Wikinativa/Curipaco

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Os curipacos (também chamados de coripacos, curripacos, kuripacos) formam um grupo indígena que ocupam as regiões entre o Brasil, Colômbia e Venezuela. Falam um dialeto da língua Baniwa, que recebe o mesmo nome da tribo.

Curipaco
População total

14.237 indivíduos

Regiões com população significativa
Amazonas (norte do Brasil), Colômbia e Venezuela

(Siasi/Sesai 2012)
[1]
Línguas
Curipaco
Religiões
Xamanismo[2]
Grupos étnicos relacionados
Campa, Uarequena, Apurinã, Uapixana, Machineri

Localização Geográfica / População[editar | editar código-fonte]

Localização dos Curipacos no Brasil

Localização[editar | editar código-fonte]

Habitam, principalmente, a bacia do rio Içana, que tem suas nascentes na Colômbia logo depois passa a delimitar a fronteira com o Brasil. Além disso, muitos habitam as margens do alto Rio Negro.


Mapa Interativo[editar | editar código-fonte]

Coordenadas: 1.41898,-68.596916
Veja no mapa


Veja também no Google Maps

População[editar | editar código-fonte]

As maiores populações de Curipacos estão localizadas na Colombia, onde há 7.827 indígenas; no Brasil, onde existem cerca de 3.000 indígenas e na Venezuela, onde vivem 2.816 indígenas.

Organização Social e Política[3][editar | editar código-fonte]

Dividem-se em fatrias exogâmicas, ou seja, subdivisões da tribo que não permitem casamentos entre membros da mesma fratria. Tradicionalmente a família descendente dos fundadores possui o mais alto nível político da fratria, e o líder é o irmão mais velho da família. Os líderes de cada comunidade possuem diferentes níveis de autoridade, porém todos devem ter a aprovação da comunidade para que qualquer decisão seja tomada. Eles têm o dever de intermediar assuntos internos ou externos da comunidade bem como intervir nas relações com estranhos à tribo, organizar trabalhos conjuntos, presidir reuniões e atividades religiosas. Os anciões de algumas comunidades têm o poder de substituir o líder se não estiverem satisfeitos com ele. Porém nas comunidades onde houve forte influencia evangélica, a autoridade religiosa pode ser superior em relação à autoridade dos anciãos, ou ainda reforçando-a.

Economia / Subsistência[editar | editar código-fonte]

Os curipacos baseiam-se na subsistência com a pesca, extração de produtos vegetais e a caça. Possuem agricultura relativamente desenvolvida, o que permite que plantem produtos como inhames, batatas, cana-de-açúcar, entre outros. Uma importante atividade é a produção artesanal de cestos de fibra vegetal e de vassouras de piaçava que são vendidas para comerciantes intermediários.

Língua[editar | editar código-fonte]

O dialeto do grupo deriva da língua Baniwa e recebe o nome da tribo, Curipaco. Para atividades comerciais e externas, os Curipacos utilizam também o espanhol, idioma comum na região da tríplice fronteira, onde estão localizados.

História[4][editar | editar código-fonte]

A primeira referência documental conhecida sobre os Baniwa menciona sua aliança com os Caverre (um grupo Piapoco do Rio Guaviare), no início do século XVIII, contra expedições guerreiras karib envolvidas na obtenção de escravos para os espanhóis. Os Baniwa também são mencionados em fontes portuguesas da mesma época como tendo sido trazidos como escravos, provavelmente pelos Manao do Médio Rio Negro, do Alto Rio Negro ao Fortaleza da Barra. Há registros no Arquivo Público de Belém do Pará de que os Baniwa foram capturados em grande número entre os anos de 1740 e 1755, e enviados para Belém. É possível também que tenham absorvido refugiados de outros povos indígenas durante as guerras de captura de escravos na primeira metade do século XVIII.

Com a intensificação da colonização no Rio Negro na segunda metade do século XVIII, doenças introduzidas pelos brancos começaram a espalhar a morte entre os Baniwa. Apesar da impossibilidade de se fazer estimativas, os registros mencionam várias epidemias graves de sarampo e varíola nas décadas de 1740 e 1780. O seu efeito, aliado à deterioração geral das condições de vida e ao abastecimento garantido de mercadorias pelos "brancos", convenceu muitos Baniwa a deixarem suas terras e irem para as cidades coloniais recém-fundadas no Baixo Rio Negro. Ali trabalhariam para os brancos na agricultura, no Serviço Real e na coleta de produtos da floresta. Quando não era possível persuadir os que ficaram em suas terras, os militares portugueses - às vezes aliados a outros povos aruak, como os Baré - recorriam à força. Há vários casos registrados de "descimentos" na década de 1780 com ataques armados a aldeias baniwa, aos quais os índios resistiam, o que lhes valeu a reputação de "belicosos".

