Saltar para o conteúdo

Wikinativa/Carajá

Fonte: Wikiversidade

Os carajás, também chamados karajá e iny mahãdu, são uma comunidade indígena formada por aproximadamente 2927 habitantes. Habitam a região dos rios Araguaia e Javaés, nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará.

Atenção: Em algumas partes do documento, Karajá esta escrito com "C" no início e "S" no final. Mas o certo é Karajá

Obrigado

Carajás
Casal de índios carajás com vestes típicas, no Primeiro Fórum Social Indígena - Bertioga 2005
População total

2927 habitantes

Regiões com população significativa
Vale do rio Araguaia
Línguas
Javaé, Xambioá e Karajá
Religiões
A comunicação dos carajas com o mundo cósmico é assegurada pela existência do xamã, cuja atuação é reconhecida sempre como ambígua: traz as curas e as entidades, mas pode trazer a doença e a morte.
Grupos étnicos relacionados
Kayapó,Tapirapé, Xavante, Avá-Canoeiro, Bororo e Apinayé

Localização

[editar | editar código-fonte]

O território dos Carajás é definido por uma extensa faixa do vale do rio Araguaia, que é sua referência, medindo cerca de dois milhões de hectares. Suas 29 aldeias estão majoritariamente próximas aos lagos e afluentes desse rio e do rio Javaés, assim como no interior da ilha do Bananal. Eles têm, ainda hoje, o costume de acampar com suas famílias em busca de melhores pontos de pesca de peixes e de tartarugas, nos lagos, nas praias e nos tributários do rio, onde, no passado, faziam aldeias temporárias, inclusive com a realização de festas, na época da estiagem do Araguaia. Com a chegada das chuvas, mudavam-se para as aldeias construídas nos grandes barrancos, a salvo das subidas das águas, onde, em alguns lugares, ainda hoje fazem suas roças familiares e coletivas, locais de moradia e cemitérios.

O subgrupo Karajá é formado pela comunidade de Aruanã (GO), pelas aldeias Santa Isabel do Morro, Fontoura, Macacúba e São Raimundo, no oeste da ilha do Bananal, por aldeias menores como São Domingos e também duas aldeias pequenas próximas ao rio Tapirapé, além de pequenos grupos depois da ponta norte da ilha, totalizando aproximadamente 1.500 pessoas (Braggio, 1997). O subgrupo Javaé, nas margens do rio Javáes (braço do Araguaia que contorna a margem oriental da ilha do Bananal) e no interior da ilha, tem por volta de 841 pessoas, distribuídas em seis comunidades nos municípios de Formoso do Araguaia, Cristalândia e Araguaçu (Braggio, 1997). O subgrupo Xambioá tem duas aldeias com 202 indivíduos (Braggio, 1997), no baixo Araguaia.

Mapa interativo

[editar | editar código-fonte]

Clique para ver no mapa


Os estudos históricos informam que os Karajá estiveram em disputa com outros povos indígenas como os Kayapó, os Tapirapé, os Xavante, os Avá-Canoeiro e, menos freqüentemente, com os Bororo e Apinayé, no intuito de salvaguardar seu território. Como resultado deste contato, houve a troca de práticas culturais entre os Karajá, os Tapirapé e os Xikrin (Kayapó). Com relação ao contato com a sociedade nacional, os textos históricos informam ter havido duas frentes de contato com a sociedade nacional. A primeira é representada pela missões jesuítas da Província do Pará, assinalando a presença do Padre Tomé Ribeiro em 1658, que se encontrou com os Karajá do baixo Araguaia, provavelmente os Xambioá (ou os Karajá do Norte, como preferem ser chamados). A segunda frente de contato está relacionada com as bandeiras paulistas rumo ao Centro-Oeste e Norte do Brasil, como a expedição de Antônio Pires de Campos, que se estima ter ocorrido entre os anos de 1718 a 1746. A partir destas, várias outras expedições visitaram os Karajá ao longo dos anos e estes foram obrigados a manter um contato constante com a nossa sociedade. Suas aldeias foram alvos fáceis de inúmeras frentes religiosas, planos governamentais, visitas de presidentes da República como Getulio Vargas (1940) e Juscelino Kubistchek (1960), construção de um hotel de turismo luxuoso e inúmeras visitas de pesquisadores, escritores e jornalistas que retornavam as suas cidades com objetos culturais, como artefatos plumários, remos e as características bonecas de barro feitas pelas mulheres, como é o caso do etnográfo alemão Fritz Krause (1908), do etnográfo norte-americano William Lipkind (1938), do escritor José Mauro de Vasconcelos (década de 60) e dos governadores de Goiás, Henrique Santillo (1988) e do Tocantins, Siqueira Campos (1989).

São três as linguas faladas pelos karajás: Javaé, Xambioá e Karajá, denominada por eles como inyrybe "a fala dos iny". Cada uma dessas línguas possui formas diferenciadas de se falar, variando de acordo com o sexo do falante. Em algumas aldeias, como em Xambioá (TO) e em Aruanã (GO), devido ao processo do contato com o homem branco, o português tem se tornado dominante.

