Introdução ao Jornalismo Científico/Metodologia e Filosofia da Ciência/Atividade/Wilma Barrionuevo

Fonte: Wikiversidade


Nome da atividade[editar | editar código-fonte]

Esta seção apresenta a tarefa principal do Módulo 1 do curso de "Introdução ao Jornalismo Científico". A realização da tarefa é indispensável para o reconhecimento de participação no curso. Seu trabalho estará acessível, publicado no ambiente wiki, e será anexado ao certificado de realização do curso, quando finalizar todas as atividades. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.

Descrição da atividade[editar | editar código-fonte]

Atuar no jornalismo científico é às vezes comparado ao de ser um tradutor, no jargão da área da comunicação um 'tradutor intersemiótico', que passa a linguagem de um campo para o de outro campo. Nesta atividade, vamos observar e analisar como isso foi feito em uma das principais publicações acadêmicas brasileiras, a Pesquisa FAPESP.

Você deverá selecionar um artigo na revista Pesquisa FAPESP. Estão acessíveis na página principal da publicação. Escolha um artigo sobre um tema de pesquisa - ou seja, que seja baseado em uma ou mais de uma publicação científica - e leia-o com cuidado. Responda às perguntas que seguem.

As respostas deverão ser publicadas nesta página individual. Apenas altere os campos indicados.

Nome de usuário(a) Wilma Barrionuevo[editar | editar código-fonte]

Wilma Barrionuevo

Link para a matéria selecionada[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, você deverá colocar os links da matéria selecionada. Esteja logado.

Resumo da matéria[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, resuma a matéria em até 300 caracteres. Esteja logado.

Estudo realizado pela pesquisadora Veridiana de Rosso, na Universidade Federal de São Paulo, indica que a fruta nativa juçara (E. edulis), apresentou níveis elevados de antocianina, de efeito antioxidante, que beneficia a microbiota intestinal, com potencial para ser usada no tratamento da obesidade.

Análise da matéria[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, identifique e analise com base na matéria: o objeto e a metodologia (observação, hipótese, experimentação, análise e publicação) da pesquisa. Esteja logado.

Objeto: O objeto do presente estudo definiu-se por etapas. Primeiramente, buscou verificar a presença de antocianina na polpa da fruta nativa juçara (E. edulis). Pesquisas posteriores, realizadas ao longo de 10 anos, tiveram como objeto o estudo da ação da antocianina no organismo, a qual foi avaliada inicialmente em ratos. No entanto, levantamentos bibliográficos trouxeram também resultados verificados com humanos.

Metodologia:

Hipótese: a juçara, palmeira encontrada na Mata Atlântica (euterpe edulis), apresenta características morfológicas semelhantes ao açaí do Pará (Euterpe oleracea), o qual encontra-se incluso na categoria de superalimento.  Rico em polifenóis, principalmente em antocianinas, estudos apontam que o consumo frequente da fruta do Açaí do Pará pode prevenir até mesmo o envelhecimento precoce e fortalecer o sistema imune, por ser uma fonte calórica, rica em antioxidantes e nutrientes com poder anti-inflamatório, conseguindo contribuir de forma benéfica para a saúde de diversas formas. Assim, o presente estudo teve como hipótese a possibilidade de encontrar concentrações expressivas de antocianina também na juçara da Mata Atlântica. A segunda hipótese seria a obtenção de benefícios nutricionais semelhantes aos verificados no açaí do Pará.

Procedimento metodológico: Verificou-se, durante 16 semanas, três grupos de 15 camundongos que receberam uma dieta hipercalórica, sendo que um deles recebeu uma porção de polpa desidratada de juçara equivalente a 0,5% da dieta e outro uma porção de 2% da dieta. Foram medidos cinco indicadores de inflamação no tecido adiposo de cinco regiões do corpo.

