Wikiversidade:Versões da língua portuguesa

Fonte: Wikiversidade
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Este projecto é a Wikiversidade em língua portuguesa, também chamada de Wikiversidade lusófona. Ou seja, é de todos os falantes do português, seja qual for a norma que utilizam. Consequentemente, mudar da norma "A" para a norma "B" não é bem-vindo, porque isso implica uma falta de respeito com os utilizadores das edições anteriores.

O Português escrito em Portugal, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Timor-Leste e Macau (chamado de "português europeu") tem diferenças sensíveis em relação ao português escrito no Brasil (chamado de "português brasileiro"). Ainda, entre cada país do considerado "português europeu" há diferenças locais relevantes. No próprio território brasileiro, entre uma região e outra, também há diferenças no modo da escrita e nas gírias locais.Como acontece nas outras grandes línguas internacionais, não existem versões superiores ou inferiores: são apenas diferentes. Por isso, não veja algo que não está escrito no seu português como incorrecto apenas por isso.

Uma página está tão correcta se for escrita em português do Brasil como em português europeu ou africano. A mistura das duas normas numa mesma página, no entanto, pode ter resultados um pouco estranhos. Assim, se um utilizador fizer mudanças significativas numa determinada página escrito na outra norma, é compreensível que edite a parte não alterada para se adequar à parte nova. O que significa realmente "mudanças significativas" cabe a cada um decidir, mas 50% é um valor razoável.

E como saber se a intenção dos autores que iniciaram a página era a de escrevê-la seguindo-se a norma "A" ou a norma "B"? Como contribuir para uma página escrita em português — que afinal é a língua na qual cada um de nós se propõe a oferecer contribuições relevantes —, se foi escrita na norma "A", que desconheço, e me sinto capaz apenas de contribuir seguindo a norma "B"?

A Wikiversidade não adopta marcadores de língua específicos, para seu conteúdo, priorizando o convívio da diversidade dentro dos limites da língua. Esse provavelmente seja um dos grandes desafios daqueles que se propõem a escrever e contribuir em meio a esta comunidade. Sabemos que a unificação da língua é uma tendência mundial, e seria muito ruim para nós — todos os falantes da língua portuguesa — dividirmos nossos esforços apenas pelas pequenas diferenças entre uma norma e outra.

Títulos de páginas

Nenhuma versão deve ser privilegiada para os títulos de páginas. O primeiro autor de uma página deve adaptar o título da sua versão da língua portuguesa. Caso exista um título alternativo, na outra versão, deve ser criada uma nova página com esse título, mas essa página deve ser redirecionada para a página que já existe.

Na página propriamente dita, se existirem versões significativamente diferentes do mesmo título (ex. "Desporto" e "Esporte" ou "Copa do Mundo" e "Mundial de Futebol"), os dois títulos devem ser mencionados em negrito na primeira frase. Por exemplo Desporto:

Um desporto (português europeu) ou esporte (no Brasil) é uma actividade com uma componente física e ao mesmo tempo lúdica.

Diferenças entre "facto" e "fato" ou diferenças de acentuação como entre "Mônica" e "Mónica", principalmente estas últimas, não devem ser consideradas significativas.

Na verdade, "facto" e "fato" são coisas diferentes em português de Portugal, sendo a diferenciação inerente ao contexto.

Como lidar com as diferenças

Por vezes, palavras comuns de um dos lados do Atlântico são incompreensíveis para quem vive do outro. Um exemplo comum é freguesia, que na maior parte do Brasil perdeu o seu sentido original. Quando isso acontece, os diferentes sentidos da palavra devem ser explicados no texto.

Não há uma regra objetiva para quais palavras devem ser explicadas. Por exemplo, uns acham que palavras como "desenhador" e "peluche" são palavras incomuns no Brasil e requerem explicação. Outros acham que os sentidos dessas palavras são auto-explicativos porque são palavras muito parecidas com "desenhista" e "pelúcia", respectivamente. Esta disputa não tem solução mágica e dependerá da forma com que cada um decidir contribuir.

Há duas formas de se explicar uma palavra que pode não fazer muito sentido em determinada região ou país:

  1. Ou criando uma ligação para o projeto Wikicionário, desta forma, por exemplo:
    • Para se vincular à palavra "peluche" deve-se escrever:
    [[wikt:peluche|peluche]] que resulta em: peluche
  2. Ou explicando explicitamente durante o texto, como por exemplo:
    • "Bonecos de peluche (ou pelúcia no Brasil) são (...)"

Note que basta uma primeira explicação no texto, não sendo necessário repeti-la caso a palavra apareça novamente. A não ser que esteja em outra seção e muito distante da primeira; deve-se ter bom senso em casos assim.

Diferenças

Note que: se reparar que uma outra palavra da língua portuguesa é escrita de forma estranha, não estando num seu dicionário, e que não esteja aqui nesta lista, muito provavelmente é um erro ortográfico! A gramática padrão é a mesma e por isso não se abstenha de corrigi-la; mas verifique antes as "preferências gramaticais" nesta lista que segue.

