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Wikinativa/Rikbaktsa

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Os Ricbactas, também chamados Rikbakta, Rikbaktsa ou Erikbaktsa, são um grupo indígena que habita as margens do rio Juruena, no estado brasileiro do Mato Grosso - mais precisamente nas áreas indígenas Erikbaktsa, Escondido e Japuíra. Sua autodenominação - Rikbaktsa - significa "os seres humanos" (Rik: 'pessoa, ser humano'; bak é um reforço de sentido; tsa é o sufixo para a forma plural). Regionalmente são chamados de canoeiros, por referência à sua habilidade no uso de canoas ou, mais raramente, de "orelhas de pau", pelo uso de enormes botoques feitos de caixeta, introduzidos nos lóbulos alargados das orelhas.

Tidos como guerreiros ferozes na década de 1960, os ricbactas sofreram a agressão armada de seringalistas, madeireiros, mineradores e fazendeiros, o que resultou no extermínio de 75% de sua população.


Rikbaktsa

População total

909

Regiões com população significativa
Línguas
Rikbaktsa; Português.
Religiões
Animismo
Estados ou regiões do Brasil
Mato Grosso
situação do território
Delimitada

Localização

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O povo Rikbaktsa vive na floresta tropical Amazônica, a noroeste do estado do Mato Grosso. Seu território tradicional media cerca de 50.000 km ² na bacia do rio Juruena, estendendo-se desde o rio Papagaio até o Salto Augusto, próximo ao alto Tapajós, no norte. Seu território foi delimitada a oeste pelo rio Aripuanã e a leste pelo rio Arinos, próximo ao rio Peixes. Hoje, eles têm direito a três Terras Indígenas: Erikbaktsa (79.935 hectares, demarcada em 1968), Japuíra (152.509 hectares, demarcada em 1986), e Escondido (168.938 hectares, demarcada em 1998).

Não há nenhuma referência aos Rikbaktsa que datam períodos anteriores ao século XX e, por consequência, não há estudos arqueológicos que revelam a ocupação original do povo. Entretanto, relatos orais, referências geográficas em seus mitos e detalhes que revelam descrições a respeito da fauna e da flora existente próxima a sua região sugerem que eles tenham vivido nesta terra por algum tempo. Expedições com o objetivo de busca de conhecimentos científicos, relações comerciais e posições estratégicas ocorreram nos arredores dos Rikbaktsa desde o século XVII, porém sem contato direto com o povo indígena. Isso até por volta de 1940, quando a extração da borracha iniciou, mesma época em que se registra o primeiro aparecimento de um Rikbaktsa.


Eram bem conhecidos pelos grupos indígenas vizinhos com os quais, quase sem exceção, mantiveram relações hostis. Famosos por seus costumes de guerreiro, eles lutaram com os Cinta-Larga e Suruí a oeste, na bacia do rio Aripuanã; com os Kayabi a leste e com os Tapayuna a sudeste, no rio Arinos; com os Irantxe, Paresí, Nambikwara e Enawenê-Nawê ao sul, no rio Papagaio e nas cabeceiras do rio Juruena; com os Munduruku e Apiaká ao norte, no baixo rio Tapajós. Opuseram resistência armada aos seringueiros até 1962. A partir da "pacificação" dos Rikbaktsa, financiada pelos seringalistas e realizada pelos jesuítas entre 1957 e 1962, seu território tradicional passou a ser ocupado por diversas frentes pioneiras, de extração de borracha, madeireiras, mineradoras e agropecuárias. Durante e logo após a pacificação, epidemias de gripe, sarampo e varíola dizimaram 75% de uma população calculada em cerca de 1.300 pessoas. Perderam a maior parte de suas terras e a maior parte das crianças pequenas foram retiradas das aldeias e educadas no Internato Jesuítico de Utiariti, situado no rio Papagaio, a quase 200 km de sua área, junto com crianças de outros grupos indígenas também contatados pelos missionários. Os adultos remanescentes foram sendo gradativamente transferidos de suas aldeias originais para aldeias maiores e mais centralizadas sob a direção catequizadora dos jesuítas. Em 1968 tiveram demarcada cerca de 10% de seu território original - a Terra Indígena Erikpatsa - as crianças foram sendo levadas de volta para as aldeias e a atuação missionária nele se centralizou.