A permanência dos índios nas cidades coloniais era, em geral, temporária, pois as vilas coloniais do final do século XVIII eram constantemente assoladas por doenças, sofriam grandes perdas demográficas e freqüentes deserções por parte dos índios descidos das regiões dos altos rios. Os Baniwa estavam entre os que constantemente desertavam. Os que permaneceram nas vilas coloniais foram assimilados à população branca ou cabocla.

Cosmologia e religiosidade[editar | editar código-fonte]

Cosmologia[editar | editar código-fonte]

A cosmologia da tribo é a mesma dos Baniwas, onde se acredita que o universo é constituído por varias camadas distribuídas em um eixo vertical, as 4 maiores são identificadas por Outro Céu, Outro Mundo, Este Mundo e Lugar de Nossos Ossos.

Este Mundo (hekwapi): Os primeiros homens saíram dos buracos das rochas da cachoeira para habitar a terra. Os Baniwa – Hohodene - habitam no centro e os outros grupos estão ao redor, nas margens. Este centro do mundo é Hipana ou Uapui, a cachoeira no Rio Aiary, onde as pedras têm petróglifos. Aqui Kuwai, filho de Nhiaperikuli, foi queimado e ascendeu ao céu e a árvore paxiuba cresceu do seu corpo.

O Lugar de nossos ossos (Wapinakwa): Este nível do cosmos consiste de quatro camadas, chamadas pelos nomes de tipos de madeira e são caracterizadas por serem horizontais, em vez do vertical do Outro Mundo. Os espíritos maus de diversos tipos habitam neste lugar; por exemplo, lá estão os espíritos de corpos vermelhos, que dormem pendurados de cabeça para baixo em galhos e são descritos como os que nunca nasceram; estes provocam desastres. Os espíritos de corpos pretos são predatórios dos homens. Também há os espíritos de tinta vermelha que convidam gente para suas casas e as comem. Um rio de água doce atravessa esse lugar e são jogadas dentro dele as doenças, durante os ritos de curas e as canções. Os pajés procuram as almas dos doentes no rio.

O Outro Mundo (Apakwa Hekwapi) consiste de cinco níveis ou “quartos” e nele habitam as aves, os espíritos auxiliares (wapira) dos pajés, que os ajudam a achar as almas perdidas dos doentes, são as filhas de Dzulíferi, o pajé primordial. Os pajés “se casam” com elas, preferem os abutres e geram mais filhas-espíritos. Quanto mais filhas o pajé tenha mais poderoso é, pois estes wapira são donos de dardos espirituais que são específicos para toda espécie de doença.

O Outro Céu (Apakwa Eenu): Aqui estão as almas dos mortos que fizeram o mal, como envenenar ou matar pessoas. Eles andam por um caminho cercado em direção à aldeia das trevas da morte. Esse caminho é atraente com flores, mas decepcionante e, quando chegam à aldeia, as almas padecem todos os sofrimentos deste mundo. Também no Outro Céu estão as almas dos mortos bons que são purificadas ao passar pelo fogo ardente de resina; elas perdem sua forma corporal e saem brancas brilhantes ou “lavadas”, são as “almas-coração”, que procedem da casa de Kuwai, o filho do criador, ou da casa de Iaperikuli, o criador. Lá ficam ocupadas com diversos afazeres e se esquecem da terra das suas famílias.

Como a maioria das crenças indígenas, mitos de catástrofes e renovações marcam a formação do universo. Para saber mais sobre os mitos dos baniwas e curipacos clique aqui. [5]

Religiosidade[editar | editar código-fonte]

Os Curipacos sofreram grande influência evangélica, o que fez com que algumas fratrias abandonassem seus ritos tradicionais para seguir os ritos evangélicos. Sua religião tradicional é baseada em ciclos mitológicos e rituais oferecidos aos ancestrais primordiais, liderados por um xamã, na maioria das vezes um pajé, por isso é chamada de Xamanismo[6].

Referências

  1. Quadro Geral dos Povos. Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Página visitada em 13 de maio de 2013.
  2. Xamanismo. Wikipedia. Página visitada em 22 de abril de 2013.
  3. Organização Social e Política dos Coripacos. Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Página visitada em 25 de abril de 2013.
  4. História do contato. Enciclopédia dos povos Indígenas. Página visitada em 22 de abril de 2013.
  5. Os Baniwa. Pesquisa Sociocultural e Missiológica aplicada. Página visitada em 13 de maio de 2013.
  6. Xamanismo. Wikipedia. Página visitada em 1 de maio de 2013.

Fontes[editar | editar código-fonte]