Cosmologia e religiosidade

[editar | editar código-fonte]

Os Karajá concebem o universo como formado por três camadas: um mundo subaquático de onde surgiu a humanidade e onde habitam os idijaçós (entidades protetoras e antepassados míticos dos Karajá); o mundo terrestre, visível a qualquer um e morada dos atuais carajás; e o mundo das chuvas, onde moram entidades poderosas e destino das almas dos xamãs. A comunicação com esse mundo cósmico é assegurada pela existência do xamã, cuja atuação é reconhecida sempre como ambígua: traz as curas e as entidades, mas pode trazer a doença e a morte.

O sistema religioso dos grupos de língua karajá, por meio de um elaborado sistema ritual, manifestava-se durante o verão nas ijasò anaràky, uma vez que asseguram o contato da comunidade com os seus ancestrais longínquos, os ijasò, senhores dos animais do céu, da água e da terra. A atuação dos xamãs, da comunidade organizada e dos ijasò, traz o alimento para a aldeia. Os povos de língua karajá, conceitualmente, alimentam-se através da renovação dessa sua aliança com seu passado.

Essa concepção, de que a subsistência é garantida, entre outras coisas, por uma atitude religiosa correta, marca uma visão tradicionalista e bastante comum a respeito da disponibilidade dos recursos naturais.

A partir do início das chuvas e com a subida dos níveis do rio, os Karajá reúnem-se nas suas aldeias maiores, localizadas nas "barreiras" ao longo do Araguaia. É o tempo da caça, de se iniciar a preparação das roças, do milho verde, da colheita das roças e da coleta de diversas espécies vegetais.

Devido à perda de população e à mudança nas suas condições de vida em geral, os Karajá do Norte simplificaram sua vida cerimonial. Mantiveram, no entanto, suas festas de iniciação masculina, realizadas anualmente no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Nesse cerimonial, que marca a passagem de grau de idade de "meninos" para a de "rapazes", a aldeia é visitada por representações de kàralahuni, "espíritos de guerreiros Kayapó" (mortos em combate com os Karajá do Norte), que se associam aos iniciandos como espíritos protetores. Os kàralahuni são alimentados pelas famílias dos iniciandos, que lhes preparam o korotxu, bolo de beiju recheado com pedaços de peixe. Assim como os demais grupos de língua Karajá, os Karajá do Norte enfatizam a iniciação masculina realizando-a, igualmente, no auge para o final da estação das chuvas.

Aspectos Culturais

[editar | editar código-fonte]

Um elemento cultural característico dos carajás é a elaboração de tradicionais bonecas de barro zoomorfas ou antropomorfas. Em língua carajá, essas bonecas são denominadas ritxòò (na linguagem dos homens) e ritxoko (na linguagem das mulheres)5 . Em janeiro de 2012, as bonecas carajás foram reconhecidas oficialmente como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Situação territorial

[editar | editar código-fonte]

"Segundo Toral (op.cit. 1992, pg. 09), os primeiros contatos do povo Karajá com os não-indígenas aconteceram no final do século XVI e início do século XVII, intensificando-se no século XVIII quando suas aldeias da Ilha do Bananal foram invadidas por bandeirantes paulistas, que percorriam a região do Araguaia. Assim como ocorreu com outros povos, esse contato não se deu de forma pacífica, muitos Karajá foram mortos, outros levados a São Paulo para serem vendidos como escravos, pelas expedições escravistas.

Juridicamente são terras Karajá à parte sul da Ilha do Bananal e duas pequenas reservas no Estado de Mato Grosso. Vale ressaltar que existem invasões de posseiros e fazendeiros nestas áreas.

No final do ano 2000, os Karajá iniciaram uma luta pela ocupação total da Ilha do Bananal, fizeram uma retomada da sede do IBAMA, situada a três quilômetros da aldeia Macaúba. Atualmente a grande ameaça para o povo Karajá, é a Hidrovia Araguaia/Tocantins/Rio das Mortes, que faz parte do projeto do governo federal “Brasil em” “Ação”. O projeto pretende atingir uma extensão de 1.230 quilômetros, transformando os rios em grandes caminhos para o transporte, sobretudo de grãos, para os portos marítimos, nos estados do Maranhão e Pará." (TORRES, Maristela Sousa. Aruanã dos Karajá: Aspectos Narrativos do Imaginário Inã, p.2)

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_do_Bananal

http://www.carajas.com/wiki/index.php?title=Indios_Karaj%C3%A1s
http://pt.goldenmap.com/Caraj%C3%A1s_(tribo)
http://www.apublica.org/2013/02/awa-guaja-trem-vale-carajas/
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/karaja-do-norte/599
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caraj%C3%A1s_(tribo)
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/Com_IND_ST6_Baruzzi_texto.pdf