Principais diferenças entre o Português do Brasil (pt-BR) e o português chamado "europeu" (pt-PT)
  • Uso de consoantes mudas (ou pronunciadas) em Portugal, Galiza e África. O "c", o "p" e o "n" são muitas vezes sons mudos em português quando antecedem outra consoante. No Brasil, como não são pronunciadas na linguagem padrão foram eliminadas da escrita. Assim, enquanto que em pt-PT se escreve "acção", "baptismo", "óptimo", "Egipto", "Neptuno" e "connosco" (nos dois últimos exemplos, as consoantes são pronunciadas em pt-PT, ao contrário do que acontece em pt-BR); no Brasil escreve-se "ação", "batismo", "ótimo", "Egito", "Netuno" e "conosco". Mas nem todas as palavras seguem esta regra: "corrupção" e "intacto" (entre outras), por exemplo, mantêm as suas consoantes também no pt-BR, já que elas são pronunciadas. É importante ressaltar que no Brasil certas palavras de origem que perderam sua consoante muda, tais como "exceção" (pt-PT: "excepção") têm suas derivadas com a consoante mantida, em razão de esta ser pronunciada - no caso, escreve-se no pt-BR "excepcional" e não "excecional", além de "egípcio", e não "egício". Há ainda um caso específico em que se conserva um h etimológico em palavras começadas por "hum" que não existe no Brasil (escrevendo-se "um-"). Isto acontece apenas em palavras como "húmido/úmido", "humidade/umidade" e outras palavras que sejam desta mesma origem.
  • Numerais. O que em Portugal significa "mil milhões" no Brasil significa "bilhões". Além disso escreve-se em pt-PT Catorze, dezasseis, dezassete e dezanove para o que se escreve em pt-BR quatorze (também catorze), dezesseis, dezessete e dezenove.
  • Nacionalidades e lugares. Alguém que nasceu na Polónia é chamado de "polaco" em Portugal e de "polonês" ou de "polaco" no Brasil. O mesmo vale para "israelita", "canadiano" e "palestiniano" (em pt-PT), que no Brasil se designam como "israelense" ("israelita" no pt-BR é quem professa a religião judaica ou israelita), "canadense" e "palestino", respectivamente. E "Médio Oriente", em pt-PT, é escrito no Brasil como "Oriente Médio", assim como "Singapura", "Jugoslávia" (actual Sérvia e Montenegro) e "Vietname" em pt-PT, são escritos "Cingapura", "Iugoslávia" e "Vietnã" em pt-BR.
  • Siglas. A "SIDA" lê-se, em ambos pt-BR e pt-PT como "Síndrome da Imonudeficiência Adquirida". No entanto, no Brasil, a leitura da sigla como "AIDS", embora proveniente da sigla em língua inglesa (Acquired Immunodeficiency Syndrome), é de uso comum e é perfeitamente compreensível em um diálogo. De forma similar, a leitura da sigla "ADN" (ácido desoxirribonucléico) é igual em ambos os países, embora ao menos no Brasil também seja de uso comum a forma inglesa, "DNA". Ocorre o inverso com a sigla da Organização do Tratado do Atlântico Norte, cuja sigla é preferida no original em inglês (NATO) no pt-PT e traduzida para sua equivalente em português (OTAN) no pt-BR.
  • Uso do trema no Brasil. As sílabas "qüe", "güe", "güi" são usadas no Brasil para indicar que o "u" é lido, mas não em Portugal e África (escreve-se simplesmente "que", "gue" ou "gui"), apesar de ser lido da mesma forma. Exemplo: pt-BR "agüentar", "freqüente", pt-PT "aguentar", "frequente". É fundamental observar que a regra brasileira determina o uso do trema, mas ela não é seguida por muitos. Há até veículos de comunicação que aboliram por si próprios o sinal (Revista IstoÉ, por exemplo). O acordo ortográfico de 1990, que talvez seja adoptado em breve, prevê a completa abolição do trema na escrita do português.
  • Variações de léxico e sinalização. As placas de trânsito que indicam parada/paragem obrigatória são escritas, em Portugal, como no inglês "STOP", enquanto no Brasil são escritas como "PARE". "Caminhonete" (ou também "Camioneta" ou "Perua"), em pt-BR, significa, em pt-PT, "carrinha" ou "camioneta". "Sedã" em pt-BR equivale à denominação "berlina" em pt-PT; "Ônibus", em pt-BR, equivale a "autocarro" em pt-PT. "Equipe", "console", "tela", "câncer" e "terremoto", em pt-BR, significam "equipa", "consola", "ecrã", "cancro" e "terramoto" em pt-PT, respectivamente.
  • Acentuação variável. Devido à pronúncia padrão de cada país, as vogais "o" e "e" antes das consoantes nasais "m" e "n", quando tônicas, são fechadas no Brasil e abertas em Portugal e África. Ex. pt-BR "Mônica", "Antônio" e "econômico", pt-PT "Mónica", "António" e "económico". No Brasil, as palavras terminadas em "éia" têm o "é" do ditongo "ei" acentuado, mas não no português escrito na África e Portugal. Assim, escreve-se "Assembléia" e "Européia" no pt-BR e "Assembleia" e "Europeia" em Portugal. Também no Brasil utiliza-se o acento circunflexo no penúltimo o (fechado) do hiato oo: "vôo", "enjôo", "abençôo", "perdôo", etc. Em Portugal: "voo", "enjoo", "abençoo", "perdoo".
  • Significados diferentes. Algumas palavras têm significados diferentes nos dois países. Alguns exemplos:
  1. No Brasil, "puto" é uma gíria para prostituto no sentido pejorativo, e em Portugal significa apenas uma criança do sexo masculino.
  2. Em Portugal, "bicha" pode ser o que os brasileiros entendem por "fila", muito embora a palavra também tenha o significado brasileiro de homossexual.
  3. No Brasil, "banheiro" é o que em Portugal se chama "casa de banho"; em algumas zonas de Portugal, "banheiro" é o que os brasileiros chamam de "salva-vidas" ou "guarda-vidas". "Salva-vidas" também é usado em Portugal.
  • Datas. No Brasil, os meses são escritos com letras minúsculas (janeiro, fevereiro, etc.) e o primeiro dia de cada mês recebe uma menção especial como em 1º de abril. Em Portugal, meses com letra maiúscula e sem diferença entre primeiro dia do mês e os outros (ex. 1 de Março).
  • Novos Países e cidades do mundo. Devido ao português não ter tido gestão centralizada, alguns novos países têm nomes um pouco diferentes nas duas versões. Em relação aos países de língua indo-iraniana, em Portugal e África optou-se pela forma tradicional de tradução em que "an" torna-se "ão". No Brasil, no entanto, a terminação "an" é adaptada diretamente à fonética da língua portuguesa, em que "an", lê-se e torna-se "ã". Exemplos, pt-PT: "A capital do Irão é Teerão"; pt-BR: "A capital do Irã é Teerã". No entanto, há excepções e no Brasil certas localidades/países ficam na forma tradicional igual à de todos os demais países, exemplos: "Paquistão" e "Afeganistão".

