me desligar do tempo.

O dia recomeça, a natureza se expressa, cai a chuva após a trégua, Salve o que não quiser molhar; O barro dessa vida toma a forma de nossos pés, deixando os rastros para quem queira acompanhar.

Dia após dia o relógio biológico diz que é hora de acordar; Lave o rosto, escove os dentes, espere para o café tomar; Reforce esse corpo, para as atividades aguentar; Cada qual em sua direção combinaram se encontrar; para o labor ter seu valor todos vão participar. A princípio nos poupamos, ficando na zona de conforto; Após nos expormos, não existe mais comportas; Somente o grau de entrega importa. As trilhas são os caminhos que nos levarão aos rios, águas explodem sobre as pedras formando as cachoeiras; Rio Silveira aparece assim que termina a trilha, caminhar por entre as águas, sentir a força que tem, areia sob meus pés, entrando por entre os dedos A correnteza sobre as pedras me causou um pouco de medo ,fiquei sentada em uma pedra, limitando-me a contemplar e deixar a água rolar sobre meus pés. Chega a hora do retorno ,o caminho invertido, onde subi agora desço com os cuidados renovados chegamos a aldeia do cacique Adolfo, onde ele reuniu o povo ,expondo suas convicções do que é ser um índio, suas construções, desmatamento ,ideias de plantio futuros. Deixando no fundo um leve toque de que não era desinformado e tinha a autoridade naquela região. Último dia na aldeia ,acordei um pouco mais tarde, após comermos algo fomos arrumar as bagagens .Uma reunião de despedida começou na Casa de Reza, participei dessa vez com todos na dança e finalmente nos despedimos do Pajé que nos desejou boa viagem . Estavam em volta da fogueira as mulheres indígenas, o Pajé e os adolescentes que tocavam instrumentos ,me despedi abraçando-os foi o momento que mais me conectei com eles, era a hora de partir. Considerações finais Agora vendo a distância reflito com mais clareza o que me tocaram foram a simplicidade das pessoas, a liberdade das crianças, a força e sabedoria das mulheres, a grande espiritualidade em conecção com a natureza, não pude ver hierarquias ,mas sim respeito . Em contrapartida ainda se vê pessoas que querem impor suas crenças em troca de presentes, velhas práticas que já dizimaram povos. Fotógrafos revesando.se para levar imagens de adolescentes e crianças não sei quais os fins, isso me incomodou muito. Em minha participação com o grupo procurei fazer o que estava ao meu alcance, emoções inusitadas, mas que valeram pela experiência . Sai da aldeia com mais conhecimento do que cheguei e com maior empatia por suas causas.


Maria de Fátima Rodrigues-9074649