Resultados e Conclusão: No intestino, a concentração de interleucina-10 (Il-10), proteína que promove a inflamação, caiu cerca de 20% no grupo com 0,5% da dieta com polpa de juçara — já no grupo com 2%, o efeito não foi observado. Dessa forma, conclui-se que a dose menor de juçara diminui a inflamação de forma mais efetiva. Além disso, um achado de grande relevância aponta que a jussara apresenta uma concentração de antocianinas até quatro vezes maior do que o açaí, além de conter um teor alto de fibras e ácidos graxos mono e poliinsaturados, que agem de forma sinérgica, beneficiando a microbiota intestinal.

Análise: Estudos anteriores, com pessoas, já haviam mostrado que a juçara ajuda a diminuir a inflamação do intestino, a equilibrar a microbiota e a perder peso. Em um deles, 18 obesos que consumiram uma porção de 5 gramas (g) de frutas da juçara desidratada, equivalente a uma bola de sorvete de 50 g da polpa fresca, apresentaram melhora em indicadores metabólicos em relação a um grupo de 17 obesos que não consumiram o preparado (segundo artigo publicado na Journal of Nutritional Biochemistry em 2020). No grupo que consumiu o preparado aumentou a concentração de colesterol bom (HDL) e diminuiu a gordura corporal. Além disso, dobrou a concentração de adiponectina, hormônio que ajuda a controlar a glicemia. Adicionalmente, o consumo da polpa da fruta também ajudou a equilibrar a microbiota. Houve um aumento da população de bactérias benéficas, entre elas as que produzem acetato, substância absorvida no intestino que melhora a sensibilidade do corpo à insulina (conforme resultados descritos na revista European Journal of Nutrition em 2020).

Análise da pesquisa[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, acesse a(s) pesquisa(s) de origem, de base para o artigo na Pesquisa FAPESP, identifique e analise a seção metodológica. Em especial, explique em que medida o processo de pesquisa foi bem documentado no artigo que você selecionou. Esteja logado.

Os relatos que constam no artigo da Fapesp expressam com eficiência os estudos realizados com a palmeira jussara, os quais mostraram grande potencial para combater a obesidade, prevenir o envelhecimento precoce e fortalecer o sistema imune, dentre outros benefícios importantes. O artigo acrescentou, aindaa, informações sobre importante projeto de pesquisa sendo desenvolvido por grupo de pesquisadores da ESALQ. De acordo com esse segundo projeto, as frutas nativas da Mata Atlântica como o cambuci (Campomanesia phaea O. Berg), a uvaia (Eugenia pyriformis Cambess.), a cereja-do-rio grande (Eugenia involucrata DC.) e a grumixama (Eugenia brasiliensis Lam.), embora pouco estudadas, apresentam grande potencial funcional e sensorial que podem ser explorados, especialmente em pequenas propriedades, com atividade relacionada à agricultura familiar, a qual exige diversificação de produtos. A caracterização destes frutos é a primeira etapa para entender o seu desempenho pós-colheita, avaliar sua aptidão para o consumo in natura e/ou industrialização e identificar suas propriedades funcionais. O acréscimo de tais informações agregaram importante valor ao conteúdo da matéria selecionada na Revista Fapesp.

Metáfora científica[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, reveja o conteúdo da aula sobre "A metáfora científica". No artigo da Pesquisa FAPESP selecionado, identifique quais foram as metáforas científicas ou cientificamente inspiradas utilizadas e justifique esse uso a partir das indicações da aula. Analise em que medida contribuem ou dificultam o entendimento da ciência. Esteja logado.

O texto do artigo já inicia-se com uma metáfora “Encontramos um easter egg!”, expressão que significa um grande achado. E outras metáforas são utilizadas ao longo do texto. Exemplos:

·        Uma pequena porção da fruta da juçara “ajudou” a diminuir a inflamação no intestino que está relacionada à obesidade.

·        A proteína que promove a inflamação “caiu” cerca de 20%.

·        Uma porção de 5 gramas (g) de frutas da juçara desidratada,...equivalente a uma bola de sorvete de 50 g da polpa fresca.