Erros

Há diversos erros (incluindo o uso imoderado de estrangeirismos e de palavras estrangeiras desnecessárias) que são mais comuns em Portugal e outros que são mais comuns no Brasil. Todos os erros devem ser corrigidos, mesmo os que são característicos ou particularmente frequentes em certos países ou regiões. Como fonte de cultura que é, a Wikiversidade deve zelar por utilizar correctamente a língua portuguesa nas suas diversas variantes.

Lista de equivalências

Para facilitar a leitura da Wikiversidade em português, foi criada uma lista de equivalências em: wikt:Wikcionário:Versões da língua portuguesa/Tabela de termos e palavras. A lista pode ser colocada numa janela ao lado da janela de leitura e consultada sempre que houver necessidade.

Você também pode utilizar para consulta o Wikcionário ou algum dicionário mais completo na internet:

Preferências

Há também preferências (neste caso, não são diferenças) no uso gramatical.

  • Gerúndio vs infinitivo: Enquanto que um português a norte do rio Tejo ou outro optaria por dizer: "Estou a comer", um português a sul ou um brasileiro, optaria por "Estou comendo". Isto funciona sempre com o verbo Estar; com outros verbos usa-se o gerúndio no segundo verbo ou não, ex: "vou indo". "Vou a ir" é visto como estranho, é erro gramatical e nunca usado. Enquanto que "continuo a rir" e "continuo rindo" são ambos aceitos.
  • Outro facto, digno de menção, relativo à colocação pronominal:
    • Os portugueses usam bastante a mesóclise ("dar-te-ei") na escrita, na fala "te darei" é bastante comum. No Brasil há a tendência do uso da próclise ("me dá"), onde os portugueses usam a ênclise: "dá-me"
    • A próclise é usada no português-padrão, seguida rigorosamente em Portugal, e é aplicada depois de, por exemplo:
      1. que, porque, quando, quanto, qual, como, quem, já, sempre, também, etc. ex: "que se escreve", "já se escreveu assim"
      2. Numa negação, ex: "nunca te escrevi", "não te escrevi".
      3. Quando o sujeito é Deus, ex: "Deus te ama", o que constitui uma excepção.

Diferenças locais

Como qualquer língua muito popular, essas diferenças não esgotam a variedade da língua portuguesa, que inclui, além das duas grandes normas escritas, inúmeras variações locais, algumas suficientemente importantes para serem consideradas no mínimo subdialetos. Isto acontece quer em Portugal, quer no Brasil, quer nos outros territórios lusófonos. Essas diferenças não são consideradas relevantes pela Wikiversidade.


Ligações externas