Wikinativa/Baniuas

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Grupo 2 Lucas, Ricardo, Priscila, Jhony e Nikolas
Autor Lucas Zan

Desde os tempos coloniais, o nome Baniwa é usado para todos os povos que falam línguas da família Aruak ao longo do Rio Içana e seus afluentes.Os Kuripako, que vivem na Colômbia e no Alto Içana (Brasil), são aparentados dos baniwa e falam um dialeto da língua baniwa, mas não se identificam como subgrupo baniwa.

Baniwas
População total

6.206

Regiões com população significativa
Amazonia Legal(Amazonas,Colombia e Venezuela)
Línguas
Aruak
Religiões
baseiam-se nos grandes ciclos mitologicos e relacionados aos grandes ancestrais simbolizados por seus instrumentos as flautas e trombetas sagradas
Grupos étnicos relacionados
Kuripakos



História[editar | editar código-fonte]

Os Baniuas entraram em contato com os europeus no inicio do seculo XVIII, foram perseguidos e escravizados pelos europeus. Depois de um tempo vivendo com os europeus, começaram a sofrer com varias doenças como o Sarampo e a Variola, tendo sua população dizimada por essas doenças. No século XIX os baniuas e outros povos dessa mesma região organizaram alguns movimentos em repressão ao brancos. Em 1870 com o boom da borracha foram explorados pelos donos de terras do extrativismo no Baixo Rio Negro. No século XX que começou a civilização dos índios por missionários católicos. Nos anos 40 com a chegada de uma missionária evangélica, houve uma divisão dos Baniua entre católicos e evangélicos. Nos anos 90, os Baniua começaram a se organizar em associações filiadas à FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro). Os Baniua tiveram seus direitos coletivos reconhecidos pelo governo federal entre os anos de 1996/98.

Aspectos Culturais[editar | editar código-fonte]

As duas atividades básicas de subsistência dos Baniwa são a agricultura e a pesca, que são de importância econômica e cultural complementar e igual.Todo homem saberá dizer onde se encontram as melhores terras para a colocação de roças, onde procurar frutas e onde buscar a caça. Próximos aos antigos locais de moradia, os Baniwa apontam também a existência de manchas de terra preta que, quando possível, são aproveitadas para roças por sua boa produção. Há também as velhas capoeiras, de onde se retira uma grande quantidade de remédios. Além das grandes divisões ecológicas - terra firme (não inundável), campinarana (floresta arbustiva com folhas duras e rijas, em solos arenosos) e igapó (floresta inundada durante a maior parte do ano).

Os Baniwa consideram os solos da floresta de terra firme conforme um gradiente de cores que varia de amarelo a preto. A terra preta ocorre em vários pontos de seu território, como é o caso do tipo mukulirimã, que é uma das melhores terras, propícia inclusive para cultivos de milho. Consideram justamente a coloração escura e a textura grossa para a escolha do local onde abrir um roçado. Um outro critério empregado por seus antepassados seria o de degustar a terra: quanto mais azeda mais imprópria à roça, quanto mais saborosa (comparando com o sabor de castanha) mais apropriada. Os Baniwa são excelentes artesãos. São os únicos fabricantes dos raladores de mandioca feitos de madeira e pontas de quartzo, que são distribuídos em toda a região, por meio das trocas interétnicas e dos comerciantes. Atualmente, são os principais produtores de urutus e balaios para venda, tecendo as peças nos mais diferentes tamanhos, tipos de desenho e coloração.

Cosmologia[editar | editar código-fonte]

Na cosmologia baniwa, o universo é composto por múltiplas camadas, associadas a várias divindades, espíritos, e "outra gente". De acordo com o desenho de um pajé Hohodene (ver figura ao lado), o cosmos é basicamente composto por quatro níveis: Wapinakwa ("o lugar de nossos ossos"), Hekwapi ("este mundo"), Apakwa Hekwapi ("o outro mundo") e Apakwa Eenu ("o outro céu"). A cosmogonia baniwa (isto é, o tempo do começo do mundo) é composta por um conjunto complexo de mais de 20 mitos protagonizados por Nhiãperikuli, iniciando com o seu aparecimento no mundo primordial e terminando com sua criação dos primeiros antepassados das fratrias baniwa e seu afastamento do mundo. Mais do que qualquer outra figura do panteão baniwa, Nhiãperikuli foi responsável pela forma e essência do mundo, razão pela qual pode ser considerado o Ser Supremo da religião baniwa. O segundo grande ciclo na história do cosmos diz respeito aos mitos de Kuwai, que têm importância central na cultura baniwa, explicando pelo menos quatro questões maiores sobre a natureza do mundo: como a ordem e os modos de vida dos antepassados são reproduzidos para todas as gerações futuras; como as crianças devem ser instruídas sobre a natureza do mundo; como as doenças e o infortúnio entraram no mundo; e qual a natureza da relação entre seres humanos, espíritos e animais, que é a herança do mundo primordial. O mito de Kuwai marca a transição entre o mundo primordial de Nhiãperikuli e um passado humano mais recente, que é trazido diretamente para a experiência das pessoas vivas nos rituais. Por isso, os pajés dizem que Kuwai é tanto deste mundo atual quanto do antigo, e que ele vive no "centro do mundo".

