DC-UFRPE/Licenciatura Plena em Computação/Educação à Distância/Histórico da Modalidade EAD

Fonte: Wikiversidade

Histórico da Modalidade EAD[editar | editar código-fonte]

Introdução[editar | editar código-fonte]

As tecnologias de comunicação disponíveis em cada época refletem em grande parte os diversos conceitos de educação a distância ao longo do tempo. Não obstante, aspectos como concepção filosófica e teórica da educação a distância, políticas públicas e sociais, necessidades educativa da população características dos alunos entre outros são pontos chave nas definições.

Sendo assim, entender o processo histórico é crucial para compreender de maneira mais ampla como as tecnologias disponíveis em cada época e as concepções pedagógicas vigentes afetaram as formas de implementar e de operacionalizar os cursos à distância.

Quanto a abordagem, cabe ressaltar que o processo evolutivo da EAD não acontece de maneira linear, propagando-se de acordo com as características sociais, tecnológicas, culturais e econômicas, desta forma, ao invés de eras ou gerações, uma abordagem propagada de ondas seria a mais adequada para enxergar assertivamente o quadro geral.

Primeira Onda EAD[editar | editar código-fonte]

Denominado como “estudo por correspondência”, “estudo em casa” ou “estudo independente”, têm-se que o primeiro registro de um destes termos foi feito na Alemanha por Toussaint e Langenscheidt em um jornal sueco no ano de 1833. Entretanto, adotando um formato menos rígido, podemos retomar os tempos bíblicos em que as epístolas escritas por São Paulo enviadas para as comunidades cristãs poderiam ser exemplos de uma experiência de educação.

Retomando o conceito anterior, naquele processo, as lições, tarefas e avaliações eram enviadas pelo correio, enquanto que a mediação aluno-professor era feita através de cartas.

Com a Revolução Industrial, uma demanda por novos saberes foi o gatilho para a distribuição de materiais impressos que passaram a ter maior alcance graças a adoção das ferrovias como principal meio de transporte das correspondências.

Ao longo do tempo, na medida em que o material impresso passou a substituir os modelos manuscritos, a busca do diálogo com o aluno foi adotada como estilo de escrita e como meio de preparo dos materiais didáticos, com o propósito de de estabelecer uma conversação didática com o discente.

Uma questão a ser considerada é a precariedade dos recursos de comunicação e da distribuição dos materiais.

É fácil imaginar o tempo que decorria entre a dúvida do estudante (ao ler seus materiais de apoio), a escrita de uma carta para o tutor, envio da correspondência, entrega da mensagem, leitura por parte do professor, resposta ao questionamento do aluno e por conseguinte, o reenvio da solução ao estudante.

A interação aluno-professor de forma rápida e sistemática não era considerada nesta abordagem.

Segunda Onda EAD[editar | editar código-fonte]

A segunda onda do EAD caracteriza-se pela chegada do rádio e da televisão. Na Europa do início do século XX, onde já havia uma estrutura organizada e a expansão da educação a distância já tornara-se uma realidade, incluiu-se o uso de gravações de áudio com instruções para o ensino de línguas, por exemplo.

Inicialmente o rádio é articulado com o uso do material impresso, enviado por correspondência. Nos anos 30, o uso de gravadores de fita magnética possibilitou a gravação de programas via rádio e posteriormente sua reprodução em momento oportuno.

Os educadores passaram a se entusiasmar, em um primeiro momento, por poder reproduzir o uso da fala semelhante ao modelo das salas de aula, entretanto, a falta de domínio da linguagem radiofônica tornava este material maçante e de difícil compreensão por parte dos estudantes. Mesmo assim, a ampla cobertura geográfica do rádio aliada ao baixo custo do aparelho passou a oferecer inúmeras possibilidades para o EAD.

Por volta dos anos 50, a TV passa também a ser um suporte para transmissão de programas educativos, agregando imagem à voz. Os mesmos problemas do rádio foram encontrados na adoção da televisão como vetor de educação a distância. A falta de roteiros, de intimidade dos professores com microfones e câmeras tornavam as aulas também cansativas e monótonas já que estes buscavam emplacar o modelo de sala de aula clássico no estúdio, além da falta de roteiros para os programas.

Hoje é possível enxergar que estes meios permanecem presentes no modelo de EAD, a adoção de outras tecnologias permitiu um salto de qualidade em termos de acesso, recursos e conteúdo.

Terceira Onda EAD[editar | editar código-fonte]

Marcada pelas décadas de 1970 e 1980, com o surgimento do computador pessoal, o CD-ROM e a criação de softwares especialistas incentivaram o estudo individual e autônomo, softwares estes que substituíram o material base de apoio, que antes, era impresso.

O material no formato digital auxiliou no processo de disseminação em larga escala e no barateamento dos custos, você apenas tinha a necessidade de possuir um computador em seu domicílio e iria possuir acesso a um leque de animações, simulações, dentre outros recursos.

Os impressos acabaram passando a ter um papel secundário, servindo de guias, além das orientações por correspondência que ainda então continuavam a existir. A televisão, o rádio, ganharam espaço também no processo de facilitação da disseminação do conhecimento, onde a experiência de aprendizado em casa, unido ao apoio de bibliotecas locais e tutoria por correspondência fez com que os projetos de cursos alavancarem no cenário.