·        O preparado aumentou a concentração de colesterol “bom” (HDL)

·        Houve um aumento da população de “bactérias benéficas”.

·        Dentre outros exemplos.

Justificativa de uso da metáfora: No âmbito da educação formal, o uso metafórico pode gerar um efeito ambíguo. Ao mesmo tempo que pode contribuir para ampliar o conhecimento da população a respeito de um termo científico, pode ensejar o uso equivocado desses termos em um contexto de aprendizagem científica.

Filosofia da ciência[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, reveja o conteúdo da aula sobre "Ciência e Filosofia". Discorra sobre em que medida o artigo da Pesquisa FAPESP que você selecionou coloca questões filosóficas e apresente exemplos extraídos do texto. Esteja logado.

A utilização de produtos naturais pode ser bastante controversa do ponto de vista científico. Existem os produtos de efeitos cientificamente já comprovados e existem os “saberes populares”, que são considerados como protociência porque milhões de usuários em todo mundo atestam obter benefícios dos respectivos usos. Assim, muitos pesquisadores, buscando respeitar o que ainda não se conhece, lidam com a ciência utilizando uma linguagem cuja construção seja socialmente negociada e aceita.

O Brasil é provavelmente o mais importante celeiro de produtos naturais em todo mundo. E são milhares os artigos científicos publicados anualmente na área. No entanto, quando se trata de fitoterápicos o uso indiscriminado desses produtos pode ser considerado como pseudociência, visto que várias indicações de uso para a melhoria da saúde física e emocional não têm ainda comprovação científica. Recentemente a mídia trouxe o caso de duas jovens, uma cantora e uma modelo, que morreram por acometimento de cirrose hepática devido à ingestão de misturas de ervas para emagrecer, às quais são vendidas de modo indiscriminado nas feiras livres e pela internet. Adicionalmente, temos publicações que trazem aplicações de utilização a partir da “sabedoria popular”, especialmente de povos da Amazônia. Algumas dessas aplicações foram comprovadas cientificamente, outras, não. Mas como comprovar cientificamente se um produto natural traz os benefícios esperados e, ao mesmo tempo, não fazem mal à saúde? O artigo da Fapesp selecionado para esta atividade traz ótimos exemplos de experimentos feitos com a Palmeira Jussara, os quais mostram as análises químicas dos produtos, bem como as ações sobre a microbiota e sobre o controle de peso e da diabetes. Precisamos que tais práticas estendam-se a mais fitoterápicos, para que possamos aproveitar o grande potencial que temos em biodiversidade em nosso País.

Referências

Artigos científicos

SOARES, J. C. et al. Comprehensive characterization of bioactive phenols from new Brazilian T superfruits by LC-ESI-QTOF-MS, and their ROS and RNS scavenging effects and anti-inflammatory activity. Food Chemistry. v. 281, p. 178-88. 3 jan. 2019.

INFANTE, J. et al. Antioxidant and anti-inflammatory activities of unexplored Brazilian native fruits. PLOS ONE. v. 11, n. 4, e0152974. 6 mai. 2016.

SOARES, J. C. et al. Phenolic profile and potential beneficial effects of underutilized Brazilian native fruits on scavenging of ROS and RNS and anti-inflammatory and antimicrobial properties.  Food & Function. v. 11, p. 8905-17. 5 set. 2020.

JAMAR, G. et al. Prebiotic potencial of juçara berry on changes in gut bacteria and acetate of individuals with obesity. European Journal of Nutrition, v. 59, p. 3767–78. 27 fev. 2020.

JAMAR, G. et al. Effects of the juçara fruit supplementation on metabolic parameters in individuals with obesity: A double-blind randomized controlled trial. Journal of Nutritional Biochemistry, v. 83, 108430. set. 2020.

SILVA, F. P. et al. . Journal of Functional Foods. v. 77, 104343. fev. 2021.