Religiosidade[editar | editar código-fonte]

A vida religiosa baseia-se tradicionalmente nos grandes ciclos mitológicos e rituais relacionados aos primeiros ancestrais e simbolizados pelas flautas e trombetas sagradas, na importância central do xamanismo (pajés e rezadores, ou donos-de-canto) e em uma rica variedade de rituais de dança, chamados pudali, associados aos ciclos sazonais e ao amadurecimento de frutas. Os rituais de iniciação tradicionalmente são celebrados na época das primeiras chuvas e amadurecimento de certas frutas, quando se tem uma turma de meninos de dez a treze anos, prontos para receber os ensinamentos sobre a natureza do mundo. É absolutamente proibido para as mulheres e os não-iniciados verem as flautas e trombetas sagradas, sob pena de morte.

Outro importante ritual praticado tradicionalmente pelos índios da região é o pudali (dabukuri em língua geral), celebrados principalmente em épocas de amadurecimento de frutas, mas também em outras ocasiões como a piracema, a época de desova dos peixes que subiram os rios em grandes quantidades. São ocasiões em que parentes e cunhados se juntam para beber caxiri (ou de mandioca ou de frutas como pupunha) e dançar. Nessas ocasiões alegres, quaisquer conflitos que existam entre cunhados, por exemplo, podem ser contornados.

Em relação ao xamanismo, há duas categorias principais de xamãs: os donos-de-canto (malikai-iminali) e os pajés (maliiri). Os pajés podem ser cantadores e vice-versa, mas há diferenças na formação, curas e saberes que cada um domina. Os pajés "chupam" (extraem por sucção objetos patogênicos de seus pacientes), enquanto os donos-de-canto "sopram", ou, como eles dizem, "rezam" (cantam ou recitam fórmulas com tabaco sobre ervas e plantas medicinais a serem consumidas pelos pacientes). Somente os pajés usam maracás em seus cantos e danças e o pó sagrado pariká nas suas curas, o qual os leva a um estado de transe. Para os donos-de-cantos, o tabaco e uma cuia d´água são os instrumentos principais. Tanto os pajés como os donos-de-canto têm um extenso conhecimento das plantas medicinais utilizadas nas curas.

Há também a utilização de substâncias psicoativas, mais específicamente o paricá e caapi, desempenham uma posição central tanto para a visão baniwa da criação dos cosmos, quanto para as curas realizadas pelos xamãs com a sua capacidade de "abrir" ou seja "revelar" o escondido, o invisível, o encoberto neste mundo; o que significa, expor com a intenção de erradicar, aquilo que tem potencial de estragar a vida humana: a "bruxaria" e "feitiçaria".

Localização[editar | editar código-fonte]

Àrea de influência do Rio Negro o maior afluente da margem esquerda do Rio Amazonas.


A bacia hidrográfica do Rio Içana tem suas nascentes na Colômbia, mas logo em seguida passa a delimitar a fronteira com o Brasil, adentrando o território brasileiro na direção sudoeste depois de um pequeno trecho. A extensão do Içana é de cerca de 696 Km. Das cabeceiras até o limite Colômbia/Brasil são 76 Km. Serve de fronteira com a Colômbia por mais 110 Km e daí até a foz, no Rio Negro, são mais 510 Km. No Brasil, apresenta 19 cachoeiras. Em suas nascentes, o Içana é um rio de água branca e vai mudando sua cor para avermelhada e preta após receber as águas do igarapé Iauareté (ou Iauaiali, como chamam os Baniwa e Kuripako) e outros. Os maiores afluentes do Içana são os rios Aiari, Cuiari, Piraiauara e Cubate, todos eles rios de água preta. O Içana deságua no Rio Negro acima da foz do Rio Uaupés.

Situação territorial[editar | editar código-fonte]

Os Baniwa estão localizados em diversas partes da Amazônia legal. No Alto Rio Negro, Balaio, Médio Rio Negro I e Médio Rio Negro II a situação das terras já está homologada pelo CRI e/ou SPU. No Baixo Rio Negro o território baniwa ainda está em identificação. No Cué-Cué/Marabitanas a situação está declarada, mas ainda precisa ser homologada pelo CRI e/ou SPU.

Mapa Interativo[editar | editar código-fonte]

veja no mapa

População[editar | editar código-fonte]

Os Baniwa estão distribuídos em 93 povoados, entre comunidades e sítios, perfazendo, no ano de 2000, um total aproximado de 15 mil indivíduos, estando cerca de 4.026 no Brasil. Em solo brasileiro, os povoados estão localizados no Baixo e Médio Içana e nos rios Cubate, Cuiari e Aiari. Os Baniwa também estão presentes em comunidades do Alto Rio Negro, nas cidades de São Gabriel, Santa Isabel e Barcelos. Os Kuripako estão apenas no Alto Içana e somam, no Brasil, aproximadamente 1.115 pessoas.

Envolvimento com o desmatamento[editar | editar código-fonte]

Área Total Desmatada até 2000: 72456 hectares | Área Total Desmatada (2000-2009): 82735 hectares

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Socio Ambiental

Povo Baniwa

Tribo Baniwa

Baniwa