Wikinativa/Quezia Rebeca S. Flores (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)
A experiência que tive na aldeia Rio Silveiras foi muita rica! Transformadora.
Fiquei admirada em ver o relacionamento das crianças. Existe respeito, não vi brigas por bobagens (disputa por brinquedos, por exemplo). São muito amorosas, queriam a nossa atenção. Muitas estavam felizes com a nossa presença.
As mulheres guaranis foram atenciosas, gentis. São reservadas, observadoras, muito sábias. Aceitaram conversar com o nosso grupo, falar sobre suas particularidades, de como é ser uma mulher guarani. Fiquei um pouco incomodada com o fato de um homem responder por elas. Entendo que elas não estavam à vontade para falar devido a insegurança com o idioma, (falam muito pouco o português) mas o homem ali estava falando apenas o que ele queria, "filtrando" o conteúdo. Em vários momentos percebi que queriam contar algo, falar um pouco mais, mas ele começava a falar em guarani com elas e nos falava que não era nada demais. Elas foram se dispersando, levantando-se para fazer outras coisas, já que ele estava respondendo tudo, e a conversa terminou só com o nosso grupo e o intérprete. Mesmo assim, foi um momento muito interessante, de muitas descobertas para nós.
Todos foram muito receptivos e respeitosos conosco. Senti-me segura, em paz enquanto estive lá.
O pajé é uma pessoa muito acessível. Esteve a todo momento à disposição, pronto para nos ajudar como precisássemos.
Aprendi muito e sinto que não compartilhei nada com el@s. Eles possuem muita fé! Acreditam na força do universo e em como estamos conectados com a natureza. Isso foi bonito de ver, trouxe-me esperança.
Vi pessoas fortes, seres humanos bondosos, que estão lutando (a luta também é minha) contra esse capitalismo selvagem que mata, dizima o povo indígena.
Voltei me sentindo leve e muito forte.