Nesta mesma época também surgiram grupos de estudos locais e o uso dos laboratórios das universidades no período das férias, como método agregador a todos os demais formatos. Um exemplo claro desta ação, o projeto “Mídia de instrução articulada”, da Universidade de Wiscosin, baseava-se no conceito de que a variedade de mídias permitiria considerar os vários estilos de aprendizagem, onde os alunos poderiam escolher e combinar os mesmos a sua própria maneira.

Quarta Onda EAD[editar | editar código-fonte]

Com a evolução tecnológica frequente, as redes de telecomunicação conseguiram atingir distâncias maiores, possível através de satélites, também disseminou-se o uso das teleconferências, todas estas facilidades promoveram mudanças nos modelos de cursos a distância, onde o ambiente de sala de aula passou a ser facilmente simulado, o que atraiu um maior número de professores a adesão.

A primeira tecnologia a ser usada em ampla escala nos anos de 1970-80 foi a audioconferência. Reuniões de grupos de alunos eram feitas em locais que possuíam o equipamento necessário, onde havia esta interação em tempo real com o professor. Em 1965 o primeiro satélite de comunicação começou a operar nos EUA e logo, as Universidades passaram a utilizá-lo para experiências de transmissões educacionais.

E foi no final de 1990 surgiu a videoconferência, criada para facilitar a comunicação empresarial e possibilitar reuniões de negócio. A adoção da videoconferência para fins educativos permite simular uma aula presencial em que os participantes, geograficamente distantes, podem conversar com os professores e receber orientação. Por fim, o streaming também se tornou uma opção acessível para o uso em educação.

Hoje existem inúmeros sistemas que permitem a publicação de vídeos gratuitos na internet, facilitando a divulgação de materiais de cursos e produções de alunos.

Quinta Onda EAD[editar | editar código-fonte]

Em 1990 tivemos o surgimento da internet, em 1991, o primeiro navegador, logo em seguida, a criação da WWW, possibilitando a interação entre áudio e vídeo nas páginas hipertextuais. Surgiu então uma nova forma de estruturar os materiais didáticos e interagir com os mesmos, superando a limitação que o material impresso possuía. Surgiram assim várias ferramentas dentro da internet, listas de discussão, fóruns, bate-papos, onde logo mais, nos anos 2000, os ambientes virtuais de aprendizagem surgiram e ganharam a cena, visando auxiliar a administração, registro e relatórios do panorama de aprendizagem do ambiente.

Apenas no ano de 1996 que a internet comercial foi implantada no Brasil, pois até então, o acesso apenas ocorria pelas universidades ou centros de pesquisa. Uma vez que os usuários em domicílio tinham acesso a internet deu-se outra etapa na estruturação e planejamento dos cursos a distância.

É justamente graças à disponibilidade de um maior número de recursos de comunicação, que ocorre aqui, também, uma mudança na forma de ensinar e de aprender. Essa, agora, apoiada pela interação entre alunos e professores e entre os próprios alunos.

A Próxima Onda EAD[editar | editar código-fonte]

O termo “computação ubíqua” foi cunhado por Mark Weiser em 1998 e visa descrever um ambiente em que vários objetos seriam operados por diversos dispositivos, conectados entre si através de rede sem fio. Weiser também apontava para uma metáfora de “100 computadores em uma sala”, ocultos e integrados ao ambiente humano.

A IBM em 1998 introduziu no mercado o termo “computação pervasiva”, segundo o dicionário, pervasivo é aquilo que “se espalha, difunde por toda parte, ou que tende a propagar-se ou estender-se  totalmente por meio de diversos canais, tecnologias, sistemas, dispositivos, etc.” enquanto ubíquo é “aquilo que está em toda parte a mesmo tempo”.

Atualmente todos estão conectados a rede a todo instante e em qualquer lugar, através de celulares, computadores, tablets, tvs, etc. Surgindo assim o termo “m-learning” (aprendizagem móvel), que está relacionada a um modelo de educação a distância que utiliza dispositivos móveis e sem fio, ampliando os espaços formais de educação.

Já a aprendizagem ubíqua (u-learning) ou aprendizagem pervasiva refere-se a um processo de aprendizagem apoiado pela comunicação móvel, sensores e mecanismos de localização que colaborem na integração entre aluno e o contexto de aprendizagem ao seu entorno, formando redes virtuais reais entre pessoas, objetos, situações ou eventos, proporcionando uma aprendizagem contínua.

Tais possibilidades apontam a construção de novos modelos de educação, relacionando o contexto “virtual e real” de acordo com seus objetivos. Ainda há muito a se estudar e assim descobrir como estruturar um ambiente virtual que venha a substituir os modelos de educação formal, informal, ou as modalidades de aprendizagem existentes, pois elas se complementam.

Referências[editar | editar código-fonte]

CARNEIRO, Mára Lúcia Fernandes; TURCHIELO, Luciana Boff. Educação a distância e tutoria: considerações pedagógicas e práticas. 2013.