Wikinativa/Xucuru

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Localização[editar | editar código-fonte]

E etnia Xukuru se encontra no estado de Pernambuco, hoje, especificamente no município de Pesqueira. Porém, antigamente, até pouco depois da Guerra do Paraguai, a área que compreendia a etnia se estendia por de Pesqueira até Quipapá (mais ao sul de Pernambuco). Nos dias atuais, temos a presença de indígenas Xukuru para além das 24 aldeias que constituem o território demarcado, com histórias construídas por toda a mata sul do sertão do estado.

Cacique Marcos Luidson de Araújo. Liderança da etnia Xukuru do Ororubá

Língua[editar | editar código-fonte]

A língua da etnia Xukuru é o Brobo. Língua proveniente do tronco macro-jê de línguas nativas do Brasil. Por conta do processo de colonização, a língua Brobo foi perdendo seus falantes e hoje passa por um processo de revitalização junto aos mais velhos pela grupo de jovens.

História[editar | editar código-fonte]

A história do povo Xukuru vai além da história do município de Pesqueira. Originalmente, são um grupo de pessoas provindas da nação maior Tarairiú, de onde se ramificaram vários povos do nordeste do Brasil. Ainda pouco depois de 1500, a etnia tinha aldeamentos espalhados por vários territórios, indo desde a costa do Rio Grande do Norte, até o norte de Alagoas, fazendo divisa com outros povos da costa de Pernambuco, como os Caeté e os Tabajara.

Hoje, habitam a Serra do Ororubá, no município de Pesqueira. Autodenominam-se Xukuru do Ororubá, para distinguir-se do povo Xucuru-Cariri de Alagoas. O município de Pesqueira tem suas origens no aldeamento do povo Xukuru, promovido pelos padres da Congregação do Oratório de São Felipe de Néri, a partir de 1661. O aldeamento também era local de criação de gado pelos missionários, que utilizavam mão de obra indígena. Com a aplicação do Diretório dos Índios (1757) do Marquês de Pombal, o aldeamento foi elevado à categoria de vila, a Vila de Cimbres em 1762 e em 1880 passa a ser conhecida como Município de Pesqueira.

Durante todos os anos que marcaram a formação do Brasil, o povo Xukuru sofreu duras opressões, tendo membros de sua comunidade mortos em praça pública por falar a própria língua. Concedeu guerreiros para lutar a Guerra do Paraguai, voltando para Pernambuco com a honraria de receber de volta as terras que antes lhes pertenciam em forma de Sesmaria, com o nome Ararobá. O documento que comprova a autenticidade do pertencimento destas terras, durante os primeiros anos de ação do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) foram queimados, passando então a perderem novamente as terras de direito.

Ainda nos anos 50 até os anos 90, muitos indígenas pertencentes à etnia viveram sem saber de sua identidade. O próprio líder religioso, o Pajé, era obrigado a fazer suas "pajelanças" escondido das autoridades por conta falta de entendimento do homem branco com a religião xukuru. Foi então que ainda nesta década, o pajé viu em Xicão, Francisco de Assis Araújo, o potencial para ser o novo cacique do povo xukuru e conduzir a retomada cultural de seu povo e os direitos que o estado havia negado durante todo este tempo.

Em 20 de maio de 1998, já sofrendo com diversas ameaças dos posseiros e fazendeiros da região pela luta que vinha travando, cacique Xicão foi assasinado a tiros de espingarda. No entanto, sua morte se tornou um mártir e trouxe mais forças para o povo xukuru continuar sua luta em busca de direitos.

Há alguns anos atrás, Xicão perguntou ao pajé quem seria seu sucessor no cacicado. E o pajé disse: "ele está ao seu lado". Quem estava ao lado de Xicão era Marcos, seu filho. Que após o seu assassinato, se preparou para assumir a liderança e hoje fazem 20 anos que assume esta posição.

Hoje, Marcos Luidson de Araújo concorre a prefeito da cidade de Pesqueira e estende sua luta para além dos povos indígenas: todos os mais necessitados que sofrem com a negligência do estado brasileiro.

Religiosidade[editar | editar código-fonte]

A religião xukuru não possui um nome. Pode-se dizer ter similaridades com o catimbó e a umbanda, porém se difere em muitas coisas. Por conta do processo de colonização, hoje é uma religião misturada com o catolicismo. Utilizando elementos de ambas as culturas para cultuarem seus deuses: Tupã (o pai criador) e Tamain (a deusa criadora). Junto com as duas divindades, também há a Jurema Sagrada, deusa responsável pela cura espiritual e os encantados (os que já se foram e hoje são guias espirituais).

As práticas variam muito e há elementos que são utilizados para momentos de reza, como o xanduré, xanduca, maraca, jumpago, memby, takhó, a barretina e as guias de sementes. Todos estes são elementos além de sagrados, próprios da identidade xukuru.

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

Acompanhando o calendário festivo em Cimbres, dos santos católicos romanos: 1. É festejado em junho: São João, chamado Caô pelos Xukuru.

2. 2 de julho: N. Sra. das Montanhas, denominada Mãe Tamain.

3. Em setembro: S. Miguel

4. Também rezam o Terço, promovem novenas, e viajam a Juazeiro do Norte/CE para as celebrações que lembram o Pe. Cícero.

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

São 24 aldeias, com uma população de 11.000 indígenas. A terra indígena, homologada em 30/04/2001, ocupa uma área de 27.555 hectares, dos quais 103.162 estão no município de Pesqueira e 21.118 estão no município de Poção (Pernambuco). Fora das aldeias, aos arredores do estado e também em outros estados, estão indígenas xukuru descendentes daqueles que fizeram migração por conta da opressão na década de 50. Estima-se que, somente em São Paulo, haja mais de 200 xukuru espalhados por todo o estado, além dos próprios estados que fazem fronteira com Pernambuco.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Site dos Xucurus[1]
  • Site UNICAP[2]
  • Site Wikipedia[3]