Na década de 70, a atuação missionária se modificou, atenuando seu autoritarismo, reconhecendo o direito dos povos indígenas à sua própria cultura e abrindo mais espaço, sempre reivindicado pelos Rikbaktsa, a uma maior autonomia. Desde o final dos anos 70, passaram a lutar pela recuperação de parte de suas terras. Em 1985, conseguiram retomar a região conhecida por Japuíra. Continuaram a luta pela região do Escondido, demarcada pelo Estado brasileiro só em 1998, estando, entretanto, ainda invadida por garimpeiros, madeireiras e empresa de colonização.

Seu idioma nativo é considerado por pesquisadores do Instituto Lingüístico de Verão como uma língua não classificada em família, incluída no tronco linguístico Macro-Gê.Como outras línguas indígenas, a terminação das palavras indica o gênero do falante. A maioria dos Rikbaktsa falam a própria língua nativa e a Língua Portuguesa. Os jovens tendem a falar com maior fluência e frequência em português em comparação com os mais idosos, que o usa, prioritariamente, para falar apenas com brasileiros não-indígenas.

Aspectos Culturais

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Todas as atividades de caça, coleta, pesca e agricultura se inserem nesse universo de significação e são ritualizadas no ciclo de cerimônias ritmadas pelo ano agrícola. Neles, a música, as canções e os enfeites plumários tem uma importância fundamental, expressando de forma sensível seu universo social e mítico, suas formas de sensibilidade afetiva, estética e religiosa. No processo de retomada de sua dignidade étnica, os rituais, a música e as narrativas míticas revestem-se de importância crucial, expressando e constituindo o núcleo de coesão e identidade que lhes permite enfrentar as transformações induzidas pelo contato, sem desintegrar-se como povo de cultura e história originais.

Há a festa do milho verde em janeiro, a festa da derrubada em maio e festas menores pontuando toda a seqüência de atividades anuais. O ponto alto do ciclo ocorre em meados de maio, quando as metades e os clãs aparecem com suas pinturas corporais, enfeites plumários e toques de flauta característicos. Nessa ocasião encenam-se episódios míticos e também episódios de lutas vividas na história recente por homens da comunidade.

Os Rikbaktsa são exímios tocadores de flautas e as canções tradicionais apropriadas são tocadas em todas as festas.

Cosmologia e Religiosidade

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Registros orais de histórias de mitos são importantes para os Rikbaktsa, os quais acreditam na reencarnação. Esta, por sua vez, depende da vida corrente. Os virtuosos podem reencarnar como seres humanos ou como macacos da noite (nunca são caçados pelos Rikbaktsa), enquanto vilões reencarnam como animais perigosos, tais como onças ou cobras venenosas. Acreditam, no entanto, que estas transformações ocorrem para o bem.

As centenas de histórias que formam o tecido mítico que dá forma e sentido à vida Rikbaktsa são recontados constantemente pelos mais velhos e até as crianças se orientam por eles na sua relação com o meio físico e social envolvente, procurando manter a harmonia de suas atividades com a ordem imanente do cosmos, retratada nos seus mitos.

Medicina Tradicional

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A doença é vista como um desequilíbrio resultante da quebra de tabus (isto é, atos que ferem a harmonia ou a ordem imanente do mundo) ou como produto do feitiço, ou de envenenamento provocado por algum inimigo. As técnicas curativas tradicionais se baseiam no uso de inúmeras plantas com qualidades medicinais e em purificações rituais.

Ritos de Passagem

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Os meninos recebem seu nome de criança no momento de seu nascimento. Desde quado ele está entre 3 e 5 anos de idade, ele começa a caçar com seu pai, que ensina sobre caça, animais e sobre a geografia local. Por volta dos seus 8 ou 10 anos de idade, os meninos podem fazer e usar seu próprio arco e flechas. Uma vez que um garoto apresente condições de manejar o arco e a flecha com proficiência, seu nariz é perfurado durante a cerimônia do milho e recebe seu segundo nome, quanto tem em torno de 11 ou 12 anos. Nesse ponto, poderá passa algum tempo na casa dos homens, onde ele aprende sobre a cultura de sua tribo e assume maior responsabilidade.

