Wikinativa/Porto dos Pilões

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O quilombo Porto dos Pilões é uma comunidade quilombola localizada no estado de São Paulo, no município de Iporanga, na região do Alto Ribeira. A comunidade é formada por 51 famílias e sua área era de aproximadamente 6.222,30 ha (hectares), até 2001, quando as terras foram tituladas com 5.925,99 ha. O nome da comunidade Pilões é originário das pedras do rio, que tinham muitos buracos, assemelhando-se a um pilão. O bairro é conhecido como Porto dos Pilões, pois era ali onde desembarcavam mercadorias para a sede das fazendas que utilizavam mão-de-obra escrava.

Localização[editar | editar código-fonte]

O quilombo Porto dos pilões localiza-se no estado de São Paulo, no município de Iporanga, na região do Alto Ribeira.

Coordenadas: -24.272836,-48.484072

Veja no mapa

História[editar | editar código-fonte]

Relatos de moradores dizem que, no século XVII, moravam senhores brancos com seus escravos na região onde se encontra hoje a comunidade de Porto dos Pilões. Nesse primeiro momento, essa ocupação era devido à mineração dessa região, feita pelos escravos. Segundo moradores, os brancos saíram em busca de riquezas em outras regiões e os antigos escravos continuaram nas terras, se organizando de maneira cooperativa e solidária, para formar a comunidade quilombola.

Sofreram ocupação durante dois ciclos econômicos que passaram pela região, do ouro e da cultura de arroz e cana-de-açúcar.

A história do Vale do Ribeira e da formação das comunidades quilombolas remanescentes são paralelas. Contemporaneamente essa história é apresentada através das mudanças no modo tradicional de vida dessas comunidades a partir das intervenções do Estado na questão fundiária, na política de instalação de usinas hidrelétricas no curso do rio e na formulação de políticas ambientais, todas interferindo nas relações sociais das territorialidades tradicionais das comunidades do Vale do Ribeira.

A formação histórica das comunidades quilombolas no Vale do Ribeira deu-se a partir da decadência da atividade mineradora na região, viabilizando o assentamento de escravos libertos em terras livres da ocupação branca. Durante esse período, negros de várias procedências, principalmente das grandes fazendas locais, assentaram-se como camponeses livres em suas terras, dando origem a grande parte dos atuais quilombos.

Cosmologia e Religiosidade[editar | editar código-fonte]

A religião oficial do quilombo é a católica, devido a influência de padres em sua história. Segundo relatos de moradores, todos eram católicos e faziam terços, todos os anos um padre vinha rezar a missa com eles. Mais tarde foi criada uma capela, que em 1983 foi substituída por uma igreja de alvenaria.

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Os moradores tradicionais não usavam sapato e remédios industrializados, seus métodos de cura incluíam raízes, ervas e também simpatias.

Os defuntos eram levados ao bairro de Ivaporunduva de canoa e lá eram enterrados, mas devido às enchentes e às longas viagens necessárias foi construído um cemitério na comunidade.

Conhecimento tradicional[editar | editar código-fonte]

Utilizam seus conhecimentos tradicionais nas áreas de uso múltiplo onde ocorrem as formas mais intensivas e permanentes de uso do solo, tais como: habitações, hortas, pomares domésticos, áreas de pastagens formadas, áreas de culturas perenes, roças e criações de animais de pequeno porte.

Das várias espécies tradicionalmente cultivadas, apenas algumas necessitam de um trabalho coletivo, outras necessitam de auxílio externo, sendo realizadas exclusivamente pelo grupo doméstico, que é onde se enquadra o plantio da mandioca e do feijão, que possuem ciclos peculiares para suas colheitas.

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

A ocupação em Pilões está relacionada à existência de escravos na antiga Fazenda Santana desde 1844 e que constituíram os troncos familiares Rodrigues da Silva, Dias, Batista, Costa, Santos, Pedroso, Gonçalves, Oliveira, Machado e Antunes.

O início da ocupação da região do Porto dos Pilões foi marcado pro extrema violência, não apenas relacionada à atividade garimpeira, mas também da resistência negra à situação escravista, revelada em rebeliões, mortes, fugas e formações dos quilombos.

As terras de Porto dos Pilões foram parcialmente tituladas em 2001 pelo governo do Estado de São Paulo com 5.925,99 hectares, área correspondente a 95% do território total da comunidade.

O Incra abriu processo para regularizar as terras de Porto dos Pilões, porém, até maio de 2007, nenhuma providência havia sido implementada.

O uso do espaço engloba: áreas de uso comum, de extrativismo, áreas de preservação ambiental (parque estadual).

Referências[editar | editar código-fonte]

Comunidades Quilombolas do vale do Ribeira, Pilões. São Paulo: Disponível em: <http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/sp/ribeira/ribeira_piloes.html>. Acesso em: 17 de abril de 2013.

Amorim, Cleyde Rodrigues.A TERRITORIALIDADE DAS COMUNIDADES NEGRAS REMANESCENTES DE QUILOMBOS E O CONCEITO DE ‘QUILOMBO’. São Paulo: Disponível em:<http://www.itesp.sp.gov.br/br/info/acoes/rtc/RTC_Piloes.pdf>. Acesso em: 30 de abril de 2013.

Vale do Ribeira. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Ribeira>. Acesso em 18 de maio de 2013.

Quilombos do Ribeira, A luta pela terra. Disponível em: <http://www.quilombosdoribeira.org.br/content/3>. Acesso em 18 de maio de 2013.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Prosa na Serra

Observatório Quilombola

Quilombos do Ribeira