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Wikinativa/Paulo Borges (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)

Fonte: Wikiversidade

Paulo Borges Viríssimo dos Santos

Não conhecia a disciplina, e fiquei sabendo da possibilidade de cursar através de amigos que já tinham cursado em anos anteriores. Como curso Licenciatura em Ciências da Natureza fiquei entusiasmado com a possível vivência na Aldeia Rio Silveira, o que possibilitaria uma observação sobre as metodologias de ensino empregadas com as crianças da aldeia. Também fiquei entusiasmado com o contato que teríamos com a natureza, pois no meu curso realizamos diversas viagens de campo, onde podemos observar a geologia, fauna, flora, condições atmosféricas e tudo mais relacionado as ciências da natureza.

Quando me matriculei na disciplina Politicas Setoriais II, coordenada pelo Professor Jorge Machado e oferecida na Escola de artes Ciências e Humanidades- USP, li a ementa e gostei muito da programação. Meu curso não me possibilitou conhecer a cultura indígena, mas cursando está como optativa tive a oportunidade de assistir diversos vídeos, ler textos, participar de debates e discussões acerca do assunto, o que possibilitou um aprendizado muito importante para minha futura profissão de professor. Estando em sala de aula lecionando ciências naturais precisamos ser interdisciplinares, passando por temas relacionados a química, física, biologia, geologia, astronomia e tudo que envolva ciências da natureza, e para isto é muito importante conhecer as diversas culturas e etnias presentes em nosso País.

Aldeia Guarani Tekoa Pyau

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Nosso primeiro contato com os povos indígenas não foi na Aldeia Rio Silveira, e sim na Aldeia Guarani Tekoa Pyau, localizada na Estrada Turística do Jaraguá, na zona oeste de São Paulo. Esperava encontrar neste local uma aldeia igual as idealizadas nos livros de histórias e documentários existentes, porém a realidade da aldeia é totalmente diferente do que eu esperava. O povo que ali habita sofre diversos problemas, pois trata-se de uma aldeia relativamente próxima a grande cidade, e sofre com os mesmos problemas existentes na metrópole. A falta de saneamento básico fica evidente logo na entrada da aldeia, pois não existe tratamento de esgoto, e crianças, adultos e idosos convivem diretamente com centenas de gatos e cachorros visivelmente debilitados, onde suas feses se espalham por toda a aldeia. A única coisa que me fez lembrar de uma aldeia foi a Casa de Reza, onde fomos muito bem recebidos e pudemos ouvir um pouco da história daquele povo.

A Aldeia Rio Silveira

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A Reserva Indígena Guarani do Rio Silveira está localizada na Mata Atlântica e faz divisa com os municípios de Bertioga e São Sebastião. Situada na Região Sul do município no bairro de Boracéia, distancia 60 KM aproximadamente do Centro Histórico de São Sebastião. Logo na entrada pude perceber que está aldeia era bem diferente da que havíamos conhecido no Jaraguá, e que ali as tradições daquele povo ainda permaneciam, embora o homem branco estivesse presente no local. A Casa de Reza é uma construção característica da cultura Guarani, e as casas são simples, na maioria feitas de madeiras, mas existem casas de alvenaria. No local também existe um campo de futebol e uma escola. Ficou claro também a vasta extração de palmito, não só para o consumo dos moradores da aldeia mas para a venda.

A Vivência na Aldeia Rio Silveira

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Assim que chegamos na aldeia montamos nosso acampamento. O terreno estava molhado, pois havia chovido muito. Escolhemos um local e montamos nossa barraca, a qual seria nossa casa durante os dias de vivência. Assim que estávamos instalados fomos conhecer o pessoal da aldeia, e fomos recebidos pelo Cacique e o Pajé no terreiro ao lado da Casa de reza. Logo começamos a brincar com as crianças, e acabamos indo ao campo jogar bola com eles. As crianças pareciam estarem se divertindo bastante com a gente e nós também estávamos nos divertindo com elas. Naquele dia fomos tomar nosso banho, o qual não era num banheiro tradicional, e sim no rio. Foi uma experiência fantástica e o nosso primeiro contato direto com a natureza. Neste dia estava frio e a água do rio gelada. Voltando a aldeia realizamos a nossa primeira refeição, que foi simples, mas saborosa. A noite fomos convidados a participar do ritual na Casa de Reza, e este foi um momento especial na nossa vivência, pois ali conhecemos um pouco mais da cultura indígena que continua preservada. Durante os próximos dias esperávamos nos alimentar com alimentos tradicionais da cultura indígena, porém isto não aconteceu, basicamente a alimentação era arroz e feijão, o que nos deixou um pouco frustrados. Os moradores da aldeia não são de conversar muito e falavam com a ente somente o necessário, e nossas maiores conversas foram com as crianças, que se mostraram mais atraídas pela nossa presença. Eles também não possuem o hábito de plantar, o que poderia garantir uma alimentação mais diversificada para toda a comunidade. Acompanhado do pajé fomos visitar uma cachoeira situada na mata atlântica, mas não foi possível chegar ao local, pois uma parte do rupo acabou se desviando do caminho e não chegamos no destino final. Na aldeia existe uma escola, e conversando com as crianças descobri que elas aprende a língua Guarani e também o português naquele local, e nota-se também que o português para eles é uma segunda língua, sendo que estão sempre se comunicando na língua nativa entre eles.

Conclusões Finais

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Vivenciar na aldeia Rio Silveira foi uma experiência que levarei para o resto da vida, sendo que o aprendizado adquirido jamais seria possível dentro de uma sala de aula. O contato direto com a comunidade indígena e com a natureza nos faz refletir sobre a diversidade cultural e natural presente em nosso País. É preciso conhecer, respeitar e preservar nossos índios e nossa natureza.