Tradicionalmente, quando o garoto é capaz de caçar animais de grande porte e tem conhecimento sobre as cerimônias tradicionais, em torno de 14 anos de idade, ele teria suas orelhas furadas em uma celebração. Esse rito (agora obsoleto), marcou a transição dos meninos para a vida adulta e elegibilidade para o casamento. O jovem, então, está habilitado a participar de uma expedição de guerra contra as tribos vizinhas (prática igualmente abandonada). Hoje, os jovens colaboram na recuperação e manutenção do território da tribo.

Logo após esses rituais ou depois do casamento, o jovem recebe seu terceiro nome, o adulto. Hoje, não é mais necessário para um homem receber seu terceiro nome, contanto que tenha conhecimentos a respeito de sua cultura. Os mais velhos também mudam seus nomes quando adquirem maior status social.

Meninas, tradicionalmente, têm seus narizes perfurados aos 12 anos, sendo praticado apenas por alguns Rikbaktsa hoje. Nessa idade, as meninas tomam uma espécie de substância medicinal para reduzir potencias dores durante o parto. Os pais decidiam suas filhas teriam ou não seus rostos tatuados para a cerimônia de casamento. Após o furo no nariz e, talvez, a tatuagem no rosto e seu casamento, a mulher tem o direito de receber um nome de adulto para substituir o de criança.

Atividades Econômicas

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Embora a agricultura seja fundamental para a vida tribal, os Rikbaktsa consideram-se caçadores-coletores, em vez de agricultores. Os conhecimentos tradicionais dos recursos naturais são transmitidos entre as gerações e os membros do grupo livremente, que, combinado com recursos da floresta tropical em abundância, permite maior igualdade dentro da tribo. Cada residência é composta por um homem, sua esposa, seus filhos solteiros, suas filhas (casadas ou solteiras), seus afilhados e seus netos. Geralmente produz-se o que é consumido, em termos de alimento. A cooperação entre um grupo maior ocorre apenas durante os rituais agrícolas e algumas outras ocasiões, mas é complementada por um sistema de relações de parentesco recíprocas.

Os Rikbaktsa utilizam uma técnica de agricultura chamada coivara, onde parte dos campos de plantio é posto em chamas a cada 2 ou 3 anos. Campos antigos são geralmente deixados em repouso e, finalmente, retomado pela floresta. Rikbaktsa regularmente plantam arroz, mandioca, milho, inhame, feijão, algodão, urucu, bananas, amendoim, cana de açúcar, e abóbora. Ocasionalmente laranjas, tangerinas, abacaxi, manga e outras frutas também são plantadas.

Organização Política

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A reciprocidade é a característica mais importante nas relações políticas para os Rikbaktsa. Mulheres são trocadas entre clãs para casamento, bens e trabalhos são oferecidos para o outro clã. A quebra de reciprocidade entre subgrupos podem causar a divisão deles, que é influente na determinação da distância entre as aldeias. Embora o histórico do povo Rikbatsa seja de intensas batalhas e rivalidades, hoje a sobreviência destes tem incentivado a coesão entre os subgrupos, formando alianças com outras sociedades indígenas.


Em princípio cada grupo doméstico se constitui como uma unidade política. Tradicionalmente não havia chefes, ainda que tenha havido líderes cuja influência transcende sua própria casa ou aldeia. As chefias centralizadas impostas pelos missionários foram de curta duração e de pouca eficácia. Os líderes mais influentes, a par de sua capacidade pessoal, costumam ser os com a família mais numerosa. Atualmente um novo típo de líder ascende, os jovens com mais conhecimento da sociedade envolvente, que podem oferecer respostas mais adequadas aos problemas que a situação de contato lhes impõe.

Sem chefia centralizada, os principais mecanismos de controle social são o boato, a imposição do ostracismo e a evitação social.




Referências

https://en.wikipedia.org/wiki/Rikbaktsa_people http://pib.socioambiental.org/pt/povo/rikbaktsa